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A TEORIA DE ESTOQUES COMO RAMO DA PESQUISA ORGANIZACIONAL

Por:   •  7/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  3.487 Palavras (14 Páginas)  •  374 Visualizações

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A TEORIA DE ESTOQUES COMO RAMO DA PESQUISA ORGANIZACIONAL

1 INTRODUÇÃO

O surgimento do termo pesquisa operacional, conforme Arenales et al. (2011), está ligado à invenção do radar na Inglaterra em 1934, durante a Segunda Guerra Mundial, tendo como objetivo o desenvolvimento de metodologia para solução de problemas relacionados com as operações militares, como a interceptação de aviões inimigos, quando os Aliados se viram confrontados com problemas complexos de natureza logística, tática e de estratégia militar. Para apoiar os comandos operacionais na resolução desses problemas foram criados grupos multidisciplinares compostos por matemáticos, físicos, engenheiros e cientistas sociais. O que esses cientistas zeram foi aplicar o método científico, que tão bem conheciam, aos problemas que lhes foram sendo colocados. Desenvolveram então a ideia de criar modelos matemáticos, apoiados em dados e fatos, que lhes permitissem perceber os problemas em estudo, simular e avaliar o resultado hipotético de estratégias bem como propor decisões alternativas. Em 1941, foi inaugurada a Seção de Pesquisa Operacional do Comando da Força Aérea de Combate com equipes envolvidas em problemas de operações de guerra, como manutenção e inspeção de aviões, escolha do tipo de avião para uma missão, melhoria da probabilidade de destruição de submarinos, controle de artilharia antiaérea, dimensionamento de comboios de frota, entre outros.

No Brasil, a Pesquisa Operacional iniciou-se na década de 1960, e logo teve a fundação da SOBRAPO (Sociedade Brasileira de Pesquisa Operacional). (ARENALES et al., 2011),

O sucesso e credibilidade ganhos durante a guerra foram tão grandes que, terminado o conflito, esses grupos de cientistas e a sua nova metodologia de abordagem dos problemas se transferiram para as empresas que, com o vertiginoso crescimento econômico que se seguiu, se viram também confrontadas com problemas de decisão de grande complexidade.

O objetivo principal da PO, segundo Cardoso (2011), é determinar a programação otimizada de atividades ou recursos, fornecendo um conjunto de procedimentos e métodos quantitativos para tratar de forma sistematizada problemas que envolvam a utilização de recursos escassos. Para apoiar a tomada de decisão, a PO busca a solução de problemas que podem ser representados por modelos matemáticos.

Face ao seu caráter multidisciplinar, atualmente as contribuições da PO estende-se por praticamente todos os domínios da atividade humana, da Engenharia à Medicina, da Economia à Gestão Empresarial, se tornando um importante elemento inclusive nas metodologias de tecnologia da informação.

O presente trabalho visa abordar especificamente um ramo da PO, de grande relevância administrativa, que é a Teoria de Estoques. Por isso, são apresentados conceitos acerca da natureza, contexto e constância dos problemas de estoque, além de considerações sobre modelos de estoques.


2 PROBLEMAS DE ESTOQUE

2.1 NATUREZA DOS PROBLEMAS DE ESTOQUE

O termo ‘estoque’, comumente usado a materiais e produtos, “[...] consiste de recursos passíveis de serem usados, mas que se encontram, momentaneamente, sem aplicação”. (ACKOFF; SASIENI, 1977, p. 200). Esses recursos podem ser homens, materiais, máquinas ou dinheiro.

O problema de estoque existe quando a quantidade dos recursos pode ser controlada e quando existe pelo menos um custo que diminui à medida que o estoque aumenta. Nesse sentido, o objetivo pode ser minimizar o custo total ou maximizar o lucro, no caso do estoque afetar a procura. (ACKOFF; SASIENI, 1977).

As variáveis que podem ser controladas, isoladamente ou em conjunto, para um bom desempenho em estoques são apresentadas por Ackoff e Sasieni (1977), a saber:

- a quantidade adquirida: quanto foi adquirido mediante compra, produção ou outro meio. Este valor pode ser estabelecido para cada tipo de recurso isoladamente ou para todos os itens em conjunto. Decisões sobre o número de locais de armazenagem também afetam a quantidade de estoques.

- a frequencia ou época da aquisição: quantas vezes ou quando foi adquirido. O responsável pela decisão poderá ter controle sobre ambos os tipos ou apenas sobre um deles.

- o grau de acabamento dos itens estocados: quanto maior o grau de acabamento, menor será o atraso nos fornecimentos aos clientes, porém maior será o custo de manter o item em estoque. Do contrário, quanto menos acabado estiver o item, tanto mais tempo será necessário para preencher pedidos, mas o custo de estocagem será menor.

As variáveis que não podem ser controladas que aparecem nos problemas de estoque, também apresentadas por Ackoff e Sasieni (1977), são:

- custos de posse: aumentam em proporção direta a aumentos no estoque e no tempo que os estoques são retidos. O custo do capital investido é o componente mais significativo por tratar-se de uma despesa de juros, cuja determinação do valor exato exige quase sempre investigação cuidadosa. Também considera-se nessa variável as despesas administrativas e de registro (os estoques terão pouca utilidade se não existir meios de saber se o item do qual se necessita encontra-se ou não em estoque). Custos de movimentação (guinchos, empilhadeiras, pontes rolantes, mão-de-obra), armazenagem (aluguel, juros ou depreciação), seguro e impostos, depreciação, deterioração e obsolescência (especialmente no ramo alimentício) são custos de posse que precisam ser considerados.

- custos de falta no estoque ou de penalidade: surgem quando um item de que se necessita não existe em estoque. Medidas de emergência podem ser tomadas para assegurar as entregas no prazo, o que acarreta em maiores despesas de transporte, maiores custos de preparação ou horas extra, despesas administrativas ou custo de alteração de um programa de produção já estabelecido. No caso do não cumprimento da data de entrega pela falta de estoque, pode ocorrer o cancelamento de pedidos e a perda de vendas, ou, pela boa vontade do cliente, a mercadoria pode ser entregue com atraso e a falta não provoca uma queda na procura. Na primeira possibilidade, liga-se um custo fixo a cada falta, capaz de cobrir pelo menos o lucro perdido na encomenda. Na segunda, os custos são proporcionais tanto à quantidade que falta quanto à duração da falta.

- custos devidos a modificações na taxa de produção: incluem os custos de preparação que ocorrem quando se modifica a taxa de produção de zero para um valor positivo. Pode-se citar as despesas com a contratação e o treinamento de mão-de-obra adicional e com a demissão de pessoal. Nesse último, em grande volume, representa um ‘processo de aprendizagem’ para as novas forças de trabalho, o que poderá implicar em taxas de produção mais baixas.

- preços de compra ou custos de produção direta: o custo unitário dos itens pode depender da quantidade comprada, que pode ter descontos. Esse custo também pode diminuir devido ao aumento da eficiência dos operários e das máquinas na produção contínua e em grandes lotes.

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