Comunicacao Empresarial
Por: Hissachi Kurashima • 1/8/2016 • Resenha • 2.894 Palavras (12 Páginas) • 244 Visualizações
Umbanda e a Doutrina Espírita: Comunicação religiosa e o Capital social
Thais Kurashima
Graduanda da Universidade Estadual de Londrina
Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar sobre as religiões de Matriz Africana, que se desenvolveram no Brasil mais especificamente a Umbanda, sendo que a análise central desse trabalho é a comunicação religiosa como instrumento de capital social dos trabalhos desenvolvidos nas entidades sociais relacionadas às religiões Afro-brasileiras e a Doutrina espírita.
PALAVRAS-CHAVE: Comunicação Religiosa,; Umbanda; Capital Social.
1 Introdução
Esse trabalho visa discutir as dificuldades das religiões afro-descendes no Brasil a partir da comunicação religiosa e sua interface com outros assuntos relacionados ao desenvolvimento social mostrar, um lado pouco conhecido da religião afro que é o lado social ligado a caridade
A religião é o primeiro sentido de comunidade. E esse sentido de comunidade surge devido à experiência comum com os outros. Quando o sentido religioso de comunidade pode ser destruído, e com ele a fé e a integridade autêntica.
Analisamos então a partir dai que o pertencimento a uma entidade religiosa contribui na possibilidade de construção efetiva da cidadania, ao integrar o sujeito em ações da sociedade civil organizada. Segundo Raquel Paiva:
Por outro lado, a religião tem a função de promover a comunhão entre os indivíduos. Ela tem representado, através dos tempos e em toda a sorte de cultos, um papel normalizador e também aglutinador. Graças a ela os indivíduos chegam a constituir grupos, têm suas vidas regulamentadas por preceitos e disposições comportamentais que são partilhados e prometem concretizar na terra o paraíso celestial, ao menos no que tange à vida dos fiéis. (Paiva, 1998, p. 90).
2 Religiões Afro-brasileiras : Histórico no Brasil
A religião de origem africana é cultuada no Brasil desde o século XVI, trazida da África pelos negros, escravos, arrancados de sua terra para este país, que hoje, depois de tantas perseguições, lutas e desafetos podem cultuar seus Deuses de forma livre.
Roger Bastide
A cultura brasileira possui uma grande variedade de religiões e isso se dá por conta da miscigenação. Aproximadamente 45% da população Brasileira é composta de afrodescendentes, e recebeu ao longo de sua colonização imigrantes da Itália, Espanha, França, Japão e outros países, por isso mesmo, pode se dizer rico em diversidade cultural, decorrente a esse fato, é preciso considerar seus sistemas simbólicos, sua arte, ciência, linguagens, relações econômicas e a religião, que é o foco desse artigo.
As religiões africanas no Brasil oferecem uma diversificada gama de modelos, valores, ideais e uma rica simbologia segundo certa visão mística do mundo em correlação com o universo mítico e ritualístico.
A população negra trazida ao Brasil pertencia a diferentes civilizações e provinham das mais variadas regiões africanas. Suas religiões faziam partes de suas estruturas familiares, organizadas socialmente, ou a meios geográficos. Com o tráfico negreiro, sentiram-se obrigadas a decifrar um novo tipo de sociedade, baseada na família patriarcal, latifundiária e em regime de castas étnicas que segundo Pierucci(1996) são sistemas tradicionais, hereditários ou sociais de estratificação, baseados em classificações como raça, cultura, ocupação profissional.
Ao longo períodos de escravidão, mais precisamente trezentos e cinquenta anose oito anos, ocorreram muitas mudanças na economia brasileira, na sua estrutura social rural e urbana, e nos processos de miscigenação. Com a implantação da República, as religiões africanas sofreram com o impacto da modificação na estrutura demográfica, bem como novas estratificações sociais.
[...] uma vez que o negro seja camponês, artesão, proletário, ou constitua uma espécie de subproletariado, sua religião se apresentará diversamente ou exprimirá posições diversas, condições de vida e quadros sociais não identificáveis. (BASTIDE, 1989, P.31).
Ari Pedro Oro e Daniel F. de Bem (2008, p.302-306) afirmam que a perseguição e discriminação dos agentes praticantes das religiões afro-brasileiras resultaram das representações depreciativas e desqualificadoras sobre as etnias e cultura africanas, tidas como “primitivas” e “arcaicas”.
Não é intenção nesse artigo vitimizar os adeptos a tradição religiosa Africana, entretanto, é de conhecimento que ao decorrer da história do Brasil que a cultura Africana carrega o menosprezo, especialmente em sua herança religiosa. Sabemos também que não só os ritos religiosos africanos foram descriminados no Brasil, porém o fato de abordarmos a religião afro-brasileira nos faz enfatizar a religião de uma maneira ampla catalizadora para engajamento social.
2.1 Umbanda e a doutrina espirita
A origem das religiões afro-brasileiras remonta à vinda dos negros e escravos da África para o Brasil durante o período colonial. Essa herança religiosa e cultural dos ancestrais passa por um processo de “reconstituição”, no século XIX, junto aos escravos e negros libertos nas grandes cidades, como na Bahia, Pernambuco, Alagoas, Maranhão e Rio Grande do Sul, dando origem às diversas vertentes do candomblé PRANDI, 2000, p. 59).
Já o sincretismo dos orixás africanos com o catolicismo branco, com os símbolos indígenas e com o espiritismo kardecista dará vazão ao surgimento, no Rio de Janeiro, da Umbanda (PRANDI, 2004, p. 223), isto nas primeiras décadas do século XX. Prandi (2000, p. 59) ressalta o processo de “branqueamento” pelo qual passou a umbanda, como forma de apagamento dos marcadores étnicos africanos, processo que foi revertido a partir das década de 1960, vinculado à uma revalorização da cultura afro.
As principais religiões afro-brasileiras são o candomblé e a umbanda que desenvolvem significativa atuação no país, especialmente em São Paulo, no Rio de Janeiro, e na Bahia. A Umbanda é uma religião brasileira (Bastide, 1971) enquanto sincretismo nacional a partir de matrizes negras (candomblé) e ocidentais (Catolicismo, Kardecismo), é a umbanda também recente.
De acordo com o recenseamento do IBGE de 2010, apenas 0,4%
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