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Cultura organizacional: O Problema da sucessão na empresa familiar

Por:   •  9/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  9.330 Palavras (38 Páginas)  •  393 Visualizações

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Cultura organizacional:

O problema da sucessão na empresa familiar

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Resumo

Cultura organizacional não é um mito corporativo, ela também não é uma ferramenta a qual pode ser manipulada pelo gestor, ela tem vida e é uma variável importante para a compreensão do mundo dos negócios. Já as empresas familiares são pontos fáceis de visualização da cultura organizacional, principalmente durante o processo sucessório, além de ser também a base de muitas economias em vários países como o Brasil, por exemplo. É através da cultura organizacional que se compreenderá a relação muitas vezes antagônica entre família e negócios e como isso afeta a sucessão da empresa familiar, pois mostrará que a transição organizacional não é apenas uma mudança de liderança, é a modificação da percepção do negócio e a chegada de novos valores e crenças na organização, ou seja, é um processo de oxigenação da empresa, que muitas vezes pode permitir a perenidade de seu ciclo de vida ou pode ser o início do seu declínio.

Palavras chave: Cultura organizacional, família, negócio, sucessão


  1. Introdução

Cada vez mais a administração contemporânea busca solucionar conflitos através de novas metodologias e teorias para propiciar a perpetuação da organização. Para essa perpetuação, a ciência da administração muitas vezes tornou-se uma ciência multidisciplinar com o objetivo de atender uma determinada necessidade, num certo período de tempo e com isso, a administração ganhou várias faces e uma delas foi à face humanística.

Esse campo busca a compreensão do homem no âmbito organizacional, tenta entender o significado da sua presença e sua contribuição na organização. Dentro desse campo surgi a cultura organizacional como uma força invisível que ajuda a compreender as ações e comportamentos humanos nas empresas e no caso do objetivo deste trabalho, as empresas familiares e o problema da sucessão.

O trabalho tem por objetivo explanar como a cultura organizacional pode demonstrar as partes que compõem a identidade organizacional e com isso fornecer indícios de como preparar melhor o processo da sucessão nas empresas familiares. Para ilustrar o tema presente será oportuno um estudo de caso sobre uma pequena empresa familiar que está passando por um processo sucessório. Isso se justifica, pois o processo sucessório é geralmente complexo e envolve variáveis que estão ligadas à organização, como batalhas judiciais entre familiares e acionista, resistência à mudança de líder, imagem negativa do empreendimento causadas pela incerteza de continuidade da empresa, etc.

A cultura organizacional torna-se relevante porque ela pode dar uma visão interna das expectativas e dos medos que o processo sucessório pode causar na mesma e isso pode ajudar o fundador a preparar um planejamento adequado do processo sucessório, aumentando a probabilidade de continuidade da empresa.

  1. Cultura e sua gênese

Conhecimento, a necessidade de saber e de dominar é a grande mola propulsora da raça humana. O homem dominou os animais, cruzou os mares, quebrou paradigmas e muito mais em nome do novo e do poder de modificação que existe nele. Essa expedição chegou ao ponto onde o homem teve que se deparar com o seu semelhante, ou seja, deparou-se com o diferente, percebeu-se que todo mundo não é igual e todos têm seus costumes e visões deferentes sobre o mundo, a essas idiossincrasias chamou-se de cultura. A palavra de origem grega significa cultivar, os romanos a usaram o termo para denominar alguém sofisticado, erudito e refinado (SANTOS, J, 2004).  

Com o decorrer dos séculos, a busca de novas ciências e a compreensão do comportamento humano e sua capacidade de relacionar-se com outros indivíduos ressurgiu com o iluminismo e o aprofundamento das neociências da época.  

No limiar do século XXI a interação entre vários países, a formação de arranjos preferenciais, o comércio exterior e o surgimento de uma civilização mundial retomam a temática da cultura como fator crítico para a política, economia e a  sociedade pós-moderna. A cultura está em destaque no cotidiano da vida moderna, surgi como várias camadas dos relacionamentos humanos. O indivíduo está envolto de sua cultura familiar, ele é membro de sua rede de relacionamentos pessoais, faz parte da cultura do seu trabalho e ainda é membro ativo da cultura de sua região.

Assim, surgi à concepção do homem social no qual “Nenhum homem é uma ilha auto-suficiente, cada um é parte do continente” (DONNE, J apud BARELLI; PENNACCHIETTI. S, 2001, p. 599) Ele está inserido num contexto no qual influencia e é influenciado pelo meio, logo, o homem social e a cultura apresentam-se numa linha tênue que acaba se mesclando e vai sofrendo alterações de acordo com mudanças biopsicossociais.  

No campo das ciências sociais, a cultura está ligada a uma herança social holística, onde um conjunto de conhecimentos, características e formas de expressão e interação  de uma sociedade são aceitos e compartilhados pelos mesmos. Neste caso, a cultura se divide em uma cultura objetiva, que se refere à cognição erudita e popular de um povo, enquanto a cultura subjetiva está ligada a uma parte mais visível onde se expressam as crenças, artes, religião e outros ritos da coletividade (MARRAS, 2000).

A sociedade contemporânea está envolta de organizações, é uma verdadeira sociedade organizacional, pois por onde se lançar o olhar nos deparamos com diversas organizações que possuem suas peculiaridades e que convergem para seus próprios objetivos ao mesmo tempo em que interagem entre si.  CURY explana bem a importância das organizações nos dias de hoje quando afirma que:

Hoje, podemos dizer que vivemos numa sociedade eminentemente organizacional. Nas sociedades complexas, o homem, em todas etapas de sua vida, desde o nascimento até a morte, depende das organizações, é controlado por organizações e nelas passa a maior parte de seu tempo (CURY. A, 2005, p.103).

As organizações existem sim para aumentar a sobrevivência do homem, mas não é essa a essência dessa união, o homem busca a união para entender no fundo a si mesmo, pois é através dessa união que ele busca o discernimento do que é certo, errado, como agir, quem ele é, porque está aqui, qual o sentido da vida, etc.

Apesar das organizações quererem chegar a um objetivo comum, cada membro busca seus próprios objetivos, pois todos têm suas próprias aspirações, sonhos e desejos, mas geralmente não possuem um parâmetro de como realizá-los.

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