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GOVERNANÇA CORPORATIVA E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Por:   •  8/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.391 Palavras (6 Páginas)  •  547 Visualizações

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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM CONTROLADORIA E FINANÇAS

TATIANNE YURI MORIOKA

GOVERNANÇA CORPORATIVA E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

PÓLO LIMEIRA- EAD

Mar/2018

A evolução nos padrões de consumo, fruto de uma sociedade cada vez mais globalizada e urbana, engendrou o crescimento das organizações empresariais e a complexificação de suas atividades. Ao mesmo tempo, a evolução da consciência dos stakeholders sobre os impactos ambientais e sociais provocados pelas empresas fez com que as demandas por transparência e responsabilidades sociais e ambientais crescessem também.

Desta forma, as novas necessidades deste intricado sistema de relações aumentaram a procura por uma maior estruturação e padronização administrativa, capazes de orientar as energias desses diferentes agentes e assim, permitir que a empresa alcance a excelência na sua gestão, gerando o máximo de valor possível para todos os envolvidos diretos e indiretos.

Neste cenário de cobranças e alta competitividade, cresce a importância da governança corporativa, definida por Lodi (2000, p.19 apud Lorenzi, Procopiuck e Quandt 2009, p.108) como o papel que o conselho de administração exerce para melhorar o ganho dos acionistas e arbitrar os conflitos entre acionistas majoritários e minoritários, auditores, conselhos fiscais, empregados, credores, clientes e demais stakeholders.

As boas práticas de governança corporativa focam na otimização do desempenho, no longo prazo, na sustentabilidade e na geração de valor econômico. São processos que não podem ser vistos como meras ferramentas técnicas, precisam ser internalizados na cultura organizacional da empresa, e para que isso ocorra, é necessário compreender a fragilidade das relações que sustentam a cadeia produtiva, é impossível permanecer no mercado de forma competitiva, sem considerar a escassez de recursos econômicos e ambientais e as necessidades dos stakeholders.

Ferreira (2004, p.34) evidencia os efeitos benéficos da governança corporativa ao apontar que numa pesquisa feita pela Mckinsey & Co. no ano de 2000, 80% dos acionistas entrevistados já se dispunham a pagar um preço mais alto por empresas americanas/europeias com fortes padrões de governança, sendo que este índice chegou a 83% para empresas latino-americanas. Estes números elevados revelam o grande apreço dos investidores por boas práticas de governança corporativa, algo perfeitamente compreensível, já que adotá-las diminui o risco para estes detentores de capital.

Assim, para adotar governança corporativa é preciso seguir quatro princípios:

  1. A Transparência ou Disclosure- segundo Godoy (s.d., p.17), trata-se da divulgação de informações importantes, não-confidenciais de forma clara e precisa. Um bom exemplo é a divulgação do código de conduta da GRSA, no qual estão explícitas as condutas que a empresa e seus funcionários tomam frente a situações como método de compras, no qual a empresa explicita como é o processo de seleção de fornecedores (GRSA, s.d., p. 11),  e qual a postura ao dar e receber presentes e brindes, no qual ela explicita que os funcionários não podem receber presentes e também limita os gastos com brindes (GRSA, s.d., p. 13-15);
  2. A Equidade ou Fairness- Godoy (s.d., p.18) define como o tratamento igualitário, sem políticas discriminatórias a todos os envolvidos e interessados no que diz respeito à proteção das informações contábeis. Ainda usando o manual de conduta da GRSA como exemplo, a empresa explicita qual a sua postura frente ao conflito de interesses de investidores e uso de informações privilegiadas, neste item ela esclarece que é proibido o uso de informações privilegiadas e orienta de forma claro sobre como proceder em caso de conflito de interesses entre investidores e gestores. (GRSA, s.d., p.12)
  3. A Prestação de Contas ou Accountability- Ao fazê-la, os agentes justificam a sua remuneração, eleição, e desempenho, além de interesses de curto prazo, esses atores precisam preservar a empresa adotando decisões que evitem danos sociais e ambientais. (GODOY, s.d., p.20). Um exemplo é a Amanco que busca investir continuamente em materiais de menor impacto ambiental, ela inovou ao substituir o tolueno, que pode causar dependências nos colaboradores e ao retirar o chumbo dos estabilizantes que produz, eliminando o risco de intoxicação em seus funcionários. ( BUSSLER et al, 2017, p.103)
  4.  A Conformidade ou Compliance- Para Godoy (s.d., p.21), este princípio objetiva garantir que as informações disponibilizadas pelas empresas obedeçam às leis da mesma forma que os regulamentos internos da corporação. Por exemplo, a Natura, que estabeleceu uma ouvidoria, um código de ética, princípios de relacionamento com os principais públicos, uma diretoria Jurídica e de Compliance e um canal de denúncias de corrupção, cujas denúncias são avaliadas por um comitê de ética. (Natura, p.35, 2017)

Aplicar todos esses princípios pode ser mais trabalhoso, mas é ao mesmo tempo, mais recompensador, uma vez que gera visibilidade positiva para a marca, aumentando a aceitação entre os consumidores, motivando os funcionários e atraindo mais investidores, uma vez que ela melhora a percepção do risco. A entrada de mais investimentos viabiliza o crescimento da empresa e garante uma existência saudável e longeva no mercado.

Como já fora dito, pensar em boas práticas de governança corporativa não envolve somente a questão de transparência de informações, disponibilização destas de forma equitativa e adequação à legislação, mas também implica, necessariamente, em pensar na escassez de recursos ambientais, nos impactos sociais e trabalhar o complexo e delicado relacionamento com os stakeholders. 

Ashley e Cardoso (2002 apud Ferreira, 2004, p.136) ressaltam que há um crescimento contínuo na conscientização da população consumidora, o que a faz procurar, cada vez mais, por produtos e práticas que gerem melhoria para o meio ambiente e/ou comunidade. Para tanto, o mundo empresarial pode e deve enxergar a responsabilidade socioambiental como uma ferramenta para aumentar os lucros, melhorar a reputação da marca e potencializar o seu desenvolvimento, posicionando-se de forma competitiva diante de uma concorrência progressivamente global e acirrada.

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