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O Elegante Controle do Trabalho

Por:   •  23/8/2021  •  Artigo  •  11.159 Palavras (45 Páginas)  •  93 Visualizações

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[pic 3][pic 4]www.scientiaplena.org.br        doi: 10.14808/sci.plena.2017.077101

O elegante controle do trabalho em “O Diabo veste Prada”

The dashing work control in “The Devil wears Prada”

A. V. A. Oliveira1*; M. R. M. Araújo2

1ProPsi – Desenvolvimento Humano, 49030-640, Aracaju-Sergipe, Brasil

2 Departamento de Psicologia, Universidade Federal de Sergipe, 49100-000, Aracaju-Sergipe, Brasil

*anav.andrade@hotmail.com

(Recebido em 16 de março de 2017; aceito em 21 de julho de 2017)

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O trabalho exerce papel real e simbólico na vida das pessoas, embora suas feições tenham mudado ao longo do tempo, decorrente de avanços científicos, tecnológicos, mercadológicos e sócio-culturais, os quais impõem novos desafios e exigências ao trabalhador contemporâneo. Este artigo objetivou ilustrar as características do Toyotismo, especialmente no que concerne ao gerenciamento das relações subjetivas de trabalho, e seus efeitos nos trabalhadores. Para tanto, foi realizada análise fílmica da obra cinematográfica “O Diabo veste Prada”, consistindo de: definição do objeto e tema de pesquisa; seleção, crítica externa e interna do filme; comparação e análise dos conteúdos. Após análise das cenas, constatou-se que a característica mais marcante deste modelo é a flexibilização e que o filme ilustra o que é exposto na literatura científica sobre essa temática, confirmando vivências de insegurança, individualismo e competitividade, amplamente difundidas no modelo toyotista. Espera-se clarificar aspectos deste modelo de regulação do trabalho, de forma a favorecer posicionamentos do psicólogo em sua atuação em contextos laborais.

Palavras-chave: Toyotismo, Flexibilização, Trabalho.

The work has a real and significant role in the people’s life, though its features have changed over time, due to scientific, technological, market and socio-historical advances, which impose new challenges and new demands on the contemporary worker. This article aimed to illustrate the characteristics of the Toyotism, specially on the matter of managing subjective labor relations and its efects on the workers. For that, it was made a film analysis of the cinematographic work “The Devil wears Prada”, consisting of: definition of the object and theme of research; film selection, external and internal rewiews; comparison and analysis of the contentes. After the scenes analysis, it was found that the most striking feature of this model is the flexibility and also that the movie illustrates what is presented in the scientific literature about this theme, what validates the experience of insecurity, individualism and competitiveness, which are widespreads in the Toyota model. It is expected to clarify the aspects of this work model, so that helps the positioning of psychologists in their practice in labour contexts.

Keywords: Toyotis, Flexibility, Work.[pic 6]

  1. INTRODUÇÃO

“A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida”. Diante desta constatação do escritor Oscar Wilde, pode-se refletir sobre o estabelecimento da relação entre o que é representado na ficção e o que acontece, de fato, na realidade. Assim, apesar de, muitas vezes, ser confuso qual fator ocupa as posições de agente influenciador e de aspecto influenciado, habita o senso comum que a arte é, em último caso, uma representação da vida real. Ainda que a investigação de temáticas em estudos científicos possa ser realizada de diversas maneiras, a utilização de obras – sejam elas literárias, cinematográficas, musicais, etc. – como objeto de análise, traz a possibilidade de ilustrar tais temáticas através da arte, a qual pode permitir maior aproximação e entendimento por parte do público acadêmico, profissional ou, mesmo, geral. Desta maneira, propõe-se utilizar uma obra cinematográfica como recurso para o estudo do trabalho do ponto de vista do modelo toyotista de gestão das relações de trabalho.

Os modos de produção e organização do trabalho como foco de estudo podem ser encontrados em diversas áreas do conhecimento, tais como no Direito, na Sociologia, na Administração e na Psicologia [1, 2, 3, 4, 5]. Evidentemente, cada área do saber tratará do tema de maneira singular,

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portanto, cabe à Psicologia associá-lo às influências e ao impacto na subjetividade e comportamentos do indivíduo. O interesse desta área por esse tema vem crescendo, no entanto, sabe-se que as práticas de formação brasileira, em nível de graduação em Psicologia, tendem a priorizar o estudo sobre o indivíduo [6] dando, muitas vezes, pouca importância ao seu entorno no que se refere aos aspectos sócio-históricos que acompanham a produção do fenômeno psicológico. Tal circunstância pode colaborar para a dificuldade em entender e associar fenômenos de ordem macro ao sujeito, limitando o conhecimento a respeito deste. Portanto, no âmbito da Psicologia Organizacional e do Trabalho, compreender os modos de produção e regulação do trabalho em nível sócio-histórico pode vir a contribuir para o entendimento dos comportamentos, pensamentos e sentimentos do indivíduo nesse meio.

O mundo contemporâneo do trabalho difere dos arranjos produtivos e laborais que o precederam sob diversos aspectos. A sua evolução veio acompanhada por mudanças científicas, tecnológicas, mercadológicas, sociais e culturais, as quais influenciaram e alteraram a forma como organização e trabalhadores se relacionam e se comportam. Destarte, ainda que a instituição do trabalho venha mudando ao longo do tempo, é incontestável o papel real e simbólico que este exerce na vida das pessoas. A realidade contemporânea do trabalho, suas regras e valores geram efeitos e consequências para o trabalhador. O desafio de modernização produtiva aumentou as exigências de velocidade e intensidade do trabalho, inovação contínua e competição, colaborando para a promoção de elevados níveis de estresse ocupacional [7], dentre outros efeitos.

Desta maneira, a fim de contribuir para que psicólogos – em formação ou no exercício da profissão – compreendam melhor o dinâmico jogo de forças sócio-históricas que operam sobre a inserção do indivíduo trabalhador nas organizações onde consubstanciam o seu trabalho, buscou- se ilustrar as características do contemporâneo modelo toyotista de produção, especialmente no que concerne ao gerenciamento das relações subjetivas de trabalho, bem como seus efeitos nos trabalhadores. Para tal, foi utilizada a obra cinematográfica “O Diabo veste Prada”, assumindo- se que a arte representa a realidade, e tendo em vista a lógica do modelo de acumulação flexível como sustentáculo para as discussões endereçadas às relações subjetivas de trabalho, detectadas na trama deste filme. Desta forma, reflexões para prevenção e intervenção em situações reais são possíveis.

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