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Um Toque de Clássicos Marx Durkheim Werber

Por:   •  8/6/2015  •  Resenha  •  1.802 Palavras (8 Páginas)  •  391 Visualizações

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Fichamento: QUINTANEIRO, Tânia, BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira e DE OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro. Um Toque de Clássicos Marx Durkheim Werber. Introdução. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

A marca da Europa moderna foi, sem dúvida, a instabilidade, expressa na forma de crises nos diversos âmbitos da vida material, cultural e moral. Foi no cerne dessas dramáticas turbulências que nasceu a Sociologia enquanto um modo de interpretação chamado a explicar o “caos” até certo ponto assustador em que a sociedade parecia haver-se tornado.

(Quintaneiro, 2003, p. 8).

A Sociologia, que tenta explicar as relações humanas, sempre foi uma ciência comprovada através de fatos históricos. Entretanto todo pensamento sociológico é baseado na observação seguido de questionamento. Nesse contexto, nada melhor que uma crise para estimular e comprovar novas ideias e pensamentos relacionados à vida humana. Em dado momento, na Europa, logo após a revolução industrial os seres humanos chegaram a um contexto de caos onde se depararam com questionamentos que não existiam anteriormente. Com a tecnologia se desenvolvendo a ponto de conceder ‘poder’ de manipulação ao homem, controle sobre a natureza, vieram transformações sociais importantes como a formação das cidades, o êxodo rural, conceito de metrópole e periferia, entre outros. Essas transformações geraram profundo desconforto por trazerem consigo doenças, fome, segregação. O Homem passou a questionar sua criação e o Criador.

O avanço do capitalismo como modo de produção dominante na Europa ocidental foi desestruturando, com velocidade e profundidade variadas, tanto os fundamentos da vida material como as crenças e os princípios morais, religiosos, jurídicos e filosóficos em que se sustentava o antigo sistema.

(Quintaneiro, 2003, p. 8).

Os clássicos, principalmente Marx destacam a capacidade do capitalismo para modificar estruturas, além da economia. Marx é um entusiasta do capitalismo e não subestima sua ação transformadora na maneira como as pessoas passaram a viver a partir da Revolução Industrial. Tanto foi influente que as pessoas passaram a questionar as bases que sustentavam o modelo de vida anterior, superando os limites da tradição em esferas morais, religiosas, jurídicas, etc.

As grandes transformações sociais não costumam acontecer de maneira súbita, sendo quase imperceptíveis para aqueles que nelas estão imersos. Mesmo os sistemas filosóficos e científicos inovadores entrelaçam-se a tal ponto com os que os antecedem que é difícil pensar em termos de rupturas radicais.

(Quintaneiro, 2003, p. 8).

A Revolução foi um marco porque alterou o modelo econômico vigente na Europa Ocidental, e consequentemente depois o resto do mundo. Mas trouxe com ela mudanças que se ocorressem levariam muito tempo, como modelo de produção, moradia, estruturas familiares, legislação, relações patrão-funcionário, toda uma vida moderna tal como vivemos hoje, tem suas bases lançadas na Revolução Industrial. Apenas uma mudança radical de ideologia seria capaz de gerar resultados desse porte.

Cenário de feiras periódicas, elas recebiam pequenos produtores locais e mercadores estrangeiros e, sob o manto de sua intensa atividade, albergavam uma população de mendigos, desocupados, ladrões, saltimbancos, piratas de rios e de cais, traficantes e aventureiros em busca de todo tipo de oportunidades.

(Quintaneiro, 2003, p. 9).

A ideia de uma imensidão de oportunidades na ‘cidade’ contrastou com a dificuldade encontrada por quase todos migrantes dos campos (antigos feudos) que acabaram marginalizados nas áreas desprestígios dos centros produtivos quando tinham emprego. Aos que não tinham, sobravam todas piores facetas da nossa sociedade, conseguir a vida de uma maneira diferente do que vender sua força de trabalho.

No carregado ambiente urbano, a pobreza, o alcoolismo, os nascimentos ilegítimos, a violência e a promiscuidade tornavam-se notáveis e atingiam os membros mais frágeis do novo sistema, particularmente os que ficavam fora da cobertura das leis e instituições sociais.

(Quintaneiro, 2003, p. 9).

Fatalmente os indivíduos instalados nessas situações se valeram de prazeres moralmente impuros como promiscuidades, isso trouxe problemas sociais como crianças abandonadas muitas vezes criadas pela igreja, outras repetindo o ciclo de pobreza e criando indivíduos que traziam perigos à sociedade como ladrões, etc.

A luta por melhores condições de trabalho, na Europa como na América, foi árdua, e novos direitos foram sendo aos poucos conquistados e acrescentados à legislação social e trabalhista em diversos países.

(Quintaneiro, 2003, p. 10).

Os movimentos fabris foram fundamentais para obtenção de direitos coletivos e desenvolvimento de uma jurisdição que trouxe conforto ao cidadão da cidade. Apenas com luta a ideia de que a cidade protegeria as pessoas pôde ser, ainda que parcialmente, alcançada. A organização do coletivo em prol do coletivo, mesmo nas camadas mais baixas da sociedade começou a surtir efeito também a partir da Revolução Industrial, com a criação dos primeiros sindicatos.

Mudanças também ocorreram, em distintos graus, na instituição familiar, tanto no que se refere ao status de seus membros segundo sexo e idade, como à natureza das relações pessoais e jurídicas entre eles. Em questões tais como o controle de propriedades por parte das mulheres, a relativa autonomia dos filhos, a abolição do direito de primogenitura houve avanços significativos, dependendo da dinâmica interna das sociedades.

(Quintaneiro, 2003, p. 10).

A relativização do pensamento levou ao questionamento de outras relações não mais regidas a partir da religião trazendo a vida novas relações como o amor romântico.

Com o advento da modernidade, certas instituições começaram a se consolidar e a adquirir importância - entre elas o amor romântico, o casamento por escolha mútua, a estrutura nuclear da família, o reconhecimento da infância e mesmo da adolescência enquanto fases peculiares da vida.

(Quintaneiro, 2003, p. 11).

Alguns avanços só foram possíveis passando por períodos de caos como à época das primeiras fábricas, de certo modo até mesmo as mortes ocasionadas pelo trabalho quase escravo de crianças e adolescentes moveram a sociedade a criar leis morais e jurídicas voltadas as necessidades peculiares dessas fases da vida humana. O olhar da sociedade mudou a partir desse cenário de horror, ainda que lentamente a humanidade foi avançando nas constituições dos direitos específicos de cada um.

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