A Dificuldade das Startups em Implementar uma Governança Corporativa
Por: Leandro Medina • 19/2/2018 • Dissertação • 1.751 Palavras (8 Páginas) • 548 Visualizações
A Dificuldade das startups implementarem uma governança corporativa em sua Gestão e as consequências dessa ineficácia
Cada vez mais o ecossistema de startups está ficando em evidencia, isso pelo fato dessas empresas estarem conseguindo grandes resultados em momentos de crise. Uma startup é uma organização construída para encontrar um modelo de negócios repetível e escalável.
Modelo de negócio é a forma como a empresa gera valor para os clientes. Um modelo escalável e repetível significa que, com o mesmo modelo econômico, a empresa vai atingir um grande número de clientes e gerar lucros em pouco tempo, sem haver um aumento significativo dos custos.
Invariavelmente essas empresas se dedicam a tecnologias inovadoras, com soluções que resolvem gargalos importantes dos mais diferentes segmentos atuantes.
A termologia startup, para referir-se a empresas recém-criadas e rentáveis, começou a ser popularizado nos anos 90, quando houve a primeira grande "bolha da internet". Onde diversos empreendedores com ideias inovadoras e promissoras, principalmente associadas à tecnologia, encontraram financiamento para os seus projetos, que se mostraram extremamente lucrativos e sustentáveis.”
De acordo com levantamento feito pela ABStartups (Associação Brasileira de Startups), em 2015, o número de empresas desse formato em desenvolvimento chegava a 4.151, contabilizando crescimento de 18,6% num período de seis meses. Todavia, um estudo realizado por uma aceleradora nacional revela um dado alarmante: 74% das startups brasileiras fecham após cinco anos de existência e 18% delas antes mesmo de completar dois anos.
Sendo que a razão do fechamento dessas empresas nem sempre é por falta de aporte ou investimento. Uma das principais problemáticas apresentadas pelas startups é a falta de gestores bem preparados e de políticas de governança bem difundidas no negócio
Para resolver esse problema, a adoção de algumas medidas de governança e compliance podem garantir o funcionamento sustentável do negócio. Na maioria das vezes, a aplicação desses modelos em empresas menores como as startups, que apresentam estruturas mais simples, não é usual, porém, pode levar a um crescimento organizado, gerando muitas oportunidades no futuro.
Com quem devo falar sobre esse assunto? Quando é a reunião? Quem participa dessa votação? De quem é a palavra final? Quem aprova esse orçamento? Crescer com governança corporativa, entre outras coisas, significa aprimorar os processos de administração da empresa. Isso se aplica a tomadas de decisão estratégicas, como iniciar um novo projeto, até contextos de impasse entre sócios ou diretoria. Já imaginou a dificuldade de bater o martelo quando dois sócios majoritários discordam?
Ou seja, a governança põe ordem na casa e coloca o trem nos trilhos. Ela é indispensável desde o início da startup : você vai ter muito menos trabalho que se for esperar chegar um investidor, para só então jogar a bagunça para debaixo do tapete.
Uma startup com governança corporativa tem bem mais credibilidade perante investidores. Alguns meios simples e possíveis para começar essa organização são a criação de diretorias temáticas (finanças, comercial, fiscal, etc), a instauração de um Conselho Administrativo ou um Conselho Consultivo, entregas de relatórios periódicos, ferramentas de gestão, auditorias independentes, entre outros.
A implementação de valores éticos internos nas startups, aliado à elaboração de regras e programas de governança corporativa, compliance e de gestão de qualidade também são altamente benéficos, na medida em que agregam valores importantes que geram uma boa reputação e gestão eficiente para as companhias.
Esses processos podem ser essenciais para garantir a sobrevivência das empresas e o desenvolvimento sustentável, impedindo que elas façam parte da melancólica estatística das startups que já começam com o destino de ser extintas. A implantação destes conceitos é um sinal claro de maturidade empresarial, que garante um diferencial competitivo no mercado e a sustentabilidade do negócio.
Um dos maiores erros de empreendedores das startups é pensar em governança corporativa como algo extremamente complexo e sofisticado; algo acessível apenas a grandes empresas e, em particular, às de capital aberto. Um dos fatores da baixa percepção de valor dessa importante dimensão da empresa se deve à desinformação.
Apesar das startups operarem, geralmente, de forma relativamente menos estruturada, no que tange a ausência de processos e controles, muitas vezes justificada pelo baixo número de funcionários e a dificuldade em contratar profissionais altamente qualificados, ou por conta de sua formação altamente técnica (principalmente no caso de startups de tecnologia) ou, ainda até pela falta de capital que contribua com a capacitação e desenvolvimento pessoal dos colaboradores e fundadores, a adoção de algumas medidas de governança podem servir como uma boa forma de garantir o bom funcionamento de sua startup.
Governança é um conceito bem amplo e abrange diversos aspectos, que passam pela relação societária, definição de fóruns de gestão e acompanhamento, desenvolvimento e cultura organizacional.
Para auxiliar de forma mais concreta os empreendedores nesta reflexão, destaco alguns passos básicos que podem auxiliar o gestor de startups a incluir a questão da governança. Vale ressaltar que a governança, em muitos casos, chega a ser 50% da chance de êxito de um empreendimento bem-sucedido. Assim como é um dos principais elementos demandados por investidores, que buscam mitigar o risco de seus investimentos
A primeira medida é estabelecer acordos. O empreendedor deve constituir, mesmo que em uma página, alguns acordos entre os sócios, que no futuro poderão evoluir para um acordo de acionistas/cotistas.
Externar a missão e os valores constituem o segundo passo. Nesta declaração, mesmo que de forma bem arcaica, deve constar quais são os valores, princípios e crenças que conectam o time. Deve ficar claro também, a serviço de que a empresa está (declaração de missão). Não é raro empresas acabarem nesse estágio, porque finalmente os fundadores/empreendedores começam a alinhar as próprias crenças e percebem que, com visões de mundo e biografias tão diferentes, podem ampliar mais a diferença entre eles do que exercer a complementaridade.
O terceiro momento está alicerçado na definição de papéis e responsabilidades. É muito importante separar o papel que o empreendedor desempenha como sócio, do papel de executivo. São duas posições diferentes, que podem até mesmo gerar conflito de interesse.
Colaboradores e equipes também devem saber claramente a quem respondem. Se um funcionário executa mais de um tipo de função em times distintos, ao receber demandas de vários lados, a capacidade de entrega desse funcionário pode ficar comprometida.
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