A RESENHA CRÍTICA: O Fetichismo da Mudança
Por: Rayane Parreira • 13/6/2021 • Resenha • 937 Palavras (4 Páginas) • 104 Visualizações
RESENHA CRÍTICA: O Fetichismo da Mudança
Rayane Parreira Resende
GREY, Christopher. O Fetiche da Mudança. Tamara: Journal of Critical Postmodern Organization Science, v. 2, iss. 2, p. 1-19, 2002.
O presente trabalho busca compreender a partir de uma análise crítica o artigo “O Fetiche da Mudança” (2002), produzido por Christopher Grey[1], sendo o seu objetivo propor inconsistências e falhas nos discursos da mudança e de seu gerenciamento. A partir das discussões o autor demonstra o conceito de fetichismo da mudança; as condições de mudança sem precedentes; a transformação de forma exacerbada da mudança organizacional; as dinâmicas de gerenciamento a partir das mudanças; e por fim, a dominância do discurso de modificações.
Grey (2002), demonstra na primeira seção do artigo o discurso da mudança como onipresente, estando presente no campo de discurso para modificações comportamentais dada a consequência de re-estruturação que é enfatizada no dia a dia. Deste modo, o autor apresenta o fetichismo da mudança como expresso sem precedentes; relacionados a tecnologia e a globalização e suscetível a intervenções.
No contexto da gestão empresarial, o discurso de mudança talvez seja um grande excesso, ou uma ferramenta retórica, que ajuda intensificar a sensação de turbulência. Tal discurso demonstra a ideia de senso comum, sendo ela a perspectiva de que, ou as empresas mudam, ou desaparecem; ou se lançam em uma onda de infindáveis transformações, ou serão ultrapassadas pelos concorrentes.
Em seguida, o autor abarca nas discussões sobre as crenças em tempos de mudança e as comodidades do indivíduo em relação ao passado, que traz a sensação de ser mais estável do que o presente. Além disso, Grey (2002) pontua a racionalização ocorrida nos últimos séculos, sendo caracterizada pela globalização e das mudanças de tecnologias, assim, retirando a concepção religiosa. Sendo assim, a partir das mudanças ocorridas, processa-se interferências no cenário cultural e histórico particular, que são fundamentos que se dão de forma coletiva.
Ainda de acordo com Grey (2002), para compreender a mudança devemos adotar uma visão natural, sendo ela baseada na percepção do sujeito e o ponto de vista do mesmo. O autor demonstra essa pontuação sem elevar as condições da mudança estrutural (cultural), anulando assim uma estrutura macro que parte de uma influência que abarca a coletividade, ou seja, a influência se dá em uma condição de exercício de poder coletivo.
O exercício de poder coletivo se dá em consequência a busca da coesão da sociedade que se faz presente em Instituições Sociais. O discurso da mudança transformou-se em forma de representar, interpretar e controlar a realidade.
Ademais, o autor centra a discussão na legitimação do fetiche da mudança, interligando a ideia de organização como algo diferente do seu ambiente e como uma necessidade de adaptação. Além disso, demonstra a ligação da teoria darwinista associando ao modelo ecológico populacional de Aldrich (1979 apud GREY, 2002), que insinua a que não há disposição para a gestão influenciar o sucesso ou o fracasso da adequação ao ambiente, e consequentemente demonstra a seleção de permanência de sobrevivência das organizações.
O teor darwinista de que o sucesso no mundo competitivo está reservado aos mais capazes de se adaptar às condições ambientais. Para isso, as empresas devem transformar a si mesmas de forma ordenada e estruturada. Na teoria razoável, mas na prática é diferente. De fato, não faltam casos de fracassos na implementação de processos planejados. Então, a justificativa para o fracasso são apontados: a liderança fraca, o pouco envolvimento da alta direção mas existem outras razões para os programas não funcionarem como considerar as relações sociais têm natureza não controlável. Por isso, as intervenções culturais ou comportamentais, são mais complexas no contexto organizacional.
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