APLICAÇÃO DO POKA-YOKE PARA MELHORIAS AOS CLIENTES UBER
Por: Luiz Henrique • 28/8/2019 • Pesquisas Acadêmicas • 3.563 Palavras (15 Páginas) • 220 Visualizações
Marco 3. Artigo
APLICAÇÃO DO POKA-YOKE PARA MELHORIAS AOS CLIENTES UBER
Ana Carmem de Sousa Paz, Ana Caroline de Paula Campos, Caroline dos Reis Silva, Dener Guimarães da Silva, Lara Renata Arantes de Souza Moraes e Luiz Henrique Faria Marins.
Orientador: Dra. Debora Souza Muniz da Costa
INTRODUÇÃO
Os seres humanos possuem a necessidade básica de se locomover e de se sentirem seguros. Quando ambas as necessidades não andam juntas, criam-se problemas para os dois lados. No Brasil, um dos países com os mais altos índices de crimes contra as mulheres, as mulheres sentem dificuldades para se locomoverem justamente por não se sentirem seguras, seja no transporte público ou individual, como o Uber.
O presente projeto visa corrigir esse defeito de segurança da Uber tanto para mulheres que desejam chamar uma corrida quanto para mulheres que desejam trabalhar com o aplicativo. Desta forma, haveria um aumento de demanda de passageiros e de oferta de carros, já que haveria mulheres interessadas em utilizar e trabalhar com o aplicativo.
Este projeto não entra no mérito da qualidade do transporte público, mas sim da necessidade de locomoção e como a falta de segurança atrapalha as mulheres. Essa dificuldade limita a capacidade de locomoção e flexibilidade de horários por partes delas, tendo em vista que o período da noite é evitado. Esta adversidade não apenas atrapalha a vida das mulheres como mostra a incapacidade da Uber de criar um aplicativo seguro em um país tão violento.
Será abordado a ferramenta Poka-Yoke, de Lean Manufacturing, como forma de rever estas falhas que advém de erros de planejamento da própria empresa. Dentre os “Sete Desperdícios do Lean Manufacturing”, será destacado o defeito da Uber, que no caso é não ser capaz de tornar o aplicativo seguro para as mulheres. A proposta inclui mudar as políticas e a forma de conduzir a segurança do aplicativo. Com este método podemos alcançar boa parte das metas sem que haja custo à empresa.
Utilizamos como referências bibliográficos pensadores que falam a respeito do Poka-Yoke, Nikkan Kogyo Shimbun e Shingeo Shingu são dois dos que utilizamos. Além de instalar o Poka-Yoke, será necessário reconstruir a imagem de insegurança que a Uber deixou no público feminino. Utilizamos textos acadêmicos dos doutores Jostein Pettersen, Diego de Jesus Pacheco e Paulo Ghinato.
Para analisar a política de segurança da Uber e seus riscos aos clientes, a presente pesquisa se organizou em torno de quatro tópicos. O primeiro item apresenta a definição das ferramentas de Lean Manufacturing, fazendo uma avaliação de seus conceitos, objetivo, forma de implementação e sua importância para o crescimento de uma empresa. Em segundo lugar, é feita a apresentação da empresa Uber. Num terceiro momento, é apresentada a metodologia utilizada para a identificação dos desperdícios e posterior aplicação da ferramenta Lean adequada para corrigi-los. No quarto momento são apresentados os resultados consequentes da implementação das ferramentas em todos os desperdícios encontrados.
1. Definição de Lean Manufacturing
O Lean Manufacturing, ou manufatura enxuta, é uma filosofia de trabalho que surgiu no Japão que tentava se reconstruir após o fim da Segunda Guerra Mundial. Esta filosofia foi criada por Taiichi Ohno, executivo da Toyota. Futuramente o termo “Lean Manufacturing” foi popularizado por James P. Womack e Daniel T. Jones no livro “A Mentalidade Enxuta nas Empresas Lean Thinking: Elimine o Desperdício e Crie Riqueza”.
Segundo Diego de Jesus Pacheco, Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), um amplo estudo sobre a indústria automobilística mundial foi realizado pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology, EUA), e evidenciaram as vantagens no uso do Sistema Toyota de Produção (Lean Manufacturing). O estudo evidenciou, entre outras questões, que o Sistema Toyota de Produção proporcionava expressivas diferenças em relação à produtividade, qualidade, desenvolvimento de produtos, e explicava o sucesso da indústria japonesa na época.
Não existe hoje no meio acadêmico uma definição do que de fato seja o Lean. Jostein Pettersen em seu artigo "Defining Lean Production: Some conceptual and practical issues” conclui que não há uma definição sobre o assunto mesmo entre os autores sobre o tema, tais como Ohno (1988), Shingo (1984), Monden (1998), Schonberger (1982), Feld (2001), Dennis (2002), Liker (2004), Bicheno (2004) e Womack & Jones (2003). Ainda assim, esta filosofia é amplamente utilizada no mundo corporativo.
O Sistema Toyota de Produção possui sete erros a serem combatidos, que são intitulados de “Os Sete Desperdícios”. São eles, produção em excesso, espera, processamento desnecessário, estoque, transporte, movimentação e correção (defeito). Este projeto visa corrigir, fazendo uso da ferramenta Poka-Yoke, o defeito da Uber: insegurança para o público feminino.
O Poka-Yoke é uma palavra japonesa que significa “A Prova de Erros”. Esta ferramenta foi elaborada por Shigeo Shingo na década de 60. O diretor da Toyota encontrava diariamente inúmeros problemas na linha de produção advindos de erros humanos. Sua solução foi elaborar uma ferramenta que preveniria tais erros e manteria a integridade do produto final.
Dave Lee, repórter de tecnologia da BBC News, em sua reportagem sobre o assédio que motoristas mulheres sofrem na Uber, traz diversos depoimentos de mulheres que sofreram assédio enquanto dirigiam. A violência ia de um “elogio” constrangedor a situações reais de estupros. Questionada, a Uber afirmou que repudia tais comportamentos e que anunciou um compromisso público para enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil, materializado no investimento de R$ 1,55 milhão até 2020 em projetos elaborados ao longo dos últimos 18 meses em parceria com nove entidades que são referência no assunto.
A ideia é fazer com que a própria Uber enxergue cada caso de assédio denunciado como um defeito no processo e o corrija para que isto não volte a acontecer. Segundo Paulo Ghinato, a empresa deve reconhecer que os trabalhadores não são infalíveis e deve haver um sistema à prova de erros. Tal sistema deve fazer com que o defeito deixe de existir por completo e não que apenas diminua.
Os problemas de segurança com as passageiras são parecidos com os das motoristas. Assédio, elogios desagradáveis, gestos obscenos e ameaças são situações que muitas mulheres já passaram ao fazer uso do aplicativo. Na análise SWOT deste artigo, é possível observar que a empresa tem a insegurança como fraqueza e ainda vive com a ameaça de regulamentações por parte do Estado. A falta de uma solução da Uber para o problema junto com o aumento de denúncia das mulheres somado com índice de violência contra a mulher no país pode influenciar algum membro do legislativo a propor um projeto de lei que determine as precauções que a Uber deve tomar. Como já aconteceu na cidade de Porto Alegre (RS) onde foi criada uma lei que obriga o Uber a ter 20% de mulheres como motoristas parceiras. Há o risco de essas regulamentações afetarem fortemente o lucro da empresa.
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