Administração sustentável no meio rural
Por: Licia Margarida • 9/11/2016 • Monografia • 5.348 Palavras (22 Páginas) • 396 Visualizações
INTRODUÇÃO
A discussão sobre o desenvolvimento sustentável tem estado presente em diversos setores da sociedade, sendo objeto de estudos, reflexões e debates tanto no âmbito acadêmico, como nos movimentos sociais, ONGs e mídia. A ideia de desenvolvimento sustentável tem sido construída a partir de observações e experiências, em contraponto a visão tradicional de desenvolvimento herdada do século XIX, que privilegia o crescimento econômico e a industrialização a todo custo.
A relação entre agricultura familiar e sustentabilidade surge desde a concepção do programa quando, em seus documentos originais, o PRONAF – Programa Nacional da Agricultura Familiar – é apresentado como propulsor do desenvolvimento rural, tendo como fundamento o fortalecimento da agricultura familiar como segmento gerador de emprego e renda, de modo a estabelecer um padrão de desenvolvimento sustentável que vise al alcance de níveis de satisfação e bem- estar de agricultores e consumidores, no que se refere ás questões econômicas e ambientais, de forma a produzir um novo modelo agrícola acional.
A espécie humana, assim como as demais formas de vida, depende do sistema de interação entre os elementos naturais (água, atmosfera, rocha, plantas, animais e solo). Para que as pessoas possam ter suas necessidades básicas atendidas é essencial o desenvolvimento econômico, especialmente para as populações de países pobres.
O desenvolvimento sustentável resgata os conceitos básicos de equilíbrio social, responsabilidade ecológica e a participação cidadã como partes do desenvolvimento. Nesse sentido, quando a população tem garantindo o direito á participação na formulação e implementação de projetos, programas e politicas publicas, aumenta a probabilidade da efetividade destas politicas.
A presente monografia está dividida em três capítulos: o primeiro trata da fundamentação teórica da administração rural observando a administração sustentável no meio rural, bem como suas perspectivas através do programa nacional da agricultura familiar; o segundo capitulo trata da natureza da pesquisa: o problema, a justificativa, os objetivos e a metodologia empregada: o terceiro capitulo trata dos resultados obtidos a partir das pesquisas de campo; e por fim são elaboradas as conclusões dos resultados obtidos.
CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O Programa Nacional da Agricultura Familiar – PRINAF – foi desenvolvido com o intuito de implantar, ampliar ou modernizar a atividade produtiva dos agricultores de pequenas propriedades, visando tanto o desenvolvimento sustentável quanto sua sustentabilidade.
O desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade são conceitos que devem ser analisados separadamente, já que individualmente são conceitos diferentes, já que determinado sistema pode ter parâmetros e indicadores sustentáveis.
1. Aspectos do desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade
- O desenvolvimento sustentável
O conceito de desenvolvimento sustentável é relativamente recente e seu significado ainda está em construção; porem a definição mais aceita é a que ele é “o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro” (Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – CMMAD, 1998).
Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.
De acordo com Denardi (citado em Wanderley, 2001), o termo desenvolvimento sustentável possui longa historia de construção. Segundo esse autor, entre a Segunda Guerra Mundial e meados da década de sessenta, não havia distinção entre desenvolvimento e crescimento econômico. No entanto, as condições de vida de muitas populações não respondiam a esse crescimento e em alguns casos até pioravam, mesmo quando os seus países haviam alcançado elevadas taxas de crescimento. Estes fatos provocaram “grande insatisfação com a visão do desenvolvimento como sinônimo do crescimento econômico” (Gomes, 2004). A ideia de desenvolvimento foi aos poucos incorporada a uma serie de aspectos sociais: emprego, necessidades básicas, saúde, educação, longevidade.
Mais recentemente, percebeu-se que as bases ambientais de qualquer progresso futuro poderiam estar sendo comprometidas por crescimentos econômicos predatório de recursos naturais e altamente poluentes. Segundo Denardi (2000) o crescimento está ligado ás capacidades dos indivíduos. Nesse sentido, ele está nas pessoas, e não nos objetos.
Para Romeiro (1988, p.20) “o desenvolvimento para ser sustentável, deve ser não apenas economicamente eficiente, mas também ecologicamente prudente e socialmente desejável”.
Ehles (citado em Otani, 2001) afirma que “a erradicação da pobreza e da misericórdia deve ser objetivo primordial de toda humanidade” e que a prática sustentável envolve aspectos sociais, econômicos, ambientais que devem ser entendidos conjuntamente. A técnica é meio necessário á condução do desenvolvimento sustentável. Segundo Veiga (1994), vários são os objetivos a serem alcançados pelo desenvolvimento sustentável quanto ás práticas agrícolas, destacando-se:
- A manutenção por longo prazo dos recursos naturais e da produtividade agrícola;
- O mínimo de impactos adversos ao ambiente;
- Retornos adequados aos produtores;
- Otimização da produção com mínimo de insumos externos;
- Satisfação das necessidades humanas de alimentos e renda;
- Atendimento das necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais.
No desenvolvimento agrícola sustentável, observa-se uma importante recomendação da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura – e do INCRA – Instituto de Colonização e Reforma Agrária (1994) – segundo os quais há uma necessidade de implementar uma politica cientifica e tecnológica especialmente em sistemas integrando agricultura e pecuária, em produtos tradicionais e nos produtos dependentes de muita mão-de-obra.
Também são recomendações desses órgãos (FAO/INCRA, 1994) a reestruturação dos serviços de extensão rural, a promoção da integração vertical agricultura-pecuária, o incentivo á rotação de culturas, a indução de praticas de controle integrado de pragas (MIP), a utilização da adubação orgânica, a conservação do solo e a utilização de sistemas agroflorestais.
1.2 A sustentabilidade
De acordo com Cavalcanti (1998), sustentabilidade significa a possibilidade de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema. Para se compreender os sistemas agrícolas atuais, deve-se observar sua sustentabilidade, pois “a agricultura é afetada pela evolução dos sistemas socioeconômicos e naturais” (Altieri, 2000, p.27).
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