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Amistad é o primeiro filme de Steven Spielberg

Por:   •  3/8/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.093 Palavras (5 Páginas)  •  291 Visualizações

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Amistad é o primeiro filme de Steven Spielberg para a “DreamWorks Pictures” (produtora do filme), lançado em 1997, escrito por David Franzoni. A história é uma produção baseada em um acontecimento verídico ocorrido no século passado. O diretor retrata um drama maniqueísta que relata a luta de um grupo de escravos africanos a bordo do navio homônimo deste filme. Em 1839, a escuna espanhola “La Amistad” é apreendida na costa americana próximo a Long Island, Nova Iorque (Hill, 1997/1998).  A escuna havia deixado Serra Leoa, território sob jurisdição inglesa, com escravos ilegalmente comerciados. Em Cuba, os escravos foram vendidos a dois espanhóis que se dirigiam para Porto Príncipe. No meio do translado, os escravos se amotinaram e tomaram a embarcação, exigindo que os dois espanhóis (que os haviam comprado) rumassem novamente para leste, em direção do sol nascente, ou seja, para a África. Durante o dia, o navio rumava para leste, e durante a noite os espanhóis o direcionavam para o noroeste. O navio encontrou, quando estacionou em costa americana, uma patrulha da marinha que apreendeu a embarcação e o caso foi enviado a julgamento. Por fim, a vitória é dos abolicionistas: os africanos são enviados novamente à África, junto com missionários que fundarão a American Missionary Society (AMA).

A maior parte da tripulação havia sido morta, e dois sobreviventes estavam sendo obrigados a levá-los de volta para a África. Porém, enganados pelos sobreviventes, após dois meses navegando desordenadamente todos são levados a Connecticut, costa leste dos Estados Unidos, onde são presos sob a acusação de assassinato. Inicia então um longo e polêmico processo envolvendo o norte abolicionista e o sul conservador e escravista, já prenunciando a Guerra de Secessão. Inicialmente os africanos são julgados pelo assassinato da tripulação e o presidente americano Martin Van Buren (Nigel Hawthorn), que busca a reeleição, é a favor da condenação dos escravos, pois assim agradaria tanto aos estados do sul (escravistas) quanto à Rainha Isabella II (Anna Paquin), da Espanha, que alega que tanto os escravos quanto o navio são seus e devem ser devolvidos. Num primeiro momento os abolicionistas vencem mas o governo apela, fazendo o caso chegar à Suprema Corte Americana. É nesse momento que o ex-presidente John Quincy Adams (Anthony Hopkins), um abolicionista não-assumido, sai de sua aposentadoria voluntária para defender os acusados.

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 A batalha judicial que envolve o julgamento de dezenas de escravos que buscam apenas voltar à sua terra natal, em liberdade, o interesse de todo o país e coloca em cheque o sistema judiciário norte-americano. Para os acusados trata-se pela luta em prol do direito mais básico da humanidade que é a liberdade, enquanto que para o sistema judiciário trata-se do julgamento de assassinos. É basicamente esta a questão de maior importância, filosófica e eticamente coloca-se em questão a busca pela resposta sobre o que é a liberdade. O julgamento ocorre 22 anos antes do início da Guerra Civil norte-americana cujas causas principais foram o expansionismo para o Oeste (devido a motivos como a crescente densidade demográfica, a construção de uma extensa rede ferroviária e a descoberta de ouro na Califórnia) e o agravamento das divergências entre o norte abolicionista, industrial e protecionista e o sul escravista, agrário e livre-cambista. O caso dos escravos do navio La Amistad é apenas o prenúncio de uma situação que se torna inevitável com a eleição, em 1860, do presidente abolicionista moderado Abraham Lincoln, resultando no separatismo sulista em 1861 e se transformando, até 1865, na maior guerra civil do Século XIX, resultando em mais de 600 mil, mortos.

Em sua própria época, o caso do La Amistad provocou comoções, era um evento que tocava com precisão em questões de acirrado debate na sociedade americana na primeira metade do século XIX: abolicionismo, humanismo, além dos embates políticos encarados por um período de (re) eleição e defesa de acordos internacionais posicionam o governo no centro do conflito. Acatar a Espanha (a imatura Espanha, caracterizada no filme pela infantilidade da rainha, que insiste na revisão do caso em favor dos fazendeiros caribenhos) e os interesses econômicos sulistas, ou apoiar as políticas morais que tomavam força com o crescimento da campanha abolicionista e com a pressão internacional (principalmente inglesa) pela extinção completa do tráfico atlântico. “Nós estamos usando esse episódio histórico para sondar profundamente em feridas dolorosas na busca de uma cura que deve ser em ultima instância mítica se não estritamente histórica”. (Dalzell, 1998, p.128).

Através desta trama de forte conteúdo emocional a parte dos detalhes históricos relevados ou acrescentados, é possível conhecer as condições de captura e transporte de escravos africanos para os trabalhos na América do Norte, a máquina jurídica americana de meados do século XIX.

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Amistad apresenta as imagens apenas sugeridas em O Navio Negreiro, de Castro Alves: “Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar...”, se no poema imaginamos, no filme visualizamos. Se no filme temos uma realidade distante historicamente na realidade ainda esbarramos com o preconceito e a discriminação em seus vários formatos (social, intelectual, econômica, racial).

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