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ESFORÇO TECNOLÓGICO DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO BRASILEIRA UMA COMPARAÇÃO COM PAÍSES SELECIONADOS

Por:   •  10/8/2021  •  Artigo  •  8.885 Palavras (36 Páginas)  •  133 Visualizações

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ESFORÇO TECNOLÓGICO DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO BRASILEIRA

UMA COMPARAÇÃO COM PAÍSES SELECIONADOS*

Graziela Ferrero Zucoloto** Rudinei Toneto Júnior***

RESUMO O artigo analisa o esforço tecnológico da indústria de transformação bra- sileira, em comparação a um grupo de países da OECD. As principais conclusões são: (a) o esforço tecnológico industrial nacional é limitado em comparação ao rea- lizado pelos países selecionados; (b) essa performance é válida para a maior parte dos setores nacionais; (c) essa diferença é mais significativa entre setores intensivos em tecnologia: produtos químicos, eletrônicos e informática; (d) a diferença entre a estrutura produtiva brasileira e das nações da OCDE também é responsável pelo baixo esforço tecnológico realizado pela indústria de transformação, porém com menor intensidade; (e) foi identificada uma correlação positiva entre esforço tec- nológico relativo e desempenho comercial, e uma correlação negativa entre esforço tecnológico relativo e controle estrangeiro na receita operacional líquida.

Palavras-chave: esforço tecnológico; P&D; competitividade; setores industriais

Código JEL: 030

TECHNICAL EFFORTS OF THE BRAZILIAN TRANSFORMATION INDUSTRY: A COMPARISON WITH A GROUP OF OECD COUNTRIES

ABSTRACT This paper analyses technological efforts of Brazilian industry in comparison with a group of OECD countries. The main conclusions are: (a) technological effort of Brazilian industry are lower than the effort implemented in

[pic 1]

* Artigo recebido em 24 de maio de 2004 e aprovado em 4 de maio de 2005.

** Professor doutor do Departamento de Economia da FEA-USP/RP, e-mail rtoneto@usp.br

** Mestre em economia pelo IPE/FEA-USP, e-mail graziela.fz@gmail.com

  1. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 9(2): 337-365, mai./ago. 2005

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OECD countries; (b) this is true for most industrial sectors; (c) this difference is higher in technology-intensive sectors: chemicals, electronics and computers; (d) the difference between Brazilian and OECD productive structure is also responsible for the relatively low technological effort of Brazilian industry; (e) there is a positive correlation between relative technological effort and commercial performance and a negative correlation between relative technological effort and foreign control in operational revenue.

Key words: technological effort; R&D; competitiveness; industrial sectors

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de inovações já fora identificado como fator intrínseco ao sistema capitalista por autores como Marx e, posteriormente, Schumpe- ter. Na visão schumpeteriana, a economia capitalista se baseia em um pro- cesso contínuo de introdução e difusão de inovações, tais como surgimento ou aprimoramento de produtos e processos produtivos, novas fontes de matérias-primas, novas formas de organização da produção e criação ou expansão de mercados. As inovações são entendidas como resultado da busca dos agentes econômicos por lucros extraordinários, gerando vanta- gens competitivas através da diferenciação em relação aos concorrentes.

Mais recentemente, os autores de tradição neo-schumpeteriana retoma- ram essas referências, considerando a existência de assimetrias entre firmas como fator essencial da dinâmica econômica e da criação de vantagem competitiva pelas empresas. Como Schumpeter, consideram que a necessi- dade de diferenciação permanente faz parte do processo de concorrência em uma economia capitalista dinâmica. Deste modo, as firmas apresentam performances tecnológicas desiguais e utilizam processos tecnicamente dife- rentes.

Alguns trabalhos de cunho neo-schumpeteriano buscaram mostrar, em- piricamente, a importância da inovação tecnológica como determinante fundamental da competitividade econômica.1 Em um artigo clássico, Pos- ner (1961) constatou que quando as empresas desenvolviam um novo pro- duto, criavam um monopólio exportador em seu país de origem até a entra- da de imitadores no mercado, sugerindo que a mudança técnica ocorrida em um país, e não originada nos demais, induz o comércio durante o perío- do de tempo que leva para o restante do mundo imitar esta inovação. Simi- larmente, Freeman (1963, 1965, 1968) apud Tigre (2002), ao estudar a in- dústria de plásticos, concluiu que o progresso técnico leva à liderança na produção dessa indústria, porque as patentes e os segredos comerciais dão ao inovador proteção por um certo período. Quando o produto inovador começa a ser imitado, fatores mais tradicionais de ajustamento e especiali- zação passariam a determinar os fluxos comerciais. O autor também verifi- cou que a liderança exportadora alemã no setor químico estava associada a pesados investimentos em P&D e que o domínio do mercado mundial de

bens de capital eletrônicos pelos Estados Unidos derivava de sua liderança tecnológica no setor. Esses estudos o levaram a concluir que o hiato tempo- ral entre inovadores e imitadores está positivamente relacionado à sustenta- ção do fluxo de inovações pelos inovadores e à fragilidade das externalida- des necessárias para inovar nos países imitadores.

No âmbito empresarial, pesquisas realizadas com dirigentes de empresas exportadoras sobre o papel da tecnologia na competitividade internacional mostraram que a diferenciação do produto é considerada um fator compe- titivo mais importante que o preço. Importadores europeus entrevistados nos anos 90 pelo Science Policy Research Unit, da Universidade de Sussex, afirmaram que cerca de 60% de suas importações envolvem produtos con- siderados únicos, nos quais o preço não é o principal fator determinante (Tigre, 2002).

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