Núcleo comum
Por: administracao33 • 28/4/2015 • Exam • 3.652 Palavras (15 Páginas) • 170 Visualizações
Núcleo comum,
Aula tema 2
Caderno de atividades
O Sistema de Bretton Woods e a Conformação do Mundo no Pós-Guerra: Países Desenvolvidos X Países Emergentes
Em julho de 1944, o mundo ainda se encontrava às voltas com a Segunda Guerra Mundial, e a Alemanha e o Japão ainda não haviam sido derrotados, mas todos sabiam que isso era somente uma questão de tempo. Os países aliados já discutiam como seria o mundo do pós-guerra; para definir como seria a nova ordem econômica após o encerramento das hostilidades, os Estados Unidos – com forte apoio da Inglaterra – resolveram organizar na cidade de New Hampshire a Conferência de Bretton Woods, com a participação de 730 delegados de 44 países, inclusive o Brasil.
O resultado da conferência foi o estabelecimento das bases que fariam dos Estados Unidos e seus aliados da Europa Ocidental os países mais ricos do mundo nas décadas seguintes. Na época, os Estados Unidos sozinhos já possuíam a maior economia do globo, com a maior produção de petróleo, de energia, de carvão, de manufaturados em geral e ainda detinham 80% das reservas de ouro de todo o planeta (GREEN, 1999). A União Soviética encontrava-se praticamente isolada em seu projeto socialista e, apesar de haver participado do encontro, pouco pôde influir em um desenho que tinha no capitalismo sua razão de ser.
A primeira das medidas decididas na conferência foi a criação do padrão de câmbio-ouro, a partir do qual o dólar transformou-se em moeda de referência mundial a uma cotação de $ 35 (trinta e cinco dólares) por onça-troy (o equivalente a 31,1 gramas de ouro). Isto fez com que todas as moedas do mundo passassem a ter o dólar como parâmetro, tornando a moeda norte-americana automaticamente a mais valorizada entre todas, dando origem àquilo que ficaria conhecido como padrão dólar.
A segunda medida foi a criação do Fundo Monetário Internacional, voltado para fomentar o desenvolvimento dos países, e do Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD) ‒ que depois viria a se transformar no Banco Mundial ‒, inicialmente voltado para a reconstrução da Europa. Os dois organismos têm até hoje os Estados Unidos como principal cotista e, consequentemente, detentor do maior poder de voto em ambas as instituições. Ao longo das últimas décadas, estes foram os principais organismos financeiros fornecedores de empréstimos a diversos países ao redor do mundo, estabelecendo regras e condições rígidas para a liberação de recursos.
Essas duas medidas ‒ a instituição do padrão dólar e a criação do FMI e do Banco Mundial ‒ determinaram o surgimento daquilo que ficou conhecido como Sistema Bretton Woods.
Outra ação importante daquele período foi decorrente da divisão da Europa no imediato pós-guerra entre os países sob influência norte-americana e os países que pertenciam à esfera da antiga União Soviética, dando início ao que viria a ser conhecido como Guerra Fria.
Preocupados com a possibilidade de países da Europa Ocidental se aproximarem dos soviéticos, tornando-se socialistas, os Estados Unidos resolveram adotar a proposta apresentada pelo general George Marshall. O Plano Marshall, como ficou conhecido, era uma proposta que previa a destinação, ao longo de quatro anos, de 13 bilhões de dólares (que seriam equivalentes a mais de 100 bilhões de dólares em nossos dias) em forma de assistência técnica e financiamentos diversos voltados principalmente para países como Inglaterra, França, Itália e Alemanha.
O apoio econômico, ainda que motivado por interesses políticos, garantiu aos países do bloco europeu ocidental um renascimento, que faria com que não só atravessassem as dificuldades da reconstrução do pós-guerra, como também que pudessem garantir à sua indústria e comércio um reflorescimento, o que se refletiu no alto padrão de vida de seus cidadãos nas décadas seguintes.
Do outro lado do mundo, no extremo Oriente, a Guerra Fria teve mais um capítulo com a Guerra da Coreia, em que países comunistas e capitalistas se enfrentaram de fato no campo de batalha, entre 1950 e 1953. O conflito fez com que os Estados Unidos enxergassem no Japão, vizinho da península coreana e da China comunista ‒ e originalmente destinado pelos aliados a tornar-se um país agrário ‒ um país de grande importância estratégica para seus interesses na região. A partir desta inflexão nos planos originais, o mesmo modelo aplicado para a Europa poucos anos antes foi reproduzido nas ilhas japonesas: empréstimos generosos e assistência técnica para que o país pudesse se reconstruir e atingir um alto nível de desenvolvimento.
Para países de menor importância estratégica, mas com mercados consumidores potencialmente interessantes, houve o incentivo para que indústrias de menor valor agregado, ou seja, sem tecnologia de ponta, pudessem ser instaladas, como foi o caso das grandes montadoras de automóveis, que chegaram ao Brasil, na metade dos anos 1950, acompanhadas de empréstimos feitos por grandes bancos internacionais. A outras nações ainda menores sobrou simplesmente o papel de fornecedoras de matérias-primas para as fábricas dos grandes países industriais.
Esta distinção criou no mundo daquele período uma divisão que ficaria conhecida por muitos anos como tendo, de um lado, os países ricos, ou desenvolvidos, e, de outro, os países do Terceiro Mundo, ou subdesenvolvidos, que eram os países de baixa renda.
A expressão Terceiro Mundo servia para indicar que existia também um Segundo Mundo, composto pelos países sob a influência da União Soviética, onde a lógica do capitalismo não se fazia totalmente presente.
Crise do Petróleo e Inflação Global
No início dos anos 1970, a distância entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos começou a aumentar significativamente. A renda das pessoas nos países subdesenvolvidos quase não se alterava, enquanto nos países ricos aumentou de maneira expressiva no período compreendido entre 1975 e 1990.
Também a partir dos anos 1970, um rearranjo no Sistema Bretton Woods ocorreu. Sobrecarregados pelos gastos com a Guerra do Vietnã e com um crescente desequilíbrio em sua balança comercial e em suas contas internas, os Estados Unidos perceberam que seus aliados começavam a abrir mão do dólar, comprando diretamente o ouro físico em seus estoques. Para salvaguardar sua moeda e o poder de hegemonia econômica que ela lhe garantia, o governo norte-americano resolveu acabar com a paridade dólar-ouro.
Em 15 de agosto de 1971, o presidente Richard Nixon tomou essa decisão, ratificada pelo FMI em 1973 (FIORI, 1999). O ouro não iria mais garantir o valor do dólar, e sim a palavra e a influência do governo dos Estados Unidos, respaldadas pelo seu tesouro nacional e pela emissão dos títulos da dívida do país, conhecidos como, treasuries.
...