O Tocqueville Stuart Mill.
Por: aydola • 7/7/2022 • Monografia • 810 Palavras (4 Páginas) • 81 Visualizações
Durante a leitura da parte de Tocqueville, tive muita dificuldade em entender os conceitos apresentados. Liberdade, individualismo e igualdade são ideais vagos, sem uma definição precisa, e o autor trabalha relações lógicas entre esses conceitos que me parecem ainda mais turvas. Por exemplo, na frase “Através da liberdade, os americanos combateram o individualismo que a igualdade ocasionava” não compreendo como a igualdade “causa” individualismo, e muito menos como a liberdade (livre para que?) combate o individualismo. Tocqueville também apresenta uma ideia de que a igualdade de condições é crescente e inevitável, o que não só se provou errado como não parece ter justificativa (ou eu não entendi o que ele quer dizer com igualdade de condições, se é algo como “negação do indivíduo”). A democracia com capitalismo na minha leiga opinião propicia uma desigualdade de condições muito grande. No entanto é mais eficiente (ou menos pior), sendo um sistema que propicia as condições para que o gato, sistematicamente, coma o rato.
John Stuart Mill, por outro lado parece fazer bastante sentido, quando faz um “elogio da diversidade e do conflito como forças motrizes por excelência da reforma e do desenvolvimento social”, mas neste ponto da leitura decidi me concentrar em ao menos entender qual problema esses dois cidadãos estavam tentando resolver, ao invés das soluções e previsões. Entendo que as soluções propostas são contribuições importantes para a forma como a sociedade se organiza hoje em dia, (que é a solução) mas isso não muda o fato de que a democracia é contraditória, incoerente e desagradável, como algo feito de retalhos que quase não se mantém inteiro. Contraditória pois propõe que o governo responda à vontade geral, que todos sejam representados, só para em seguida condenar a “tirania da maioria” (leia-se tirania da vontade geral).
Desta forma, o problema principal me parece estar na “inclusão das bases” e nessa tal tirania da maioria. O cerne parece girar em torno de um trade-off, de uma busca por equilibrar-se em uma balança as vontades dessas bases e de uma minoria. Mas quem é essa maioria da qual estão falando, e quais critérios definem essa proporção? Intuitivamente, acredito que a maioria seja ruim e fraca, enquanto minoria é forte. Observe como as distribuições de riqueza, produção criativa, produção industrial, todas concentram quase tudo nas mãos de poucos, nas chamadas distribuições de Pareto. Isso não ocorre por acaso, é algo natural, tautológico, pois toda a vitória única define ao menos um fracasso ou vários. Agora vou tentar ilustrar o trade-off do qual estou falando com peixes de aquário.
Imagine um cidadão que tem uma criação de peixes ornamentais, e que ele queira aumentar ao máximo o tamanho da barbatana caudal dos animais por meio de reprodução seletiva. É uma tarefa simples: de uma ninhada com vários peixinhos machos, escolhe-se os com a maior cauda para reproduzir com todas as fêmeas, e o resto vira comida de oscar (um peixe maior), e repete-se o processo. O trade-off está em quantos peixes o criador mata, se é uma fatia maior ou menor da ninhada. É muito mais rápido chegar na cauda ideal escolhendo poucos reprodutores, (caso, por exemplo, o criador matasse apenas a menor cauda, demoraria uma infinidade de gerações de peixinhos para obtenção de resultados) ao passo que há um risco em deixar a responsabilidade de todas as fêmeas para um único macho, pois este poder ter problemas de saúde, além da sua bela cauda, comprometendo todo o experimento. Adicione que, ao salvar poucos machos, os outros peixinhos podem ficar sem esperanças e começar uma revolução pela igualdade caudal, se juntando num grupo para bicar as maiores barbatanas do aquário (fazendo com que toda a ninhada vire comida) e temos a sociedade. Veja que assim como os homens, os peixes são mais semelhantes entre si do que diferentes, mas a seleção explicita as diferenças e as torna importantes no momento em que virar comida de oscar é a consequência. Na sociedade o papel do criador é exercido pelo ambiente, que se confunde com a própria sociedade, pelo julgamento dos consumidores que compram apenas o melhor produto, pelo julgamento das mulheres que escolhem apenas o melhor peixe disponível, e pela entropia que come tudo em algum momento.
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