OPINIÃO DE GESTORES DE ME E MEI DE FLORESTA – PR EM FACE ÀS RESTRIÇÕES DE FUNCIONAMENTO DO COMÉRCIO SOB PERSPECTIVAS DA ÉTICA FILOSÓFICA

OPINIÃO DE GESTORES DE ME E MEI DE FLORESTA – PR EM FACE ÀS RESTRIÇÕES DE FUNCIONAMENTO DO COMÉRCIO SOB PERSPECTIVAS DA ÉTICA FILOSÓFICA

José Ferreira Neto¹

Viverson Augusto Júnior²

Wilson Estevão André³

Resumo

O objetivo geral desta pesquisa é analisar a opinião de gestores e donos de micro e pequenas empresas de Floresta – PR, em face às restrições de funcionamento do comércio. Se acatam demandas coletivas em detrimento de necessidades específicas e particulares e aceitam prejuízos posteriores ou exploram formas de burlar os decretos de restrição e se manterem ante a crise. Posteriormente, busca-se relacionar sob a base da ética filosófica, as ações e perspectivas dos entrevistados. Para isso, foi empregado o método da pesquisa quantitativa em nível descritivo, delineado pelo levantamento de campo em forma de entrevista estruturada. Almeida (2007, p. 108, apud RUF; MURALIDHAR; BROWN JANNEY & PAUL, 2001) diz que o desempenho social da organização reflete o comportamento ético dos seus dirigentes atrelado a boa ou má prática empresarial, isso implica nos resultados financeiros e na própria sustentabilidade da atividade da empresa. O autor ainda ressalta que a compreensão dos mecanismos influenciadores a fim de explicar os comportamentos éticos, é um requisito indispensável para sobreviver num mercado global atento e cada vez mais exigente em relação às práticas empresariais Muitos pesquisadores têm-se dedicado a estudar a conduta ética dos gestores e os fatores que a influenciam no contexto empresarial, Almeida (2007) destaca as orientações filosóficas descritas por (Cherry & Frederich, 2000) e os valores morais encontrados em trabalhos como de (May & Pauli, 2002). A partir daí, nota-se a importância de averiguar as considerações feitas acerca da ética e moral no contexto organizacional diante do tremendo impacto nas atividades econômicas e altas taxas de desemprego, consequentes das medidas restritivas de funcionamento das empresas durante a pandemia.

Palavras-chave: Pandemia; Ética filosófica; Organizações

1. INTRODUÇÃO

A crise gerada pela pandemia do covid-19 vai além da saúde, e o cenário econômico é um dos mais afetados perante as recomendações de distanciamento e restrições de funcionamento do comercio para a proteção da população. Com a suspensão de parte das atividades comerciais e das aglomerações, profissionais autônomos e pequenas empresas foram gravemente prejudicados (ARAÚJO, 2020). De acordo com pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae (2020), 89% dos pequenos negócios já enfrentam queda no faturamento devido às medidas de isolamento no país. Foram entrevistados 9.105 empreendedores, sendo que 36% deles afirmam precisar fechar a empresa permanentemente em um mês, caso as restrições permaneçam por mais tempo. Além disso, Cabral (2020) mostra que de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo IBGE, a taxa de desocupação passou de 11,2% para 12,6% no trimestre terminado em abril de 2020, atingindo 12,8 milhões de desempregados e 898 mil pessoas a mais à procura de trabalho.

Ao passo que as medidas de combate ao covid-19 foram promulgadas pelos governos Federais e Estaduais, as imposições restritivas de funcionamento dos comércios foram tornando-se mais rigorosas com o agravamento da pandemia. Mesmo com os iminentes impactos econômicos consequente deste período de isolamento social, nota-se que diversas empresas manifestaram atitudes positivas em relação à ética empresarial, dentre as quais se destaca a importação de testes rápidos para detecção do novo coronavírus, produção e distribuição de álcool em gel para entidades sanitárias, passagens gratuitas para profissionais da saúde etc. (JUNIOR; VEIGA, 2020). Entretanto, além de medidas voltadas para o público externo, as corporações que prezam pela integridade em suas operações devem se preocupar com algumas questões internas consideravelmente relevantes, como, se adaptar a horários de funcionamento e medidas de segurança, gerando muitas vezes inconformidades e aborrecimentos para os gestores.

No decorrer deste cenário crítico para as micro e pequenas empresas, de um lado tem-se gestores com uma perspectiva econômica instável e incerta que exige rápida tomada de decisão, sem factual conhecimento dos impactos que este ou aquele posicionamento trará para seu negócio. Do outro lado, tem-se os colaboradores tementes não somente pela sua saúde e segurança, mas também pela manutenção de seus empregos devido às desfavoráveis circunstâncias do mercado. Nesse sentido Vaz e Dufloth (2020), expõem que gestores e funcionários são diariamente tentados a negligenciar diversos princípios éticos sob razões de preservação das empresas e, consequentemente, dos empregos. Contudo, conforme concluíram os autores, é fato que as decisões tomadas durante este período impactaram, de modo positivo ou negativo, na forma em que determinada organização estará num cenário pós-pandemia. O vírus trouxe implicações imediatas e concretas na economia, diante disso, como os gestores e empreendedores do ramo alimentício de atividade econômica do município de Floresta – PR, equalizam esse panorama de incerteza entre o agir ético e as necessidades emergenciais?

O objetivo geral desta pesquisa é analisar a opinião de gestores e donos de micro e pequenas empresas em face às restrições de funcionamento do comércio. Se acatam demandas coletivas em detrimento de necessidades específicas e particulares e aceitam prejuízos posteriores ou exploram formas de burlar os decretos de restrição e se manterem ante a crise.

O objetivo específico é posteriormente relacionar sob a base da ética filosófica, as ações e perspectivas dos entrevistados.

Estabelecer conceitos legítimos para valores que, por sua própria essência e subjetividade, variam bastante dependendo das pessoas e circunstâncias envolvidas, é de imenso desafio para a doutrina jurídica, isso se reflete também na caracterização de ética, moralidade e justiça social, pois estão relacionadas a princípios que devem ser utilizados a fins de orientação de conduta (JUNIOR, 2014, p13). Em um contexto pandêmico, pensar em disposições consonantes são de grande valia para a efetivação de medidas públicas em termos da justiça social.