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Resenha - O Incêndio do Túnel Baltimore

Por:   •  20/4/2020  •  Resenha  •  1.571 Palavras (7 Páginas)  •  518 Visualizações

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O túnel de Baltimore teve sua construção finalizada em 1986, tratava-se de um longo caminho de frete subterrâneo na costa atlântica, operado e de propriedade da CSX Corporation. Era localizado sob o centro movimentado da cidade, acima de um sistema de metrô e abaixo de um sistema de trens urbanos. Apesar disso, grande parte dos moradores de Baltimore e até mesmo o prefeito da cidade, Martin O’Malley, não tinham conhecimento do túnel, visto que o serviço de passageiros havia terminado em 1961; isso ocorreu devido a passagem continuar sendo usada no sistema de frete da população para o tráfego de mercadorias.

Nas proximidades do túnel encontravam-se locais de intensa circulação de pessoas, como por exemplo edifícios de apartamentos e escritórios, um estádio de beisebol, três hospitais, um museu e diversos outros comércios com grande vulto a não mais de 2000 pés do túnel. Além disso, a Rua Howard era uma rota fundamental norte-sul e tinha em suas proximidade outras rotas de grande importância.

Em uma tarde de Julho de 2001, por volta das 16 horas começou um incêndio no túnel de Baltimore. O episódio teve seu início quando o Corpo de Bombeiros do local começou a receber inúmeras chamadas sobre um túnel de trem, localizado sob a Rua Howard, que estava exalando fumaça. A princípio os integrantes do corpo de bombeiros não acharam que se tratava de uma situação incomum, visto que o túnel era utilizado como uma linha de frete, na qual passavam comboios de mercadorias, e muitas das vezes as pessoas confundiam a fumaça do óleo diesel com a de um incêndio.

Ao contrário do que parecia, logo o Corpo de Bombeiros constatou que se tratava de uma situação real, pois, um trem de carga da empresa CSX transportando carros com produtos de papel, madeira compensada, óleo de soja, e também vagões-tanque de  produtos químicos havia descarrilado provocando um incêndio no túnel. Conforme conhecimento dos bombeiros as substâncias contidas nos produtos das cargas poderiam ser muito prejudiciais a saúde pública, correndo o risco das mesmas explodirem e liberarem nuvens de vapor tóxico.

O trem entrou no túnel pela extremidade Sul e seu destino era Newark, Nova Jersey. Alguns minutos depois fez uma parada brusca após ter cambaleado. Os dois tripulantes que estavam a bordo não conseguiram contactar o despachante da CSX em Jackssonvile, Flórida,  para avisar sobre a situação. Preocupados com o ocorrido e com a possibilidade de uma asfixia por escape de gases diesel, desacoplaram e conduziram três locomotivas do trem de vagões de carga para a extremidade Norte do túnel. Após este feito, por volta das 15:25, os tripulantes conseguiram entar em contato via rádio com o despachante que deu-lhes permissão para retornar ao túnel com as locomotivas quando não houvesse mais fumaça. Isso não foi possível, pois, minutos depois constataram que a fumaça estava aumentando, e que se tratava de um incêndio que provavelmente deveria ter ocorrido com o descarrilamento associado aos materiais perigosos que constavam no regulamento de embarque, documento onde são apresentadas as cargas que estão sendo transportadas.

Após o entendimento da situação os componentes da tripulação entraram em contato novamente com o despachante e informaram a grave notícia. O corpo de bombeiros foi informado pelo despachante ás 16:15 (conforme registros), que a essa altura já havia recebido diversas chamadas da população devido a uma “enorme nuvem de fumaça” que saía de um bueiro na interseção entre a rua Howard e Lombard.

Quando os bombeiros chegaram ao local os tripulantes mostraram o regulamento de porte, que indicava que haviam dois carros-tanque de ácido clorídrico, dois de ácido fluorosilicico, e os quatro restantes continham: tripropileno, ácido acético glacial, ftalato de acetato de hexilo e propileno glicol. Alguns destes produtos continham propriedades corrosivas e capacidade de provocar problemas respiratórios e queimaduras graves.

O local estava coberto por fumaça escura e a exalava em suas extremidades, de forma que não era possível ver o que estava acontecendo. Diante disso, equipes de emergência e as autoridades da cidade se reuniram a fim de encontrar alternativas para a situação de extremo perigo e urgência do local. Horas mais tarde o cenário piorou com o rompimento de um dos principais dutos d’água localizado sobre o túnel. Isto fez com que os edifícios próximos fossem inundados, e além disso, a estrutura da estrada poderia ser comprometida.

O prefeito estava viajando de volta para a cidade, não havia uma equipe de gestão de crises, tinham apenas uma equipe formada por três pessoas que faziam parte do Escritório de Gerenciamento de Emergências, que no entanto não tinha nem um local fixo, e que havia realizado “simulações” para emergências nada comuns ao ocorrido.

A situação de emergência em que se encontrava a cidade de Baltimore não havia sido cogitada a nível federal, estadual ou local, de forma que não existia nenhuma preparação para o acontecimento da mesma. Além disso o Corpo de Bombeiros da cidade também não tinha realizado nenhum treinamento para este tipo de situação. A cidade possuía um plano emergencial elaborado em 1987, porém, não contemplava planejamentos estratégicos para um acidente químico perigoso no túnel.

Também conhecida como “BLEVE”, uma explosão de vapor expansiva com líquido fervente, desencadeada pelo aquecimento de produtos químicos até o ponto de ebulição, era uma situação de enorme gravidade que deveria ser prevista, já que não havia certeza do que a combinação dos produtos em questão poderia ocasionar. O chefe do Corpo de Bombeiros Donald Heinbuch comentou que não saberia explicar o quão grave seria uma BLEVE acontecer no túnel. Além desse desassossego, ainda havia outra grave questão levantada pelo chefe do batalhão para materiais perigosos do corpo de bombeiros: de que o fogo envolvesse algum dos materiais corrosivos e lançasse uma nuvem de vapor, que, como cogitado pelos bombeiros seria prejudicial a saúde pública.

A situação não tinha controle, pois, ninguém conseguia identificar o que estava ocorrendo e nem o que poderia ser feito devido a falta de visibilidade e impossibilidade de acessar o local. Os bombeiros tinham apenas evidências visíveis, como a cor escura da fumaça, sua intensidade e volume.

Os bombeiros do Departamento de Maryland do Meio Ambiente (MDE) e a equipe do batalhão de materiais perigosos também chegaram ao local.

Os bombeiros locais haviam sido os primeiros a tomar frente da situação e, portanto, assumiriam o controle. Precisavam tomar uma decisão quanto aos locais nas proximidades, visto que no mesmo dia do início do incêndio haveria um jogo de beisebol que estimava de 2.500 a 5.000 torcedores e 2.000 funcionários.

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