Resumo Texto - O Fetiche da Mudança

        Resumo Texto                 "O Fetiche da Mudança" - Christopher Grey

[pic 1]

O artigo objetiva levantar inconsistências e falhas nos discursos da mudança e de seu gerenciamento, por meio de crítica às ideias de que o mundo muda cada vez mais rápido e que as empresas precisam acompanhar tais mudanças para sobreviverem, defendendo  ainda que técnicas de gerenciamento de mudanças têm se mostrado um fracasso na prática.

A necessidade de mudança, segundo o texto, é tratada na sociedade como um fetiche, algo que deve ser seguido invariavelmente, e que vem sendo ensinado e preconizado no mundo da Administração de forma onipresente. A presença da mudança é tida como tão óbvia, que geralmente é presente em qualquer discurso sobre gestão. Isso não invalida tais discursos ou os livros que preconizam isso, mas cria um consenso não desafiado sobre o “fato” da mudança. A força do fetiche da mudança não vem somente do campo da Administração, pois também aparece em praticamente todos os artigos de revistas e jornais que tenham os negócios como pano de fundo, assim como em seminários e cursos de treinamento.

Simplesmente pela questão do tempo, a mudança está ocorrendo. Mas o fetiche da mudança vai muito além disso. Primeiro, considera taxas de mudança sem precedentes. Segundo, relaciona a mudança não ao caráter inevitável do tempo, mas a determinados aspectos, como a tecnologia e a globalização. Em terceiro lugar, a mudança é vista como algo suscetível a intervenções, em vez de um fluxo espontâneo. Já a noção de gerenciamento da mudança refere-se tipicamente não aos esforços para gerir grandes mudanças na economia ou na tecnologia, mas para gerir respostas organizacionais  a essas mudanças.

A mudança existe, porém não há razão para se pensar que o presente é um tempo de grandes mudanças em relação ao passado, que somos os primeiros a vivenciar mudanças sem precedentes. Isso não significa que a mudança não ocorre. Entretanto, a questão é como essa mudança é apreendida em um cenário cultural e histórico particular. As organizações devem se fazer julgamentos sobre os tipos de mudanças que precisam ser realizadas, pois os métodos para atingir essas mudanças variam de acordo com a situação.

Uma das metáforas mais importantes colocadas no texto para o conceito de mudança organizacional tem ênfase no organicismo, onde é enfatizada primeiro a ideia de organização como algo distinto do seu ambiente e em segundo a necessidade de adaptação desta no ambiente. Outra visão está descrita no modelo darwinista, em que aqueles que se adaptam ao ambiente sobrevivem e os que não se adaptam padecem.

O gerenciamento da mudança baseia-se no conceito de que é possível controlar sistematicamente as relações sociais e organizacionais.  Aqui, é essencial a capacidade de deslocar, ou de generalizar, aquilo que (supostamente) deu certo em uma situação para uma outra.  Assim, os problemas encontrados pelo gerenciamento da mudança são um aspecto dos problemas das ciências sociais em geral.  O aspecto mais marcante sobre o gerenciamento da mudança é que quase sempre ele falha. Dois aspectos são propostos pelo autor para explicar o motivo pelo qual o gerenciamento da mudança se tornou difícil na prática: implementação imperfeita e resistência à mudança. A primeira pode ser traduzida na premissa de que o que funciona em um dado período e em uma dada circunstância pode não dar certo em outro, ou seja a viabilidade de uma técnica depende do tempo e do local de sua implementação, o que não dá para tornar a técnica generalizável. Com relação à resistência à mudança, o autor defende que as pessoas geralmente resistem às mudanças, principalmente porque julgam que na maioria das vezes tais mudanças podem trazer prejuízos a elas.