A Análise Pinacoteca de São Paulo
Por: Ingrid Croda • 19/9/2020 • Dissertação • 442 Palavras (2 Páginas) • 443 Visualizações
UCS - Universidade de Caxias do Sul
Arquitetura e Urbanismo – Técnicas Retrospectivas - Atelier
Prof.ª Sandra Maria Favero Barella - Aluna: Ingrid Panzenhagen Croda
Um neoclassicismo que se torna contemporâneo
A Pinacoteca é o museu de Artes mais antigo de São Paulo e foi inserida no prédio do Antigo Liceu de Artes e Ofícios. Projetada pelo arquiteto Ramos de Azevedo, que também é conhecido por projetar o Teatro e o Mercado Municipal da cidade, o edifício está localizado junto ao Parque da Luz, no bairro Bom Retiro, região central de SP. O parque expõe a céu aberto um amplo acervo de escultura da Pinacoteca.
O que deixa qualquer estudante de arquitetura mudo diante do questionamento sobre qual seria a tipologia arquitetônica da Pinacoteca é pensar sobre a escolha do arquiteto para o revestimento do edifício.
Porque tijolos aparentes? Seria então, um edifício do período industrial? Já que fora construído do final do século XIX, o século marcado historicamente pela Revolução Industrial. Outros pontos da arquitetura são analisados, como as amplas janelas, as colunas, pilastras, e o frontão. A confusão vai se instalando cada vez mais, pois toda essa leitura leva-nos a crer que a construção é da tipologia neoclássica.
Mas como um edifício neoclássico pode ser de tijolos aparentes? Ainda não convencido, o estudante vai atrás de mais informações e descobre que o projeto original previa reboco e paredes bem-acabadas, além de uma cúpula que nunca foram executados. Ou seja, nunca foi intenção do arquiteto deixar os tijolos aparentes.
Acredito que o arquiteto Ramos de Azevedo entraria no edifício e estagnaria, deslumbrado por ver mais do seu projeto do que ele próprio imaginou. Na verdade, é difícil dizer em pronomes possessivos, de quem é o projeto do edifício da Pinacoteca. No início dos anos de 1900, Ramos de Azevedo, e ao final, adentrando o século XXI, Paulo Mendes da Rocha. Quem sabe qual será o próximo? E se acontecer, ele estaria sozinho neste processo?
A história e transformações do edifício são complementares, são sucessivas e permanentes. O edifício neoclássico, inacabado do século XX da lugar a contemporaneidade que enaltece a arquitetura e vê, o “por fazer” a clareza da estrutura autoportante e a compatibilidade com o aço.
Enobrece a arquitetura do passado e integra a do presente.
Apesar da integração dos materiais, é subjetivo a separação dos dois tempos. É confortável e ao mesmo tempo inquietante não conseguir expressar o quão respeitosa a intervenção de Mendes da Rocha foi para o edifício da Pinacoteca. Um grande exemplo de intervenção comprometida com o contexto, necessidades do programa e, atualizada no seu próprio tempo.
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