A Arquitetura Do Brasil
Por: anaclaraflo • 23/8/2023 • Relatório de pesquisa • 442 Palavras (2 Páginas) • 90 Visualizações
Essa primazia acentuada da vida rural concorda bem com o espírito da dominação portuguesa, que renunciou a trazer normas imperativas e absolutas, que cedeu todas as vezes em que as conveniências imediatas aconselharam a ceder, que cuidou menos em construir,
planejar ou plantar alicerces, do que em feitorizar uma riqueza fácil
e quase ao alcance da mão.
Com efeito, a habitação em cidades é essencialmente antinatural, associa-se a manifestações do espírito e da vontade, na medida
em que se opõem à natureza. Para muitas nações conquistadoras,
a construção de cidades foi o mais decisivo instrumento de dominação que conheceram. Max Weber mostra admiravelmente como a
fundação de cidades representou, para o Oriente Próximo e particularmente para o mundo helenístico e para a Roma imperial, o meio
específico de criação de órgãos locais de poder, acrescentando que
o mesmo fenômeno se encontra na China, onde, ainda durante o século passado, a subjugação das tribos miaotse pôde ser identificada
à urbanização de suas terras. E não foi sem boas razões que esses
povos usaram de semelhante recurso, pois a experiência tem demonstrado que ele é, entre todos, o mais duradouro e eficiente. As fronteiras econômicas estabelecidas no tempo e no espaço pelas fundações
de cidades no Império Romano tornaram-se também as fronteiras
do mundo que mais tarde ostentaria a herança da cultura clássica.1
Os domínios rurais ganhavam tanto mais em importância, quanto
mais livres se achassem da influência das fundações de centros urbanos, ou seja, quanto mais distassem das fronteiras.
Mas não é preciso ir tão longe na história e na geografia. Em \
nosso próprio continente a colonização espanhola caracterizou-se largamente pelo que faltou à portuguesa: por uma aplicação insistente
em assegurar o predomínio militar, econômico e político da metrópole sobre as terras conquistadas, mediante a criação de grandes nú95
cleos de povoação estáveis e bem ordenados. Um zelo minucioso e
previdente dirigiu a fundação das cidades espanholas na América.
Se, no primeiro momento, ficou ampla liberdade ao esforço individual, a fim de que, por façanhas memoráveis, tratasse de incorporar
novas glórias e novas terras à Coroa de Castela, logo depois, porém,
a mão forte do Estado fez sentir seu peso, impondo uma disciplina
entre os novos e velhos habitadores dos países americanos, apaziguando suas rivalidades e dissensões e canalizando a rude energia
dos colonos para maior proveito da metrópole. Concluída a povoação e terminada a construção dos edifícios,
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