A Centrifugação no Bairro da Lapa em São Paulo
Por: rofyacudri • 1/12/2022 • Trabalho acadêmico • 2.123 Palavras (9 Páginas) • 106 Visualizações
17|9 Salvador
GILLES
LIPOVETSKY
LEANDRO
KARNAL
TEMPORADA 2018
Expediente
Fronteiras do Pensamento© Temporada 2018
Curadoria
Fernando Schüler
Assistente da Curadoria
Eduardo Wolf
Direção Comercial
Pedro Longhi
Coordenação Editorial
Luciana Thomé
Marketing
Karina Roman
Equipe
Denise Donicht
Francisco de Azeredo
Michele Marten
Pesquisa
Juliana Szabluk
Design
Fernanda Toniazzi
Revisão Ortográfica
Renato Deitos
www.fronteiras.com
DEMOCRACIA E GUERRAS CULTURAIS
O MUNDO EM
DESACORDO
PARA BUSCARMOS O
ACORDO, A TOLERÂNCIA
E A HARMONIA
Construir consensos é um ideal indissociável das democracias.
Ao contrário dos regimes de força, que impõem visões de mundo
únicas, democracias contemplam uma pluralidade de modos de
vida, de identidades coletivas e individuais, com seus anseios,
suas aspirações e suas urgências. É apenas na democracia, graças ao debate público, ao esclarecimento e ao convencimento do
outro, que variadas identidades formam arranjos de maiorias e
minorias para buscar o acordo, a tolerância e a harmonia.
Contudo, o que ocorre quando identidades religiosas, raciais, de
gênero ou de comportamento e cultura tornam-se tão radicalizadas que a sociedade não encontra mais o consenso? O que acontece quando reinam a intolerância e o extremismo onde deveriam triunfar os direitos de todos, o respeito mútuo e a igualdade
na diferença? Quando a sociedade envereda por esse caminho
– o caminho das guerras culturais –, é a própria democracia que
corre riscos.
Já faz meio século que políticas de ações afirmativas e movimentos identitários têm sido parte essencial da busca por uma sociedade baseada em direitos e oportunidades para todos. O problema surge quando um tipo qualquer de identidade produz seus
próprios critérios de superioridade moral e exclusão do outro,
inviabilizando os acordos e consensos mínimos que garantem a
vida e a força das sociedades democráticas modernas. Mark Lilla,
da Universidade de Columbia, afirma que “o progressismo norte4
americano anda imerso em um tipo de pânico moral em função
de temas de gênero, raça e identidade sexual”. O mesmo poderia
ser dito sobre diferentes formas de conservadorismo.
As guerras culturais marcam a migração dos temas éticos para o
centro do debate público. O sentido e os limites da arte, a natureza do casamento e da família, o papel da mulher e do homem
na sociedade passam a ser matéria de acirrado debate político,
partidário e governamental, não mais se restringindo à esfera
dos indivíduos ou da sociedade civil. Sobre esses temas não haverá acordo em uma “grande sociedade” plural.
O filósofo e neurocientista de Harvard, Joshua Greene, fala de
uma “tragédia da moralidade do senso comum” para tratar do
desacordo nas democracias contemporâneas. Somos talhados
para viver em “tribos morais”, não em um universo cosmopolita.
Uma ética global ainda está para ser construída. Este é, em boa
medida, o desafio de nosso tempo.
A agravar essa situação há o papel das mídias sociais. No lugar
da grande ágora global, que no final do século passado prometia
o aprofundamento do diálogo entre os diferentes, o que emergiu
de fato assemelha-se mais a um tipo de guerra hobbesiana de
todos contra todos, impedindo os consensos e minando instituições democráticas.
Explorar esses temas, celebrar a diferença sem perder a dimensão do diálogo, decifrar os mistérios da guerra cultural e o atual
estado da democracia global serão alguns dos desafios do Fronteiras do Pensamento em 2018.
5
DEBATE ESPECIAL
TEMPORADA 2018
GILLES
LIPOVETSKY
(França, 1944)
Teórico da hipermodernidade e da pós-modernidade,
é considerado um intelectual de referência para temas
como individualismo contemporâneo, ética, moda e
consumo.
8
“Pós-modernidade para mim significa
ressaltar
...