A Importância do Estudo e Conhecimento do Planejamento Urbano Para a Formação do Arquiteto e Urbanista

A importância do estudo e conhecimento do planejamento urbano para a formação do arquiteto e urbanista

Mariana Soares Borges^[1]

O arquiteto e urbanista – não distante dos primeiros construtores das primeiras habitações do homem – deve ser visto como agente modificador do espaço e condicionador social, pois trabalha com aspectos que configuram e transformam a vida do homem em macro e microescala. O arquiteto não influencia somente na vida da parcela da população onde interferiu de modo direto, mas está permanentemente associado ao legado deixado por ele, e ao legado anterior que ele transformou. As gerações passadas e futuras têm suas transformações espaciais (por consequência, sociais e até econômicas) diversas vezes atreladas ao profissional da área da arquitetura, que interfere de modo singular na qualidade de vida e bem-estar da sociedade, seja ela de um edifício, um bairro ou uma cidade por completo.

Desse modo, o arquiteto e urbanista, como um dos principais agentes de mudança na estrutura social e espacial de uma cidade, tem em sua formação a necessidade de adquirir conhecimento que o prepare para atuar em benefício da cidade, do cidadão e do meio ambiente. Para tanto, no que tange o âmbito urbano introduziu-se ao estudo do Urbanismo a disciplina de Planejamento Urbano, um viés contemporâneo de atuação, visto a necessidade de se ordenar, estruturar e apropriar o espaço urbano em crescente inchaço demográfico.

Segundo Dror (1973) planejamento é “o processo de preparar um conjunto de decisões para ação futura, dirigida à consecução de objetivos através dos meios preferidos”, ou seja, é uma sucessão de decisões que visam qualificar algo (nesse caso, o meio urbano) para o futuro (nesse caso, da comunidade que o habita). O planejamento urbano surge em contraposição à cidade liberal, visando criar diretrizes para atingir objetivos socioeconômicos (LAMAS, 1993).

No que tange o cenário atual, o planejamento urbano, como campo de conhecimento, abrange diversas áreas além da arquitetura e urbanismo que estão intimamente conectadas ao meio urbano: a sociologia, a geografia, a economia, entre outras se tornam indispensáveis ao estudo do urbanismo e do planejamento das cidades. Para Kohlsdorf (1985, p.35) com a atuação desses profissionais “a definição de cidade realizada pela arquitetura entrou, talvez, na maior crise de toda a história desta última”, o que não exclui o arquiteto e urbanista das suas responsabilidades com o meio urbano, mas permite maior dinamismo no que diz respeito aos agentes produtores e interventores da cidade.

Para tanto, o arquiteto e urbanista precisa estar a par dos processos legais e mecanismos que influenciam nas intervenções do ambiente urbano, portanto, o planejamento – como forma de atuação, atrelada a gestão urbana e ao Estado agente modelador do meio urbano – é indispensável como conhecimento para que o arquiteto e urbanista exerça seu papel na sociedade.

Desse modo, o estudo do planejamento se faz substancial, tanto para a compreensão da importância deste aliado a gestão dos espaços quanto para a compreensão da necessidade de interdisciplinaridade do planejamento como objeto de estudo do arquiteto, do sociólogo, do geógrafo, etc. Para Hall (2002), planejamento deve ser “uma série contínua de controles sobre o desenvolvimento de uma área, auxiliados por mecanismos que buscam simular o processo de desenvolvimento de forma que esse controle possa ser aplicado”, logo, abandona-se o estigma de que o urbano deve ser uma construção do arquiteto e urbanista, e adota-se uma postura de construção social de intelectos para as cidades.

Partindo disso, podemos inferir a importância da laboração do arquiteto e urbanista no que tange o planejamento, e a importância do planejamento para a formação do arquiteto e urbanista, que através desse conhecimento consegue traçar cenários, elaborar propostas e prever demandas de crescimento da cidade.

Se para a área do Urbanismo o estudo do planejamento se faz importante, para a área da construção em arquitetura não é diferente: o planejamento urbano permite ao arquiteto a previsão do tipo de ocupação, da densidade do local no futuro, das leis de uso do solo e da tipologia da edificação pretendida. Para Pereira (2006)