A Piscina Quinta da Conceição
Por: Lorena Alexandra F. Sitoe • 12/11/2022 • Trabalho acadêmico • 867 Palavras (4 Páginas) • 145 Visualizações
A Piscina da Quinta da Conceição localiza-se na freguesia de Leça Palmeira, conselho de Matosinhos. É uma obra de Álvaro Siza Vieira e foi inaugurada em 1965, fruto dos melhoramentos desenhados pelo arquiteto Fernando Távora para a Quinta.
A origem da Quinta da Conceição remonta instalação neste local, em 1481, do convento de nossa senhora da Conceição de ordem de S. Francisco instalada, desde 1392 no oratório de S. Clemente das Penhas. No entanto, é no séc. XX que esta entra na posse da Administração do Porto do Douro e Leixões com vista à construção da doca número dois do Porto de Leixões, sendo que em 1956 a restante propriedade é arrendada pela Comissão de Turismo da Câmara Municipal de Matosinhos para a criação “Parque da Vila” sofrendo depois intervenções.[1] Assim, foi feita a encomenda do projeto daquilo que conhecemos da quinta nos dias de hoje, a 6 de janeiro de 1956, quando o Engenheiro Fernando Pinto de Oliveira sugere a Camara um melhor aproveitamento da Quinta. [2]
Apesar da Piscina ter sido projetada por Álvaro Siza, toda a restante Quinta foi obra de Távora sendo peculiar o uso do percurso, onde o arquiteto quase narra uma história onde se salienta a diferença entre o passado e o presente, pois este reintegra alguns dos objetos que já faziam parte do antigo convento.
Estruturalmente, a Quinta da Conceição possui três entradas principais (o início dos percursos) e todas estas salientam a diferença entre espaço-cidade e o espaço-lazer. A primeira entrada localiza-se na Avenida Antunes Guimarães e é, consequentemente, a que tem um maior fluxo de pessoas pois, é grande a transparência criada entre a avenida e o interior do parque, bem como é grande a área por onde se entra. A segunda entrada seria talvez a que filtra as relações visuais com o nó da autoestrada através de arbustos que definem o seu espaço próprio. E, por fim, a última entrada insere-se numa zona de expansão da cidade, fazendo frente a uma rua (rua Vila Franca) de dimensão reduzida entre muros (o formoso pátio vermelho, que salienta o conceito de uma “nova realidade” naquilo que é a reconstrução da Quinta).
Uma vez que o projeto surge inicialmente com base num espaço pré-existente e desorganizado, é urgente dar-se ao mesmo coerência e coesão, definição e talvez até hierarquização dos espaços que surgem neste passeio arquitetónico. Portanto, o percurso não servirá apenas para ligar dois pontos, mas também para criar espaços de contemplação dedicados a apreciação de elementos antigos que se conectam de forma a criar uma lógica que é lida ao longo do parque. Deste modo, para além de redefinidos foram criados novos percursos na Quinta, assim como novos espaços de lazer que a pontuam. São exemplos campo de ténis, o pátio vermelho, o pátio da capela, a piscina entre outros. Quanto ao restante espaço, este encontra-se arborizado, apresentando maior densidade na área correspondente à cota mais alta, onde está situada a piscina. Percebe-se então que, o percurso caracteriza-se seguindo duas tipologias de espaço: espaços de circulação e espaços de contemplação, tornando fácil a distinção do que pode ser o percurso hierarquizado. Esta hierarquia é facilmente detetável através de configurações topográficas, de materialização e de forma, permitindo caracterizar os espaços de contemplação como percursos de hierarquia mais alta e os casos de circulação como sendo os de hierarquia mais baixa.
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