A UTILIZAÇÃO DE CONTAINERS COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO SOCIAL
Por: dani143 • 8/9/2021 • Artigo • 1.614 Palavras (7 Páginas) • 246 Visualizações
A UTILIZAÇÃO DE CONTAINERS COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO SOCIAL.
DANIELI OLIVEIRA DE PONTE *
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo apresentar o processo de desenvolvimento da habitação social no Brasil, relatando ainda as principais políticas públicas que foram executadas com o objetivo de minimizar problemas, dentre eles está o déficit de moradias. Apresenta-se ainda o histórico e surgimento das construções em aço tendo como ênfase os containers bem como suas especificações como estruturas, fundação, revestimentos etc.
Palavras-chave: Arquitetura. Habitação Social. Containers. Aço.
INTRODUÇÃO
Notasse que com o passar dos anos a população mundial vem crescendo cada vez mais e que muitas famílias ainda vivem em estado de pobreza sem uma moradia digna para se viver. Conforme a população aumenta, fica cada vez maior a escassez de matérias primas, a produção de resíduos e entulhos e a preocupação e investimento em habitações sociais, desta forma é preciso buscar novas alternativas construtivas visando sempre à preservação do meio ambiente e sustentabilidade.
Um modelo de construção que tem esse intuito é a construção de habitações em containers (MIRANDA CONTAINER, 2018), são obras que reutilizam materiais descartados, geram poucos resíduos construtivos e levam menos tempo para serem executadas do que o método convencional.
Para que se possa compreender é importante compreender o processo de surgimento das habitações sociais no Brasil. Devido ao grande e rápido crescimento urbano na década de 1890 a 1920 devido à industrialização e procura de mão de obra, viu-se a necessidade de construir moradias dignas e com higiene para os trabalhadores e operários, uma vez que as epidemias surgidas nos aglomerados pobres rapidamente se espalhavam pelas cidades. Nesta época as habitações eram construídas por empresas e companhias que não se preocupavam com a higiene e conforto, e foi apenas na era Vargas (1930-1945) que o estado tomou frente do problema.
O container surge como uma grande caixa de aço em 1937 e logo se transforma em um revolucionário meio de transporte dos mais diversos produtos pelos mares. Geralmente os containers têm uma vida útil de 10 anos, e após esse período, as empresas precisam dar uma destinação para o material (ABREU e RODRIGUES, 2016). A partir daí então se cria um novo uso para o mesmo, sendo para criações de morais e usos comerciais quem vem se apresentando cada dia mais frequentes.
DESENVOLVIMENTO
Analisando o processo de crescimento Brasileiro, pode-se dizer que o mesmo foi organizado de maneira distinta e apenas no século XX atingiu as características urbanas apresentadas na atualidade. A partir da década de 1890 a 1920 houve um grande aumento na taxa de urbanização brasileira, dentre os principais motivos deste crescimento estão o aumento da industrialização e a substituição da mão-de-obra escrava para o trabalho livre. Em 1901 o número de operários já era considerado alto nas maiores cidades brasileiras, chegando à média de 50 mil apenas no estado de São Paulo, com a urbanização ocorrendo de maneira distinta em cada cidade, as construções de habitações para os operários eram realizadas diretamente por empresas e companhias que não possuíam foco em higiene e conforto, as epidemias surgidas nos aglomerados pobres, começam então a chamar a atenção da elite e autoridades públicas para a precariedade e falta de higiene das habitações, visto que estas se espalhavam pela cidade rapidamente como um todo.
No período que data a velha republica (1889 – 1930) o foco principal permeava-se no embelezamento das cidades para que fossem atraídos novos investimentos a industrialização no país, com isso surgiram o que chamamos nos dias atuais de gentrificação urbana, políticas de expulsão das classes pobres do centro da cidade e a valorização dos terrenos centrais o que estabelecia uma linha tênue entre centro e periferia visto que devido ao alto custo dos terrenos centrais, apenas as pessoas mais ricas podiam pagar por estes. As primeiras ideias de conjuntos habitacionais voltados a trabalhadores foram originadas na década de 1920 e já em 1932 tem-se o conjunto de operários da Gamboa, localizado no Rio de Janeiro e projeto por nomes como Lucio Costa e Gregori Warchavchik, este consistia em unidades habitacionais em um pequeno terreno irregular localizado na Rua Barão da Gamboa que contavam com uma subdivisão interiores sendo quatro cômodos, sala, quarto, banheiro e cozinha.
Antes a era Vargas (1930-1945) o estado não possuía participação significativa no setor habitacional, porém no período Vargas o setor começa a ser visto com outros olhos e o estado toma a frente do problema habitacional com a idealização de que o mesmo deveria garantir condições dignas de moradia à população, sendo necessário assim o investimento em fundos e políticas sociais. Em 1931 realizou- se então o 1º Congresso de Habitação na cidade de São Paulo para a discussão de medidas que garantiriam a população carente o acesso a estas moradias. Uma das principais leis implantadas a chamada lei do inquilinato (decreto-lei 4598/42) congelou os aluguéis e visou que os capitais privados se concentrassem na indústria de consumo, de maneira a redirecionar o capital antes direcionado ao setor imobiliário para o setor industrial.
Como observado, o presidente em exercício Vargas, foi um dos precursores quanto a preocupação com as habitações sociais, isso se efetivou através do instituto de aposentadorias e pensões e ou IAPS.
Criados por volta do ano de 1937 por Malcolm Purcell McLean (1913-2001), com o intuito de melhorar o transporte de fardos de algodão em nova York e regulamentado apenas em 1972 o container foi uma grande evolução junto ao setor de carregamento e atualmente cerca de 90% dos materiais de todo o mundo são transportados pelos mesmos, seja pela sua alta resistência ou o fácil manuseio e transporte.
A palavra contêiner, segundo Almeida (2010), é proveniente do termo inglês container que é de uso comum e aceito pela língua portuguesa, e significa contentor, no sentido de embalagem e recipiente.
Produzidos de acordo com as normas organizadas pelo Comitê Técnico da Organização Internacional de Normalização (ISO) e pela Convenção Internacional para a Segurança dos Contentores (CSC). Existem diversos tipos de containers que se diferem pelas dimensões e materiais, quanto às características mecânicas e geométricas há uma padronização sendo cinco lados fechados e um lado aberto que funciona como porta. Fabricados com “corten”, um tipo de aço praticável de alta resistência mecânica, boa solvabilidade e propriedades anticorrosivas, chapas trapezoidais com nervuras verticais e espessura que variam entre 1,6 mm e 2,0 mm, para as paredes e telhado, enquanto para as bordas a espessura pode variar de 4,0 mm a 6,0 mm. Os cantos têm peças rígidas para suportar os esforços e permitir a ligação entre os recipientes. A porta, composta por um quadro e duas folhas ligadas por dobradiças, está localizada em uma das faces. (OLIVARES, 2017).
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