Análise Critica - Biblioteca Memorial America Latina
Por: Eduardo Soares Queiroz • 28/3/2016 • Projeto de pesquisa • 1.586 Palavras (7 Páginas) • 1.025 Visualizações
A Biblioteca do Memorial da América Latina ou Biblioteca Latino Americana, foi projetada e construída em 1989 pelo arquiteto Oscar Niemeyer. O prédio da biblioteca fica na praça do Sol, ao sul do Memorial. Toda a tecnologia usada na construção da biblioteca, como a grande viga externa que deixa o seu interior livre também está implantado nos recursos do acervo, excluindo qualquer tipo de limitações para acesso e uso.
[1]Oscar Niemeyer confessa que o Memorial da América Latina foi um dos projetos que ele fez com mais empenho. Não só pelas pessoas as quais ele trabalhou junto, mas também pelo objetivo da construção da obra que era de reunir os povos deste continente para juntos discutir os seus problemas, trocar experiências e lutar pelos direitos.¹
Eu acho que hoje, mesmo a palavra patriotismo a gente tem que usar com mais frequência, a gente tem que crescer e ser patriota, não adianta se especializar em arquitetura, em engenharia ou medicina; é preciso que o jovem participe, estude filosofia, história, enfim, cresça sabendo que ele vai atuar em um mundo tão perverso que o espera. (NIEMEYER, 2007, p. 9).
Área externa
Do lado de fora da biblioteca podemos dar destaque a grande viga de 90 metros de extensão que se unem a dois apoios de aproximadamente 18x63m cada, também fora do edifício. Essa grande dimensão da viga, permite, como já foi mencionado anteriormente, que o seu interior seja totalmente livre de colunas de sustentação. Na viga estão apoiadas duas abóbadas, a maior, na parte de trás e uma menor, que acaba sendo dividida no meio para implantação da porta de acesso a biblioteca. A viga, seus dois apoios e suas abóbadas foram construídas de concreto armado e pintadas de branco.
Como fechamento das abóbadas (laterais) temos vidros pretos, que não permitem a entrada de sol, para não danificar o acervo e prejudicar os usuários de usarem os computadores do local, por exemplo, mas permite a entrada de iluminação natural, eliminando assim, em grande parte do dia o uso de energia elétrica.
[pic 1]
Figura 1. Biblioteca
Conseguimos fazer a comparação desse apoio das abóbodas na grande viga com a do partido utilizado na Igreja da Pampulha de 1940 e também usando o mesmo partido estrutural do auditório de Constantine de 1968, na Argélia. Observando a imagem abaixo (figura 2) podemos ver as abobadas da Igreja, que podem ser comparadas a da Biblioteca, só em maior quantidade. [pic 2][pic 3]
Estruturalmente falando, podemos comparar a Biblioteca com a Capela de São Pedro em Campos do Jordão. Ambas têm uma a estrutura de sustentação concentradas em um único “ponto”, com a diferença que na biblioteca a estrutura é externa (dois pilares e uma coluna) e a capela tem uma única coluna internamente. Assim os dois edifícios têm o seu interior livre de colunas de sustentação, ganhando espaço livre para melhor desenvolvimento de seus programas. [pic 4][pic 5]
Área interna
O acesso da biblioteca é exclusivo pela porta bem no centro da abóbada menor no pavimento térreo. Ao lado esquerdo (em amarelo na figura 5) encontramos um auditório para cem pessoas, onde são realizados debates, palestras, entre outros. Do lado direito (em vermelho na figura 5) da entrada, encontramos exposições, muitas vezes com imagens que completam o que está acontecendo no auditório.
Ao fundo (em verde na figura 5), na parte de baixo da abóbada maior, encontramos todo o acervo da biblioteca em um nível elevado, um patamar de aproximadamente 50/60 centímetros transforma essa parte em uma área separada da biblioteca, dando assim, maior conforto por estar “isolada” ao restante, deixando assim o acesso ao acervo apenas para o público que realmente quer ir até ele, não como passagem ou coisa do tipo. O acesso a esse patamar do acervo se dá por uma escada e também por uma rampa. [pic 6][pic 7]
Ainda nesses dois patamares encontramos duas escadas, uma de cada lado, para acesso ao subsolo, onde temos os sanitários (em laranja na figura 5) e toda a parte administrativa da biblioteca (em azul na figura abaixo).
Temos um interior livre de colunas de sustentação, por conta de toda estrutura externa. Uma área muito bem iluminada por causa dos livros nas laterais. Internamente as abóbadas são de concreto aparente, sem nenhum tipo de revestimento. O piso também é de concreto sem nenhuma pintura, para que haja uma unificação/interação do interior com o exterior (mesmo caso do conjunto nacional na Avenida Paulista). [pic 8]
[pic 9][pic 10][pic 11]
O entorno da biblioteca – o memorial
Nossa obra de estudo se encontra no complexo do Memorial da América Latina, no bairro da Barra Funda.
[2]O conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer em uma área de 84.480m², no bairro da Barra Funda, o Memorial é um convite permanente às manifestações artísticas e científicas latino-americana.
Foi inaugurado em 1989, com o objetivo de estreitar as relações políticas, econômicas, sociais e culturais do Brasil com os demais países da América Latina, em uma época em que as divergências de interesse eram enormes. O projeto cultural foi elaborado pelo antropólogo Darcy Ribeiro que, tendo vivido em vários países da América Latina, tinha como ideia principal construir um centro cultural em que as manifestações artísticas e científicas pudessem ter espaço. Ele dizia que “os brasileiros precisavam redescobrir a América. É preciso lembrar quem somos a nós mesmos” (Em: http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/o-que-visitar/atrativos/pontos-turisticos/4386-memorial-da-america-latina. Acesso em: 13 maio. 2015, 10:23:23) @Darcy. ²
[3]Nesse grandioso projeto, Niemeyer empenhou-se em definir novas formas ou soluções estruturais que viessem a caracterizar esse Memorial da América Latina. Com o apoio de grandes cascas curvas em vigas de enorme vão livre. “Tudo isso foi um desafio para o calculista. É agradável para o arquiteto sentir que a técnica está presente, que ele pôde utilizá-la em toda a sua plenitude”, afirmou.
“Nesse grandioso projeto, Niemeyer empenhou-se em definir novas formas ou soluções estruturais que viessem a caracterizar esse Memorial da América Latina, enfatizando uma redução dos elementos arquitetônicos enquanto exigia o máximo da técnica. Esse desejo ficou consubstanciado no apoio de grandes cascas curvas em vigas de enorme vão livre.”
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