TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

DO HIGIENISMO NÃO-INTERVENCIONISTA À URBANIZAÇÃO DE FAVELAS: A POLÍTICA HABITACIONAL DO BRASIL (1850-2004).

Por:   •  8/7/2019  •  Resenha  •  3.661 Palavras (15 Páginas)  •  198 Visualizações

Página 1 de 15

RESENHA

“DO HIGIENISMO NÃO-INTERVENCIONISTA À URBANIZAÇÃO DE FAVELAS: A POLÍTICA HABITACIONAL DO BRASIL (1850-2004).”

INTRODUÇÃO

Um dos problemas de maior relevância que atinge muitos países no mundo, principalmente os de economia emergente, é a falta de habitação. Com a revolução industrial, as cidades receberam grandes contingentes populacionais, estas sem estrutura para receber tantas pessoas em tão pouco tempo. O caso brasileiro foi diferente, devido a uma industrialização tardia. No final do século 19, mesmo o Brasil sendo predominantemente rural, a situação habitacional já era precária. Posteriormente, com o processo de industrialização, o problema se agravou ainda mais.

O Estado, que nem sempre esteve presente na tentativa de solucionar este problema, ao longo do século 20, empreendeu uma série de ações governamentais como tentativa de suprir a falta de moradias dignas, respondendo a um apelo popular. Algumas medidas tiveram maior impacto que outras.

Para traçar um panorama da habitação e das políticas habitacionais no Brasil, o texto foi dividido em quatro períodos distintos. De 1900 a 1920, tem-se um período de dominação política das oligarquias rurais, em que se verificou a ausência do estado na área habitacional. De 1921 a 1963, período em que o modelo político vigente é denominado de populismo, este período de apoio às massas inicia, de modo mais amplo, no Brasil, a intervenção estatal no campo habitacional a nível federal pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões e pela Fundação da Casa Popular. De 1964 a 1984, período em que os militares estiveram no poder, os esforços para tentar resolver o problema habitacional no país são centralizados pelo Banco Nacional de Habitação. Por fim, de 1985 até 2004, período em que houve uma abertura política e a volta do modelo democrático ao país, observamos uma descentralização das políticas habitacionais e um aumento da participação popular nas decisões.

1. 1900-1920: HIGIENISMO E HABITAÇÃO.

No início do século XX, o Brasil era um país de economia predominantemente agrícola e a maioria da população vivia no campo. Nesta época, o país era dominado pelas oligarquias rurais e a economia baseada no modelo agro-exportador com o café como seu principal produto. De 1889 a 1929 o Brasil vinha sendo governado pelo partido Republicano que servia aos interesses de fazendeiros e pecuaristas paulistas. Posteriormente, com os descontentamentos dos demais estados com a hegemonia política, teve início o que foi denominado de Política do Café com Leite, quando São Paulo e Minas Gerais se alternavam no poder. Nesse período, havia duas cidades em 1912 que se destacavam pelo seu contingente populacional: o Distrito Federal, com 975.818 habitantes e São Paulo, com 400.000 habitantes. Podemos salientar ainda outras duas cidades de menor importância: Recife com 216.484 habitantes e Porto Alegre com 150.343 habitantes. Muitos eram imigrantes europeus que chegaram ao país na virada do século.

Com isso, os núcleos urbanos modernizaram-se baseados no ideário europeu, com planos urbanísticos de idéias haussmanianas. Ao analisarmos estes planos, ainda fica evidente a influência do movimento higienista que queria combater as habitações ditas insalubres para evitar as endemias que vinham assolando as cidades. Dentro da ótica higienista, a casa isolada no lote, bem iluminada e arejada, se torna o modelo de casa ideal, principalmente para os trabalhadores que quase sempre viviam amontoados em cortiços mal ventilados e sem as mínimas condições de higiene. A Igreja acabou apoiando esta tipologia, pois acreditava que os cortiços incentivavam a promiscuidade e desestruturavam a família.

O governo reconhecia o problema sob a ótica dos higienistas, encarando-o como um problema de saúde pública, mas pouco ou nada fazia para solucioná-lo. A primeira iniciativa do governo, no sentido de amenizar o problema, foi através de um decreto que autorizava o prefeito a utilizar sobras de terrenos resultantes das aberturas de avenidas para a construção de vilas operárias. Deste resultaram três vilas, com um total de 120 unidades habitacionais, para aluguel, de dois pavimentos independentes.

Mas mesmo com esta iniciativa, o governo não achava que prover habitações higiênicas e dignas para os trabalhadores era seu papel. No seu entender, este era o papel dos industriários. As autoridades então criaram normas construtivas e diretrizes para as vilas proletárias e o governo deu também incentivos fiscais à empresas que quisessem investir neste tipo de empreendimento. Com isso muitos empresários descobriram que habitação podia ser um meio de aumentar a produtividade do trabalho, e um meio de controle do trabalhador que se via preso às vontades do patrão, pois se perdesse o emprego perderia igualmente a moradia.

Esse contexto de exploração trabalhista junto a segunda grande onda migratória no Brasil, devido ao pós primeira guerra, originou povos, ao longo dos anos 20, com forte influência do ideário anarquista e socialista. Mais tarde, a insatisfação popular resulta na Revolução de 30.

2. 1920 – 1963: O populismo e a política habitacional.

Getulio Vargas, toma o poder em 1930. Pela primeira vez na história brasileira, um governante instituiu uma política de apoio às massas trabalhadoras, regulamentando o regime de trabalho. Esse regulamento concedeu a jornada máxima de trabalho, o salário mínimo e apoiou a criação dos sindicatos. Desta maneira, Vargas conseguiu o apoio político de um contingente populacional muito grande, formado por trabalhadores que sempre estiveram à margem das discussões políticas. É neste contexto que são criados, em 1933, os Institutos de Aposentadorias e Pensões.

2.1 Os Institutos de Aposentadorias e Pensões e a Lei do Inquilinato.

Os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) tornaram-se produtores de moradia social em um período em que a arquitetura moderna tinha começado a fincar suas raízes no Brasil. Trata-se de um período em que a conjuntura política encarnada por Getúlio Vargas favorecia a adoção de um estilo que pressupunha um estado forte impondo suas novas tipologias e suas novas formas de entender o morar. O movimento moderno, amparava a produção estatal da moradia, como forma de promover o bem estar das populações trabalhadoras e por outro lado dando amparo político ao governo na área social.

Os IAPs adotaram os mesmos mecanismos de funcionamento do sistema antecessor, as Caixas de Aposentadorias

...

Baixar como (para membros premium)  txt (23.9 Kb)   pdf (70.1 Kb)   docx (17.7 Kb)  
Continuar por mais 14 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com