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Fichamento "O Significado da Cúpula" - ARGAN, G.C.

Por:   •  19/9/2016  •  Resenha  •  1.681 Palavras (7 Páginas)  •  1.871 Visualizações

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Título: História da arte como história da cidade

"O Significado da Cúpula" - ARGAN, G.C.

p. 95 - 103

Ao observar a cúpula de Santa Maria Del Fiore, Vasari notou que ela não deveria ser relacionada apenas ao espaço da catedral, mas a toda cidade, ele considera que cúpula é similar aos montes que localizam ao redor da cidade de Florença, devido a sua elevada altura. Devido a isso também estava relacionada ao céu, “na verdade, parece que o céu dela tenha inveja, pois sem Cesar os raios todos os dias a procuram”. Era comum nessa época o tema da inveja da natureza em relação à arte, que no caso consideravam que ela (arte) competia e a superava. A tradição popular enaltece a resistência estrutural da cúpula e concomitantemente faz alusão a seu sentido ou significado cósmico.

Entre 1435 e 1436, a cúpula tinha sido fechada há pouco tempo e Alberti deu uma descrição “Interpretativa surpreendente” de que a calota havia surgido quase que por milagre no céu de Florença, milagre esse da inteligência humana. Até então não havia se formado uma lenda cúpula entre os florentinos que acompanhavam com grande interesse a obra.

“Erguer-se acima dos céus”, é uma figura literária, porém não é um contrassenso, pelo contrário, era dizer a mesma coisa que Vasari falaria um século depois com outras palavras. Erguer-se acima dos céus, significa definir um limite visível para o infinito, em outras palavras era compreendê-lo, defini-lo, representa-lo, etc. Céus no plural representam o céu físico e o metafísico, e como o metafísico compreendia o físico representava o espaço em sua totalidade.

Alberti pensava profundamente sobre o tema da representação, no qual ele distinguia por pelo menos dois modos de representação-ficção: a pintura e o baixo-relevo. “Alberti dirá que edifícios são objetos que estão num espaço cheio de outros objetos e que, como tais, não são muito diferentes das estátuas”. Comprova isso o fato de que a palavra “monumento” vale tanto para algumas arquiteturas como para certas estátuas. Para Alberti, a cúpula não tem interesse particular como objeto arquitetônico, e no qual ele se refere como “estrutura”. Resumindo, a cúpula de brunelleschi não é pra Alberti um objeto arquitetônico, porém um imenso objeto espacial, em outras palavras, um “espaço objetivado isto é representado”.

“Aquela grande forma representativa (e não puramente simbólica) do espaço universal, que surgiu quase por milagre intelectual bem no meio de Florença, acima dos telhados das casas e em relação direta com o horizonte visível das colinas e com a abóbada dos céus, não é uma massa ou algo fechado e pesado, mas uma estrutural.” A cúpula pode ser considera como um aparato perspectivo e experimental.

Hoje em dia, poderia se dizer que foi uma experiência científica, Alberti escreve que a estrutura é ampla o sufiente para cobrir todos os povos da Toscana, no caso ele se refere a sombra projetada da gerada pelo movimento do sol sobre a cúpula.

A qualidade estrutural a qual Alberti enfatiza não está ligada somente a solução técnica da construção sem armações. No momento em que se começou a construção da cúpula foi constatada a impossibilidade de se construir armações de tamanha amplitude, Brunelleschi não se empenhou na “descoberta” no modo de fazer armações, mas em um fato mais complicado o de não usa-las. A veracidade dessa história é que Brunelleschi não queria construir com armações, pois as mesmas iriam o impedir de erguer sua estrutura “acima dos céus”. Sintetizando, Brunelleschi considerava as armações um erro metodológico que deveria ser evitado.

Se a cúpula tivesse se elevado sobre suportes a mesma não ficaria como ele desejava, em sua planta de trabalho, fica claro que a estrutura devia se equilibrar e “não pesar e ser animada por um impulso expansivo”.

Brunelleschi se mostra preocupado em sua planta, principalmente em definir as relações estruturais externas e internas da cúpula, a cúpula externa tinha uma função diferente da interna, ela tinha um emprego de proteção e a interna estava prevista uma decoração em mosaico, elas deveriam ser diferenciadas em relação ao espaço aberto e ao fechado, mas que as duas calotas formassem um sistema perfeitamente solidário, até mesmo em termos de elasticidade e de resposta às solicitações atmosféricas.

Ao projetar a cúpula Brunelleschi busca manter-se fiel a uma tradição toscana e concomitantemente criar um organismo independente e novo.

“Brunelleschi não parece ter se preocupado em demasia em terminar de maneira harmoniosa, com uma cobertura adequada, a construção existente. Preferiu sobrepor a ela a sua grande máquina espacial, que visualizava ao mesmo tempo uma nova concepção do espaço e uma nova tecnologia, como se fosse uma demonstração gigante de uma nova realidade política, cultural, social.”

Separar com nitidez a estrutura da cúpula do corpo arquitetônico surgiu na controvérsia com Ghiberti, que desejava aberturas na parte baixa da abóboda. Brunelleschi se opôs, pois não queria um elemento de união e sim como viu Battisti, um claro corte e uma passagem de um organismo construtivo para outro.

“O significado da cúpula como organismo perspéctico e, figurativamente, rotatório, bem como a sua centralidade cósmica, são declarados pela lanterna, que com certeza não foi idealizada junto com a cúpula, mas depois, entre 1432 e 1436, e que não só representa a execução, mas uma reflexão, um juízo, uma atribuição de valor consciente e bem pesada.”

Uma observação acertada de Battisti se refere ao fato de que a cúpula já traía o desejo de Brunelleschi de torna-la distinta do corpo da catedral, como um edifício sobreposto a outro, assim sendo a lanterna também se diferencia da cúpula como um organismo correspondente, mas independente.

“Como tal é, antes de mais nada, explicativo da estrutura perspéctica da cúpula: os grandes esporões em raios, que formam uma enorme roda, correspondem às nervuras e sugerem claramente um movimento rotatório em torno do eixo que termina com a bola e a cruz”.

A lanterna se caracteriza também em ser um pequeno templo clássico

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