Intervenção Urbana: Paisagismo como Instrumento para Potencializar os Patrimônios Históricos
Por: Patrick Fernandes • 30/9/2018 • Artigo • 6.323 Palavras (26 Páginas) • 446 Visualizações
Intervenção Urbana: Paisagismo como instrumento para potencializar os patrimônios históricos de Ipatinga.
Patrick Fernandes Carvalho
Junho, 2018
RESUMO
O presente trabalho tem como interesse embasar a proposta de requalificação e reutilização dos patrimônios históricos em Ipatinga, em especial os patrimônios tombados do município. A relação dos moradores da cidade com esses edifícios históricos se perdeu e vem em uma decrescente a ponto de não terem nem o conhecimento da existência dos mesmos. O estudo surge com o intuito de fazer com que a população local começam a utilizar esses espaços modificando assim a forma de vivenciar seu próprio meio, trazendo de voltas as memórias perdidas. Mas para mudar esse cenário se faz necessária a elaboração de diretrizes que fazem com que os moradores se sintam convidados e motivados a vivenciar e a utilizar desses locais onde estão inseridos esses patrimônios. Neste trabalho é possível verificar a falta de conhecimento e do desinteresse da grande massa dos moradores de Ipatinga a respeito desse assunto, que por sua vez está totalmente ligada a falta de gestões da administração local, que tem como função assegurar a valorização desses bens históricos.
Palavras Chaves: Identidade; memória; bens culturais; patrimônios tombados;
1. INTRODUÇÃO / ASSUNTO
Diante da frequente discussão e necessidade incessante em repensar a relação entre a cidade e seus patrimônios históricos, o estudo surge a partir da percepção e entendimento da ausência de gestões que subsidia a preservação desses edifícios/lugares. Com a crescente expansão das cidades, preservar e cuidar da manutenção do patrimônio construído se torna um grande desafio para as cidades industriais, onde seu crescimento é rápido.
A partir da análise e do estudo sobre os patrimônios do município de Ipatinga, pode-se notar uma insuficiência quanto ao conhecimento e a valorização da população a respeito dessa abordagem, mas especificamente sobre os patrimônios tombados da cidade. É notório perceber que dentre os moradores uma grande parte não tem sequer o conhecimento da existência desses lugares e/ou não dão a devida importância. Com isso o que é encontrado ao se percorrer pelo município são lugares riquíssimos em história totalmente abandonados a mercê da degradação gradativa do tempo. A principal característica de um patrimônio é que a sua conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do lugar e de seu povo, quer por seu excepcional valor arqueológico, etnográfico, bibliográfico ou artístico.
Hoje o município possui dez patrimônios tombados espalhados por toda região, dentre eles bens materiais móveis, imóveis e bens de valor imaterial, e de acordo com a pesquisa a grande maioria não são nem lembrados pela população. Com isso a falta de conhecimento se faz notória levando a se repensar na criação de estratégias para mudar esse cenário que é real em Ipatinga nos dias de hoje.
2. PATRIMÔNIOS HISTÓRICOS
O Patrimônio Histórico cultural ou Patrimônio histórico da cidade é um bem que possui importância, seja cultural, artística, religiosa, estética ou documental, que carregam ao longo dos anos um conjunto de manifestações produzidas socialmente no espaço urbano, construída pelas sociedades passadas que são de grande importância para a preservação da cultura de um povo (CREASP, 2008). Dentro do estudo de patrimônio temos algumas vertentes. Existe o bem material, onde se dá a partir de algo concreto, palpável, como por exemplo, obras de arte e igrejas; e o bem imaterial, que são os bens abstratos, ou seja, existe, mas não podem ser tocados, como uma crença, uma dança. Dentre os patrimônios materiais destacam-se os bens móveis, como coleções arqueológicas, acervos museológicos, e os bens imóveis, cidades históricas, sítios arqueológicos.
Quando falamos sobre patrimônio colocamos em questão apenas o patrimônio material, porem patrimônio não se limite apenas a isso, pois esse termo esta totalmente ligada a conceitos de memória e identidade, “uma vez que entendemos o patrimônio cultural como lócus privilegiado onde as memórias e as identidades adquirem materialidade” (PELEGRINI, 2007: p. 1). Memória é a sobrevivência do passado fazendo parte do nosso cotidiano, interferindo muito no nosso modo de ser e ver as coisas. Algumas pessoas usa o termo memória como sendo um fenômeno individual, mas ela deve ser entendida como algo coletivo também.Memória se subdivide em duas, sendo a primeira a memória individual, onde se encaixa as fotos de família, lembranças vividas, e a memória coletiva, onde se encaixam as danças folclóricas, receitas de família. (POLLAK, 1992).
A grande dificuldade de se estudar os patrimônios é em relação ao patrimônio histórico de valor imaterial. A discussão sobre esses bens é bem mais atual do que se estuda os patrimônios materiais. Em Ipatinga o primeiro registro de algum patrimônio imaterial ocorreu em Novembro de 2016, onde a prefeita da Época, Cecília Ferramenta, declarou o Congado do Ipaneminha como Patrimônio Cultural de Ipatinga.
2.1. TEORIAS DE RESTAURO / PRINCIPAIS TEÓRICOS
Intervenções arquitetônicas em patrimônios, durante muito tempo, suprimiu a necessidade de uma adaptação em relação a objetos de valor histórico. A cada passo que a contemporaneidade aumentava se fazia necessária tal mudança, onde seu principal objetivo era fazer com que essas edificações se tornassem mais adequadas nesse novo cenário. Isso se dava por meio de reciclagem de materiais, destruição ou abandono total, adaptações, podendo ser tanto física e/ou da sua função, reconstruções. (LEMOS, 2006, p. 13).
Com a Revolução Industrial juntamente com as consequências feitas pela Revolução Francesa houve um grande desenvolvimento, e as questões sobre os patrimônios históricos com o intuito de preservação foram de transformando. Surgem então debates a respeito desse assunto principalmente durante o século 19. Foram analisadas algumas das principais teorias de restauro, que pertenceu a John Ruskin, Eugene Viollet-le-Duc e Camillo Boito. Essas três teorias escolhidas foram estudadas por terem ideias diferentes uma das outras. Com sua defesa no ruinismo John Ruskin era totalmente contra a qualquer intervenção ao patrimônio. Admitia somente intervenções de conservação. Na sua definição a restauração era a real degradação da história de um patrimônio, onde qualquer interferência à obra tiraria seu caráter original. Em seu livro, A Lâmpada da Memória, Ruskin cita:
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