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LUZES E SOMBRAS NO RECENTE PROJETO URBANO EM BARCELONA

Por:   •  20/11/2018  •  Ensaio  •  2.632 Palavras (11 Páginas)  •  560 Visualizações

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Luzes e sombras no recente projeto urbano em Barcelona

SABATÉ, Joaquim. Luces y Sombras em el Proyecto Urbanístico Reciente de Barcelona. Globalización y Grande Proyectos Urbanos: La espuesta de 25 ciudades. p. 55-66. Catedrático da Universidade Politécnica da Catalunha, Espanha,2014.

O artigo apresenta uma análise das intervenções urbanísticas que Barcelona tem sofrido nos últimos anos em comparação a seu estado anterior.

“Um passeio ao longo do último trecho da Diagonal revendo alguns dos grandes projetos desenvolvidos nos últimos anos permite-nos avaliar a política urbanística barcelonesa como uma história de luzes e sombras, de operações de transformação notáveis, mas também de dívidas pendentes ainda por pagar. Esses projetos levaram à conclusão da avenida principal atravessando o antigo tecido de Poble Nou, a partir da Plaza de las Glorias até o mar; bem como de ordenação e construção de seu entorno. ” (SABATÉ, 2014, pág. 1)

O autor começa citando quatro relevantes intervenções:

“[...] o Plano Especial Diagonal-Poble Nou (que permite a abertura da avenida e da grande transformação inicial do setor); do Plano Especial 22@; os projetos ao redor da Plaza de las Glorias e ao funcionamento do Fórum 2004. ” (SABATÉ, 2014, pág. 1)

Entre as citações das intervenções urbanos, Joaquin apresenta uma síntese do nascimento da cidade de Barcelona como centro industrial. Dividido em três elementos básico desse território até então pantanoso. A primeira é a intervenção do Conde de Miró com a construção de uma enorme vala de irrigação com objetivo de levar água do Rio Besos até a cidade vizinha (954 e 966). A segunda é a execução da estrada para França e a terceira é a consolidação do cemitério de Plobe Nou no início do século XIX.

“As linhas ferroviárias subsequentes acabam por configurar o caráter industrial do assentamento, marginalizando apesar da sua centralidade. O trem para Mataró ao longo da costa (1848) e Granollers (1853-1880) cerca completamente a cidade de Sant Martí, e desenham barreiras difíceis de romper para manter contato com Barcelona e outros núcleos.” (SABATÉ, 2014, pág. 2)

O autor expressa as divergências dos desenhos da malha urbano entre o ortogonal Eixample e o parcelamento de origem medieval de Sant Marti e as linhas ferroviárias que tem cortado e isolado o bairro industrial de Ploble Nou.

“Barcelona avança pacientemente na construção de seu Eixample, mas Sant Martí parece que viverá de costas para ele. [...] A duplicação da linha ferroviária Granollers e França e a nova linha sobre a avenida Meridiana contribuem ainda mais para reforçar seu isolamento. [...] A antiga cidade foi anexada a Barcelona em 1897, embora seja difícil de corrigir a sua desconexão com o resto dos núcleos de Barcelona. Apenas duas estradas cruzam as linhas ferroviárias e mantém durante cem anos uma relação umbilical com o centro da cidade. ” (SABATÉ, 2014, pág. 3)

Nas décadas de 60 e 70 com a consolidação da Av Meridiana e Gran Via como principais eixos de acesso a Barcelona, enterrasse a ferrovia. Juntamente com a intervenção Olímpica, anos mais tarde, se enterra o restante do traçado ferroviário e com a construção da faixa costeira, desaparece a linha litorânea. A única coisa que falta para a plena integração entre Sant Marti e Poble Nou é uma extensão da Diagonal para o mar. (Plano Especial Diagonal-Poble Nou)

Segundo Joaquin com a intervenção da Vila Olímpica e outras intervenções viárias que estavam acontecendo, pouco a pouco Plobe Nou tem encontrado sua identidade como bairro misto, por meio do movimento de compra e venda e identificação das (muitas) unidades irregulares que abrigava o bairro.

“O reconhecimento minucioso permite distinguir uma rica diversidade de áreas homogêneas (complexos unitários, ambientes subdivididos, armazéns, oficinas, instalações em desusos, entre os industriais, e entre o destino residencial, casas artesanais, casas multifamiliares e blocos de apartamentos). Mas, por sua vez dá lugar a outros estudos bem originais, como medir a capacidade de transformação de diferentes partes, do desejo de manter o caráter misto do bairro. Se chega a avaliar com precisão a resistência teórica de cada uma das atividades para transformação futura, qualquer que fosse. Os custos de mudança são valorados em função da relação entre o edifício e atividade; seu grau de mecanização e número de empregados; sua posição e nível de agrupamento; as características físicas do edifício; relações contratuais; eventuais economias de todos os tipos (de escala, posição, urbanização...); as raízes de atividade. Sem dúvida, todos esses estudos reforçam a vontade de prestar atenção especial para manter esta ligação forte entre as atividades de pequena indústria, oficinas, armazéns e atividades residenciais. Com isto se pretende assegurar certa continuidade do tecido social e do próprio caráter do bairro de Poble Nou. ” (SABATÉ, 2014, pág. 5)

O Plano Especial Diagonal-Poble Nou expõe três objetivos fundamentais: 1. Continuar a Av Diagonal até o mar, apresentando 10km de extensão se tornando foco de atividades e um eixo que traga centralidade que revitalize o bairro degradado. 2. Prosseguir o saneamento e a remodelação do tecido cruzado, isso se diz respeito ao desenho das vias e quadras de modo que permita ao menos um terço da capacidade voltada a habitação e manter tanto quanto possível, vestígios e elementos de interesses preexistentes. 3. Procurar manter o caráter misto, garantindo a coexistências de atividades produtivas e habitacionais, procurando modelos de compatibilidade física entre os mesmos.

A morfologia arquitetônica dos edifícios e das quadras que iria ser adotada desde a Plaza de La Gloria até o mar era dividida em duas opções, ou seguia o padrão Eixample, ou confiaria a continuidade de uma base de três pavimentos que se pode sobrepor volumes de formas diversas, respeitando certo espaçamento e distâncias proporcionais entre eles. Mas em ambas o ideário era o mesmo:

“Como nos projetos de Rokin para Amsterdã e Unter den Linden para Berlim se persegue nesta mistura de diferentes usos (comércio no térreo, serviços e escritórios na parte central com habitação sobrepostas) em uma imagem arquitetônica poderosa e na escala da cidade. Alguns edifícios singulares no cruzamento e em torno de um grande Parque Central servem de contraponto à ordem mais prolongada da avenida e as ruas do Eixample. [...] Finalmente a prefeitura, contra os critérios da equipe técnica, assume na avenida uma definição supostamente de frentes continuas, mas que rompe as esquinas com

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