METODOLOGIA PARA ANALISAR A QUALIDADE AMBIENTAL URBANA ATRAVÉS DE GEOPROCESSAMENTO
Por: Raphael Fernandes • 28/6/2020 • Artigo • 5.615 Palavras (23 Páginas) • 257 Visualizações
METODOLOGIA PARA ANALISAR A QUALIDADE AMBIENTAL URBANA
ATRAVÉS DE GEOPROCESSAMENTO1
Valéria Lima2 Margarete C. De C. Trindade Amorim3
Resumo
As paisagens urbanas resultam da intensa relação da sociedade e natureza juntamente com as relações sociais, transformando e modificando os componentes físicos desta, podendo diminuir a qualidade ambiental. Esta pode estar relacionada com a forma de apropriação do espaço e, em parte, com o tipo de utilização do solo, assim como a falta e/ou inadequado planejamento. Para analisar a qualidade ambiental urbana é necessário considerar vários componentes da paisagem, tanto relacionados aos aspectos físicos como os sociais. Por isso, a escolha da metodologia e a sistematização de atributos ambientais são importantes, pois dependendo dos parâmetros utilizados, os resultados podem contribuir para o ordenamento e planejamento do espaço. Portanto, apresenta-se neste artigo, uma metodologia para analisar a qualidade ambiental urbana fundamentada no Planejamento da Paisagem, esta possui base nos estudos de Ecologia da Paisagem com auxílio de técnicas de geoprocessamento.
Introdução Os problemas relacionados ao meio ambiente têm sido observados com mais intensidade nas cidades, sendo assim os estudos relacionados à qualidade do ambiente urbano podem subsidiar o planejamento a partir de informações que poderão gerar políticas capazes de tornar o uso e a ocupação do solo nas cidades menos impactantes ao meio ambiente, que deve ser relativamente equilibrado para melhorar a qualidade de vida da população. No entanto, é necessário verificar a situação atual da qualidade ambiental através de indicadores para uma posterior contribuição para melhoria desta.
Para analisar a qualidade ambiental urbana é necessário considerar vários componentes da paisagem, tanto relacionados aos aspectos físicos como os sociais. Por isso, a escolha da metodologia e a sistematização de atributos ambientais são importantes, pois dependendo dos parâmetros utilizados, os resultados podem contribuir para o ordenamento e planejamento do espaço. Portanto, a metodologia para analisar a qualidade ambiental urbana apresentada neste artigo fundamenta-se no Planejamento da Paisagem que possui base nos estudos de Ecologia da Paisagem com auxílio de técnicas de geoprocessamento.
Esta metodologia possui como principal ferramenta a espacialização de vários atributos ambientais negativos e a integração destes considerando às características físicas e sociais da área em estudo. Considera-se a influência negativa de indicadores
1 Esta metodologia foi aplicada na dissertação de mestrado “Análise da qualidade ambiental na cidade de Osvaldo Cruz/SP”, as discussões e resultados fazem parte desta. 2 Doutoranda em Geografia do programa de Pós-graduação da FCT/UNESP, campus de Presidente
Prudente/SP 3 Profa Doutora do Departamento de Geografia da FCT/UNESP, campus de Presidente Prudente/SP.
como a falta de cobertura vegetal arbórea, o déficit de espaços públicos para áreas verdes e/ou praças, as áreas de risco de enchentes, as áreas que possuem alta taxa de densidade populacional analisada juntamente com a falta de infra-estrutura urbana, a incompatibilidade dos tipos de uso do solo que podem interferir direta ou indiretamente na qualidade do ambiente. Entende-se que, de alguma forma, os atributos ambientais negativos diminuem a qualidade ambiental da cidade.
A partir desses indicadores e com auxilio de geoprocessamento é possível gerar uma carta de qualidade ambiental através da ferramenta LEGAL (Linguagem Espacial para Geoprocessamento Algébrico) do software Spring, definida pelo cruzamento da presença negativa dos atributos.
A representação de cada atributo e o respectivo cruzamento destes são elaborados através de um SIG (Sistema de Informações Geográficas) que possui como funções o processamento de imagens, análise espacial, modelagem numérica de terreno e, consulta a bancos de dados espaciais. A aplicação de um SIG para a geração da carta de qualidade ambiental facilita a representação e a diferenciação das características de cada atributo negativo.
Os Sistemas de Informações Geográficas assumem grande importância para análises e representações dos resultados a partir de atributos temáticos, principalmente para a geração da carta de Qualidade Ambiental. Por esse motivo, considera-se importante ferramenta do geoprocessamento.
O objetivo é elaborar uma carta de qualidade ambiental através de indicadores que possam representar os vários segmentos que constitui a paisagem urbana, com isso torna-se possível uma análise espacializada para contribuir nas discussões de qualidade ambiental e, consequentemente da qualidade de vida da população, conciliando com possíveis propostas de ordenamento do espaço urbano considerando os elementos físicos deste.
1. Qualidade Ambiental Urbana
A qualidade ambiental pode ser considerada como um equilíbrio entre elementos da paisagem urbana através de um ordenamento do espaço, conciliando principalmente os benefícios da vegetação com os diversos tipos de usos do solo através de um planejamento.
De acordo com Lima (2007), considera-se que o ambiente é formado pelo sistema natural (meio físico e biológico) e pelo sistema antrópico (constituído pelo homem e suas atividades). Ao ocupá-lo e utilizá-lo para a construção das cidades e/ou expansão, a sociedade altera o meio natural através da retirada da cobertura vegetal para a construção de estradas, casas e equipamentos públicos sem planejar os espaços que estão sendo alterados.
Muitas vezes essas construções são em locais inapropriados ou mesmo sem os cuidados mínimos quanto ao relevo, aos corpos d’água e nascentes. As construções não obedecem à drenagem natural das águas relacionadas às declividades dos terrenos o que ocasiona enchentes, deslizamentos e outros danos que prejudicam a população residente nesses locais.
Dentre muitos outros problemas sócio-ambientais existentes nas cidades, também devem ser mencionados os serviços públicos insuficientes; a distribuição desigual de equipamentos urbanos e comunitários; falta de áreas verdes; os padrões inadequados de uso do solo; e a baixa qualidade técnica das construções. (FERNANDES, 2004 p. 101)
Todos esses problemas juntamente com vários outros fatores contribuem para diminuir a qualidade ambiental nas cidades, relacionando-se em alguns casos com o inadequado planejamento e a falta de consciência de se preservar os elementos naturais que compõem o espaço urbano,
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