O Lote Urbano e Arquitetura no Brasil
Por: Kauã Sartori • 24/8/2019 • Resenha • 2.298 Palavras (10 Páginas) • 403 Visualizações
1
II u lJll
~
~
Lote urbano e arquitetura
Em cada epoea, a arquitetura e produzida e utilizada de um modo diverso, relacionando-se de uma forma c:aracteristica com a estrutura urbana em que se
ins tala.
As princlpais cidades brasileiras e seus
edificlos foram em grande parte estruturados DOS seculos passados e funcloDam
pretariamente DOS dias atuais.
0 estudo de sua evolupo ajDdar8 a
transform-los.
Urn tra<;o caracteristico da arquitetura urban~ e
a relac,:ao que a prende ao tipo de lote em que esta Jmplantada. Assim, as casas de fre?te ?e rua, do periodo
colonial, cujas raizes remontam as ctdades medJe~o~renascentistas da Europa, ou as casas de porao habttavel
com jardins do !ado, caracteristicas do seculo XIX ou,
ainda os edificios de apartamento das superquadras de
Brasiiia sao conjuntos tao coerentes, que nao e possivel
descrev~-los completamente sem fazer referenda a forma de sua implantac,:ao. Ao mes~o tempo, nao .e dificil
constatar que os lo'tes urbanos tern correspond1do, em
principia, ao tipo de arquitetura que irao receber: os
lotes medievo-renascentistas a ar9uitetura daqu~l~s. tern- )
pos, 9s lotes mais amplos do .seculo ?CIX e IlllCI~ do
seculo XX as casas com jardms parttculares e, fmalmente, as superquadras a complexida?e dos program~s
residenciais recomendados pelo urbamsmo contemporaneo. As mudanc,:as ocorridas em .am.bos os e~or ,
atraves da Hist6ria, sao de molde a md1car a pers.Jstencia de urn conjunto de inter-relac,:oes, cujo conhecimento e sempre da maior importancia, seja para o estu~o
da arquitetura, seja para o estudo dos aspectos urbamsticos. Como ressalva, apenas sera de notar que a arquitetura e mais facilmente adaptavel as modificac,:o~s
do plano economico-social do que 0 lote urbanq_, PC:IS
as modificac,:oes deste exigem, em geral, uma alterac,:ao
do proprio trac,:ado urbano. Em. decorrencia, os sinais
da evoluc,:ao podem ser reconhec1dos quase sempre .-
senao sempre - em primeiro lugar no plano arqUitetonico e s6 depois no urbanistico, onde sao fruto de
uma adaptac,:ao mais lenta. Essa defasagem explica
algumas aparentes contradic,:oes, como, por exemplo,
a utilizac,:ao Corrente de esquemas do seculo XIX em
bairros novas das cidades brasileiras dos dias atuais,
quando o seu emprego ja vai sendo considerado como
urn arcaismo em paises mais desenvolvidos. Contudo, '\
como se podeni observar do material a seguir apresen- )
tado, a arquitetura tera que aguardar a evolw;ao dos
modelos urbanisticos, para alcanc,:ar o pleno desenvolvimento das soluc,:6es arquitetonicas correspondentes.
A perspectiva que queremos destacar e, portanto,
a da interdependencia entre arquitetura e lote urbano, IJIIIIIIdo sf1o amadurecidos pelas tradic,:oes, de modo infor111 111. ou quando sao pensados e planejados racionalmente.
h lo significa que, ao examinarmos uma arquitetura condi-
' 1onndn por um certo estagio tecno16gico e por determinadit\ solicitar,;6cs de ordem socio-cultural e econ6mica e, silllllll uncamenle, ao examinmmos urn trar,;ado urbano condirionmlo por outros fatores, admitimos que estes compromis-
:<os lcndcm a gerar, dentro das possibilidades colocadas, tipos de rclac,:ocs e configurac,:oes que satisfac,:am as duas ors de solicitac,:oes. Essas sao, basicamente, as relac,:oes enIl l' os cspac,:os publicos e os espac,:os privados.
Dcnlro de intervalos de tempo relativamente longos,
luis con!igurac,:oes devem conseguir uma certa validade e,
l'onscqlientemente, uma certa estabilidade, tornando-se
lmdicionais, uma vez que consigam satisfazer a urn nu1111.'1 o grande de imposic,:oes e func,:oes, tanto arquitet6nir ns, quanto urbanfsticas. Todavia, as transformac,:oes perlllaucnles dos difercntes fatores de influencia, sejam tecnol6gicos, sejam econ6mico-sociais, exigem uma adaptal,'lio pcrmanente daquelas relac,:oes. 0 desenvolvimento
dcslc processo constitui a evoluc,:ao da implantac,:ao da arquilclura urbana. ·
A analise dessas relac,:oes e sua evoluc,:ao oferece, evidculcmente, possibilidades explicativas relevantes, tanto
pnra o cstudo da arquitetura, quanta para o estudo dos pr6-
P' ios f'en6menos urbanos. Julgamos en tao oportuno chamar
ltlr u\i'io para o assunto e, sobretudo, para certas conclusoes
IJIW nos parecem validas, passfveis de serem tiradas com
1t.1se no material existente no Brasil.
Procuramos dividir o assunto, de modo sumario, fo-
' .llll.ando 0 perfodo colonial e OS seculos XIX c XX,
111. ~ suas propor 5es resultaram desiguais, segundo as nell'ssidades de exposic,:ao c conforme a maior ou menor riq ut·t.a do material. A dificuldade mais seria que encontralnos !'oi, porem, a ausencia de bibliografia ampla sobrc a
n1qui1c1ura urbana, a qual pudcsscmos nos reportar. Desse
Jllodo, quase sempre que se tornava necessaria mencionar
,.,,.,llcnl os arquitet6nicos, eramos obrigados a apresentar
lll odrlos sumarios,
...