O QUE É CIDADE - RAQUEL ROLNIK
Por: Daiane Rocha • 15/3/2018 • Resenha • 667 Palavras (3 Páginas) • 491 Visualizações
O QUE É CIDADE - RAQUEL ROLNIK
O significado de cidade se manifesta além do campo físico. O espaço urbano não se restringe a elementos como edificações, ruas, vias, fachadas, praças e monumentos, mas do que é sentido por quem vive a cidade de fato. Ao enxergarmos a cidade como um imã, devoradora de espaços, que atrai e concentra pessoas e suas histórias, podemos começar um estudo e então iniciar a atuação nesse organismo vivo que sobrevive pela sua capacidade de se adaptar e de se transformar sempre quando se faz necessário.
As pessoas carregam e alargam a cidade. Não fisicamente, é evidente, mas as cidades são maiores do que aparentam ser. Quem vive a cidade, tanto por morar, trabalhar ou simplesmente transitar, traz consigo a sua cultura, suas tradições e seus rituais, grandezas imensuráveis nesse campo de estudo. Assim sendo, o próprio espaço urbano consegue contar sua história, gera-se uma espécie de memória coletiva para aqueles que, independente da forma de viver a cidade, conseguem se sentir identificados e colaboradores desse espaço. Deixa claro que o viver em coletivo não é apenas uma opção, mas um pré-requisito de uma boa cidade, pois cada indivíduo é um fragmento atuante do todo.
A escrita e a cidade ocorrem quase que no mesmo momento histórico, não por acaso, mas pela necessidade de se criar memória. Com essa medida e gestão do trabalho coletivo, o próprio espaço consegue explanar toda a troca e colaboração ocorrida no local, potencializando a capacidade de criação e adaptação entre os seus atores. Ao fazer uma analogia de empilhar tijolos(cidade) com agrupar letras(palavras), deixa claro a ideia de que o espaço, por mais aparentemente simples que seja, carrega consigo um significado imensurável no campo da memória, porque o espaço conta história. E o que nos diferencia dos outros animais senão a capacidade de guardar momentos e criar laços através das memórias? O ser humano é produto do que tudo o que já se foi, e a cidade, por sua vez, produto de tudo o que o ser humano já sentiu.
Por outro lado, há outras forças atuantes na cidade que equilibram - ou pelo menos deveriam - junto ao fator social: o político e o econômico. Desde a cidade moderna, torna-se mais claro que a área urbana acaba se tornando a última fronteira do capitalismo. Com isso, a máxima "separar para conquistar" se faz presente nas políticas e nos planejamentos urbanos recentes, tendo como consequência as segregações sócio-espaciais e a fragmentação do espaço em zonas, assim, causando o sentimento do não pertencimento entre as pessoas que vivem a cidade. O espaço então que acaba por se tornar uma espécie de um quebra-cabeças de peças diferenciadas mal conectadas entre si, distanciando horizontes e aprofundando abismos.
Fica evidente, portanto, que ao atuar na cidade, na macro ou micro escala, o arquiteto e o urbanista devem se atentar aos detalhes da memória, preservação e história do local. Deve
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haver uma pesquisa profunda na área para que não ocorram equívocos e falhas porque acabam atingindo a toda a sociedade, direta ou indiretamente, criando caos quase irreparáveis. Uma boa proposta seria um equilíbrio entre as forças que regem a cidade, a social, a política e a econômica,
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