O que é cidade - Raquel Rolnik

Resumo do texto: “O que é cidade?”

ROLNIK, RAQUEL.  O que é cidade? São Paulo: Brasiliense, 1995.

Juto com a cidade está a organização da vida social e do coletivo. A cidade atrai, reúne e concentra as pessoas, e surgiu dessa maneira, através da ideia de se cultuar e se manter ao redor do templo (zigurates). E em volta dele nascia a cidade. Assim o homem começa a aprender a manipular a natureza e sente a necessidade de uma organização política e de tarefas.

A cidade é um registro material de sua história. Não só os documentos e registros fixam uma cidade, mas principalmente sua arquitetura, seus prédios, os desenhos de suas ruas. A reutilização ou a transformação da arquitetura de uma cidade faz com que ela perca seu sentido, seu contexto dentro da cidade, e muitas vezes transforma o espaço em que está inserida.

Para funcionar bem, a cidade precisa de uma gestão para controlar o grande número de pessoas que circulam por ela, os espaços coletivos nela presentes. Uma das primeiras formas de gestão foi o clero, que mantinha seus habitantes dentro de muralhas. Hoje não se existem mais muralhas físicas, mas há outras formas de controle da população através de diversas tecnologias.

No início, as cidades não eram planejadas, não tinha uma divisão dos espaços. Elas iam nascendo. Aproveitava-se os rios e montanhas como muros de defesa. Com o fim do feudo começam a aparecer mais cidades e vão ficando cada vez maiores. Passam a ser governadas por famílias nobres e expandem seus territórios. Daí surgem as cidades-estados e depois as monarquias.

A partir de então começa a segregação espacial nas cidades. Passam a ser divididas em zonas correspondentes ao tipo de vida da população. Isso cria uma espécie de muro algumas vezes imaginário, outras escancarado, indicando a diferença entre os lugares e pessoas de uma mesma cidade. E na maioria das vezes, isso é o resultado da diferente forma de tratamento dado pela administração.

Com essa segregação, que a principio separa a população pelo seu nível financeiro, vem também um novo jeito de se dividir a casa e de implanta-la. Antes a casa também era a oficina, agora é só para moradia.

Com o passar do tempo a cidade passou a ser pensada para o presente e para o futuro. Passa a ser redesenhada, com ruas retas, construções monumentais e casas alinhadas. Começam a ser construídos os hospitais e prisões, por exemplo, para atender a demanda das cidades em crescimento. Essas reformas contribuem ainda mais para a divisão da população e excluiu os mais ricos do centro da cidade. E ao mesmo tempo em que são expulsos, esses indivíduos passam a ser cada vez mais fundamentais para o funcionamento da cidade. Cabe ao Estado homogeneizar a cidade, mas isso não acontece. O poder da administração pública passou a ser um objeto disputado, deixando de lado sua principal função.

O aparecimento da indústria motiva a urbanização. Com elas começaram as imigrações para  as cidades, que passou a ficar cada vez mais heterogênea. A divisão social agora passa a ter relação étnico/ cultural. E os indivíduos excluídos dos centros das cidades eram os mais cobiçados pela indústria por ser uma mão de obra forte e barata. A indústria também traz para a cidade além da diversidade da população, a diversidade de produtos.

Hoje em dia a cidade evoluiu e se transformou muito. Se antes ela aproveitava a natureza, hoje é cada vez mais comum a destruição dela para a construção de cidades artificiais. Não se depende mais efetivamente das estações do ano, do dia ou da noite , por exemplo, para as atividades e vida urbana. E cada vez mais, as pessoas e cidades estão mais próximas com o avanço dos meios de comunicação. Alguns estudiosos dizem  que com toda essa tecnologia e avanço, num futuro as pessoas não terão mais a necessidade de se concentrar nas cidades. Ou seja, todo o avanço conquistado através da cidade poderá acabar por destruí-la.