O Que é Cidade - Raquel Rolnik - Resumo dos primeiros tópicos
Por: Lucas Bretas • 13/11/2015 • Resenha • 833 Palavras (4 Páginas) • 1.623 Visualizações
O que é a cidade? Natureza, origem, transformação. O lugar capaz de trazer o reconhecimento durante o caminho, de alguém que esteve longe por muito tempo. Uma obra coletiva que desafia a natureza.
Uma nova relação homem/natureza nasce há muitos anos através da necessidade de um território fixo para que a cidade possa existir. Com a criação desta, nasce então a organização política, econômica e social, a necessidade de gestão da produção coletiva.
Na metrópole, desde sua criação entre muralharas, localiza-se os templos onde os deuses governam e garantem o domínio do território. Ao longo dos anos foram criados palcos para outros governos, criação de selos, símbolos, mitos, evolução de toda a tecnologia, tudo dentro da cidade. A metrópole contemporânea se estende ao infinito. Sua capacidade de expansão é inimaginável, se caracteriza pela capacidade de circulação, fluxo de mercadoria, pessoas e capital.
A cidade tem a função de registrar as mudanças através do tempo, a arquitetura tem papel importantíssimo de deixar gravado nas ruas as características de épocas passadas até os tempos de hoje. O próprio espaço tem a função de mostrar como uma linha do tempo, por quando passaram as metrópoles que um dia foram criadas para proteger os internos do inimigo, criando muralhas e separando as cidades da natureza e expansão.
Num primeiro momento, quando pensamos em uma definição para cidade, logo nos vem à cabeça as metrópoles urbanas, como São Paulo ou Nova Iorque, que são definidas pelo trânsito, a violência, prédios enormes, um grande volume de pessoas e o mais interessante de tudo: uma falta de “limites”, que se apodera e urbaniza tudo ao redor. Podemos definir cidade dessa maneira? Em nosso contexto atual, sim. Mas e quanto às grandes cidades do passado que eram um conjunto de edifícios densos e definidos cercados por muralhas, como Jerusalém e Babilônia? Também podem ser considerados cidades.
Notamos que essas definições são datadas, ou seja, analisam a cidade de acordo com a época ou contexto no qual ela está inserida. Desta forma, observando as cidades ao passar do tempo, percebemos uma característica essencial e comum à todas elas: sua capacidade de reunir e concentrar pessoas.
Caminhando para o início da civilização, temos o mito de Babel, onde os homens tentaram subjugar a natureza, mostrando que não apenas ela poderia criar algo, mas eles também. Tal empreendimento resultou numa organização por parte dos homens para que obra pudesse ocorrer, mas eles foram castigados, divididos em grupos, formando assim, as nações, construindo as primeiras cidades e cidadelas e criando uma nova dinâmica homem X natureza.
A construção das cidades (“empilhar tijolos definindo formas geométricas”) e a escrita (agrupamento de letras e palavras, formando sons e ideias) são fenômenos essenciais para o homem que ocorrem de maneira simultânea e registram o acúmulo dos “bens” mais importantes para ele: o conhecimento e a riqueza.
As tipologias arquitetônicas de uma cidade ajudam (tanto quanto documentos escritos) um observador a decifrar e entender o mundo em que tal cidade foi concebida, seja pela disposição das ruas, dos desenhos das praças e templos ou qualquer outra coisa.
Mas além de registrar a vida da cidade, a arquitetura também pode moldá-la, ou ser moldada com base num interesse de uma pessoa ou grupo social, assim como podemos mudar completamente o sentido de uma frase por mudar apenas algumas letras ou palavras. Por isso hoje se fala de preservar bens arquitetônicos, para que eles possam contar sua história e daqueles em volta, mesmo que estejam ali só para serem observados.
Em uma cidade, o indivíduo nunca esta só e o conjunto de indivíduos é denominado massa. Mesmo em cidades pequenas onde não há uma massa, existe uma aglomeração de pessoas fazendo com que haja a necessidade de administrar a vida coletiva.
...