O Uso Racional do Solo para o Desenvolvimento
Por: Felipe Vettorazzi • 11/5/2020 • Trabalho acadêmico • 1.805 Palavras (8 Páginas) • 325 Visualizações
CURSO SUPERIOR DE ARQUITETURA E URBANISMO
FELIPE VETTORAZZI HOFF
III CIAM – BRUXELAS, BÉLGICA
Uso Racional do Solo para o Desenvolvimento
CAXIAS DO SUL 2020
III CIAM, USO RACIONAL DO SOLO PARA O DESENVOLVIMENTO
No ano de 1930, em Bruxelas, foi realizado, com ajuda de Victor Bourgeois, o III CIAM. Intitulada Rattionelle Bebauungsweisen, a publicação abordou a questão da habitação com um enfoque urbano maior que os congressos anteriores, debatendo amplamente a questão da altura ideal das edificações, assim como o distanciamento entre os blocos, com a prerrogativa de estabelecer o uso mais eficiente do solo e dos materiais construtivos. Entre os debates que foram tecidos após tal documento ser publicado, estavam as questões do congresso em geral e o fato de que a iniciativa privada não poderia colaborar com a habitação proletariada, pois seria necessário criar uma forma de habitação coletiva para a classe trabalhadora. O problema de construção em massa das habitações deveria ser resolvido pelo planejamento em larga escala e seria, portanto, um problema de planejamento urbano.
A preparação do Congresso começou com CIRPAC de fevereiro de 1930, realizado no escritório de Le Corbusier. Nesse encontro o II CIAM foi amplamente criticado por não abranger a temática dos serviços coletivos em relação aos conjuntos habitacionais, se restringindo apenas a questão da moradia.
“São os arquitetos alemães, junto com Le Corbusier, que insistirão no fato de que o problema da habitação mínima não é apenas aquele colocado por sua área, composição e o preço de seu aluguel” (KOPP, 1999, p.53).
Em Bruxelas foi definido, após uma análise de comparação de custos, que o mínimo vital seria uma unidade para 4 ou 5 camas como padrão agregativo- compositivo, com uma área resultante de 40 a 42 m2 (AYMONINO, 1973, P.94).
Walter Gropius, em sua conferência “Edificação baixa, média ou alta?”, apresenta estudo matemático relacionando a densidade e altura de habitações e a distância entre blocos paralelos de uma possível urbanização a fim de buscar uma “divisão racional do solo”. Tal forma trazia, também, uma nova visão para o espaço livre: agora a residência envolvia sutilmente o elemento natural e, sem aprisioná-lo, tornava-o coletivo.
O Congresso de Bruxelas, em 1930, foi uma clara consequência do desenrolar dos assuntos debatidos no ano anterior, o encontro procurou examinar, segundo o seu tema: os ‘Métodos da construção racional'. No que concernem esses ‘métodos', buscou-se muito mais uma análise técnico-econômica dos conjuntos habitacionais, do que uma análise tecnológica da construção dos edifícios isoladamente. Uma das questões mais debatidas, nesse momento, foi a altura das edificações; diferenciada entre casas altas, médias e baixas. As definições sobre as escolhas mais apropriadas foram ponderadas através de parâmetros econômicos, sociológicos e higiênicos, numa tentativa de superar a discussão estritamente econômica, o termo ‘racional' foi bastante empregado. Nesse contexto, a abordagem de habitação ultrapassa a escala de vizinhança, assumindo a escala da cidade. Segundo Gropius, naquele momento: ‘racional é mesmo que econômico; quando empregado textualmente; mas no nosso caso compreende antes de tudo as necessidades psicológicas e sociais, para além das econômicas' (Gropius apud AYMONINO, 1973, p.211).
Os debates deste Congresso buscaram definir tipologias edificatórias, casas geminadas, alinhadas, laminares, organizadas em três possibilidades, baixas, médias e altas, estudadas e discutidas através da apresentação de projetos que serviram para apoiar cada uma das hipóteses. A construção de prédios altos foi, provavelmente, a opção mais defendida entre os arquitetos participantes, sobretudo por Le Corbusier, que aproveita o CIAM para apresentar as 17 pranchas de ‘La ville radieuse': unidades habitacionais padronizadas, organizadas em blocos laminares e circulação de veículos e pedestres separadas. Le Corbusier completa sua fala com um reiterado discurso sobre a desagregação da cidade.
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Figura 1. Prancha Ville Radieuse.
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Figura 2. Maquete da Ville Radieuse.
A abordagem de Gropius se dava através de modelos com edifícios laminares convenientemente espaçados, defendendo a legislação limite quanto a densidade populacional, controlando a relação entre volume construído e a superfície edificável, também citando a legislação de zoneamento, a qual apontava como instrumento para garantir condições urbanas adequadas. Enquanto a proposta de Le Corbusier ambiciosamente propõe apenas 12% do solo urbano seria ocupado por edificações, através do adensamento gerado pelos edifícios em grande altura. Um dos argumentos que justifica a construção de edifícios altos era a diminuição dos custos do solo e da urbanização, a qual poderia chegar a 36%.
Contudo, as limitações do modelo de muitos pavimentos foram também bastante discutidas, entre elas estavam as barreiras tecnológicas como os sistemas de calefação central, caixas de escada e, principalmente, o emprego de elevadores (BOEHM e KAUFMANN apud AYMONINO, 1973, p.200). Eles chegaram a conclusão de que a solução de construir em altura não poderia ser sempre considerada como vantajosa, entretanto, a partir do sexto pavimento o encarecimento da obra seria compensado por outros fatores, como a economia com a infraestrutura urbana, viabilizando esse tipo de obra. Mesmo assim deixaram a ressalva: ‘Existem outros condicionantes importantes para decidir se no futuro deveremos ampliar a construção de edifícios de muitos pisos'. (BOEHM e KAUFMANN apud AYMONINO, 1973, p.210).
Em seus textos, Gropius abordava a otimização da terra, da infraestrutura urbana e dos transportes como os principais fatores que indicariam a racionalidade dos edifícios em altura. A construção mais criticada para a urbanização das cidades
foi a da construção de edifícios de média altura, esses modelos deveriam ser superados, segundo Gropius, pois não apresentavam ‘nem as vantagens da construção baixa, nem as da altura, da qual é inferior desde o ponto de vista social, psicológico e, em parte, também econômico' (GROPOUS apud AYMONINO, 1973, p.233); de modo que a superação desse modelo, de 4 a 5 pavimentos, constituiria um progresso para a vida futura nas cidades. As justificativas sobre cada uma das tipologias propostas são:
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