OS ESTUDOS URBANOS

ESTUDOS URBANOS

A formação e construção do espaço urbano se dá através de diversos aspectos, sendo o fator econômico o mais relevante. Olhando por uma escala macro no início da formação da cidade, o relevo natural e as condições locais dão o primeiro passo para a formação do espaço, ou seja, os aspectos naturais (relevo, acesso a agua potável, acessibilidade, paisagem natural, entre outros). Em um segundo momento, outros aspectos passam a determinar a formação do espaço urbano e a sua consolidação, e o desenvolvimento do capitalismo ajudam a influenciam nesse processo.

Com o crescimento das cidades e de suas populações, locais privilegiados por paisagem natural ou fácil acesso ao mercado de trabalho, comercio e infraestrutura da cidade, acabam sendo locais de grande procura para moradia, porém, tais condições não são de grande abundancia no espaço urbano, ocasionando uma grande disputa por parte dos habitantes, e influenciando para que esses locais sejam valorizados. Nesse sentido, a partir do poder econômico e monetário, desenvolvem-se as centralidades, as periferias e a segregação social de modo geral em todo território urbano. O estado que por sua função constitucional deveria criar amenidades e ajudar no desenvolvimento justo do espaço urbano, acaba por trabalhar em conjunto com os interesses do privado, com a justificativa de que tal parceria promoverá desenvolvimento para todos, porém, não é assim que acontece. É muito comum observar loteamentos de interesse social, para populações de baixa renda, serem promovidos pelo estado e implantados em regiões isoladas do espaço urbano consolidado, criando por fim bairros segregados, sem laser, infraestrutura e com condições precárias.

Em viajem de estudos para a cidade de Passo Fundo, visitamos um loteamento de interesse social que se encontra segregado do espaço urbano consolidado da cidade, onde hoje constituiu-se em um bairro. Com 30 anos de idade, o local não possui escola de ensino médio e áreas de lazer com praças, quadras e campos de futebol. O que foi encontrado lá referente a estas necessidades foram construídas pelos próprios moradores do bairro. Em contraste com tais condições, visitamos um loteamento de apenas 4 anos de idade, aonde foi possível observar pela ótima infraestrutura implantada e inutilizada, que a intenção do local é para uma parcela privilegiada da população. Ao entorno da nova e bonita infraestrutura, com quadras, praças, paisagismo, ótimos calçamentos e avenidas, começam a surgir nas quadras vazias, grandes casarões e edifícios de alto padrão, exemplificando como os recursos públicos são gastos em prol dos interesses do privado, do capital, e dos grandes empresários. Neste exemplo, o estado justificaria tal investimento por conta de um desenvolvimento que beneficiaria a todos, a ‘máquina de crescer’.

O estado passa a ser um grande agente na formação do espaço urbano, na medida que desenvolve e encaminha o crescimento da cidade, porém apenas em prol do crescimento econômico e dos interesses do privado, demonstrando grande descaso com os interesses do coletivo e de grandes massas desfavorecidas. Tal atuação, tem papel importante na manutenção do sistema capitalista. Que por fim, nosso sistema capitalista é tão disseminado, que o próprio espaço urbano se desenvolve e coopera mutuamente com o sistema do capital, de modo que o próprio espaço-territorio é mercadoria do sistema, sendo este, o grande agente formador do espaço urbano.