Os Significados das Reformas Urbanas
Por: Minos_De_Griffon • 9/9/2019 • Trabalho acadêmico • 1.609 Palavras (7 Páginas) • 234 Visualizações
Antes de adentrar ao significado das reformas urbanas do século XIX, sendo o momento em que se desenvolve o estudo e aplicação do que temos hoje como urbanismo, se mostra necessário se desenvolver o contexto, assim como análise e a interpretação de casos e situações ocorridas no período, isso se deve pelo que se diz infiel desenvolver-se qualquer análise e estudo do momento proposto sem que haja uma prévia observação e entendimento de seu contexto, já que o mesmo se faz totalmente vinculado, sendo ele causador, a sua origem.
De maneira sintética, podemos apresentar o contexto no qual as cidades se encontravam para que tornou-se necessária as reformas urbanas do século XIX, por meio de uma afirmativa de Leonardo Benevolo em seu texto, “A História da Cidade”
“A liberdade individual exigida como condição para o desenvolvimento da economia industrial revela-se insuficiente para regular suas transformações de construção e urbanismo, produzidas justamente pelo desenvolvimento econômico.”
Assim, o cenário urbano da virada do século se mostra em crise, trazendo como estopim a revolução industrial, sendo o urbanismo um fenômeno desvinculado da mesmo, no entanto em tal situação se mostra ocasionado pela mesma,a qual proporcionou um grande aumento na velocidade e na quantidade de iniciativas, tanto privadas quanto públicas, dessa maneira o ambiente se desenvolve de maneira desorganizada e insalubre, afetando na qualidade de vida, causando desconforto e enfermidades.
“Durante todo um dia pesado, escuro e mudo de outono, em que nuvens baixas amontoavam-se opressivamente no céu, eu percorri a cavalo um trecho de campo singularmente triste, e finalmente me encontrei, quando as sombras da noite se avizinhavam, à vista da melancólica Casa de Usher. Não sei como foi – mas, ao primeiro olhar que lancei ao edifício, uma sensação de insuportável angústia invadiu o meu espírito. Digo insuportável, pois tal sensação não foi aliviada por nada desse sentimento quase agradável na sua poesia, com o qual a mente ordinariamente acolhe mesmo as imagens mais cruéis por sua desolação e seu horror.”
No trecho da texto “A Queda da Casa Usher” de Edgar Allan Poe, assim como em muitas outras obras desse e de outros autores da época, se faz possível, por meio da melancolia e o ar sombrio em suas palavras perceber, do mesmo modo que criar um cenário perceptivo de como se mostrava o ambiente urbanos e social do período, trazendo por meio da literatura, de maneira poética o sentimento de escuridão, desconforto e angústia que pairava sobre o ambiente vivido.
Em meio a situação observada, cresce a vontade de contrapor-se a mesma, a partir disso, ocorre a perda da autoridade política e origina-se as respostas, sendo consideradas as reformas urbanas, as quais voltam os olhares a cidades antigas em busca de padrões e razões que justifiquem o bem estar populacional existente na época. Originado a partir de tal busca, o urbanismo pós-liberal direciona-se a evitar o isolamento de monumentos e a rigidez do traçado, pontos presentes anteriormente, revivendo tecidos urbanos tradicionais em busca dos princípios artísticos que teriam a capacidade de reger a cidade e direcioná-la a alteração da situação presente, preza-se também de maneira a não poder ser ignorada pelas questões sociais e sanitárias das cidades, desenvolvendo teorias como a dos miasmas, que prende-se ao conceito de ventilação para que se evite epidemias.
Por conta do cenário de crise origina-se ideais no sentido de reformas e utopias que acabaram por marcar o momento histórico tratado, ideais as quais trazem diversos conceitos e muitas as vezes investigando a relação entre a cidade e o campo, representada Ebenezer Howard em seu conceito de cidade jardim e o diagrama dos três ímãs, que prezam pela indagação de qual espaço seria mais agradável a população, contrapondo qualidades e defeitos da cidade e do campo, para que dessa maneira se origine seu ideal de cidade-jardim, mesclando as mesmas. Observa-se também reformas urbanas como as ocorridas em Paris e em Londres, as mesmas apresentando situações e desenvolvimento diferenciados, dessa maneira diferenciando-se em cenário regional, político e legais.
Pode-se, para um maior entendimento sobre o período, observar mais a fundo, assim como relacionar e comparar o ocorrido nas duas cidades citadas anteriormente.
De maneira prévia, se faz justo adentrar na situação passada pela França durante o ocorrido, por conta do momento técnico, político e legal apresentado pela mesma, sendo responsáveis pela maneira que se fez ocorrida a reforma. Dentro de tal situação preza-se principalmente pelo contexto revolucionário passado pela França, na dita Revolução Francesa, a qual permitiu que futuramente se desenvolve-se condições políticas e legais para a atuação de Haussmann, com sua proposta de certa maneira destrutiva, na cidade de Paris.
Por conta das situações apresentadas, as reformas de Paris se mostraram muito mais repercutidas e aparentes, dando a cidade o título de capital do século XIX. No entanto, em Londres, as reformas também se fizeram ocorridas de relevantes, no entanto, por diversos fatores e questões históricas, suas mudanças não se mostraram tão drásticas e visíveis, ocorrendo de maneira mais sutil e paulatina, sendo capaz de manter seu campo fértil durante o processo de reforma.
Ao se desenvolver o entendimento do contexto e das situações ocorridas, permite-se que se parte ao âmbito reflexivo e crítico sobre o tema, o qual se faz possível dividir em três pontos, sendo eles, sustentabilidade e ambiente, qualidade de vida e o contexto econômico-político atual e por fim patologias existentes.
Dando início ao primeiro ponto, traz-se a indagação e percepção sobre a comparatividade do modelo de cidade proposto nas cidades-jardim por Ebenezer Howard e a tentativa atual de se mesclar os benefícios do campo com a cidade, ao mesmo tempo em que se desenvolve o desejo, sendo elevado a necessidade nas condições atuais, de sustentabilidade em meio ao urbano.
Nota-se de maneira clara a atual tendência de trazer o verde para dentro das cidades, isso se deve pela nítida necessidade de se estabelecer um modo de vida mais empático com
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