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Panorama da arquitetura ocidental- resumo capitulo dois

Por:   •  12/11/2017  •  Resenha  •  2.047 Palavras (9 Páginas)  •  615 Visualizações

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Resumo dos capítulos 2 do do livro ‘Panorama da arquitetura ocidental” de Nikolaus pevsner

Capítulo 2: O estilo Românico

Com a divisão do Império de Carlos Magno, poucos anos após sua morte, a França e a Alemanha passam a trilhar caminhos diferentes numa época de numerosos conflitos internos e externos, com invasões de vikings, húngaros e sarracenos e dessa forma, os avanços na arquitetura eram completamente inviáveis. Ainda assim, nesses anos, o sistema feudal pode se desenvolver e toda vida social e as bases da civilização medieval se deram em torno dessa organização, que adquiriu sua forma final ao término do século X, mesmo período em que se criou o estilo românico. Esse estilo trouxe diversas inovações na planta térreo, principalmente em termos de organização espacial, tornando o espaço planificado, organizado e agrupado. A parte oriental das igrejas românicas passam a ser ordenadas segundos dois planos principais ,o plano irradiante e o plano escalonado, que tinham razões funcionais como, de um lado, o desenvolvimento do culto dos santos e do outro o costume dos padres de dizer a missa diariamente.  Dessa  forma portanto, era necessário um maior número de altares e a solução foi criar um maior número de capelas do lado oriental da igreja, o lado reservado ao clero. Essas poderiam ser acrescentadas em torno de um deambulatório que circunda a abside, ou com o prolongamento das naves laterais para além do transepto. Outros sistemas também são utilizados para articular o todo de uma igreja como o da igreja de St. Michael em Hildesheim, que possui dois transeptos, dois coros e duas absides. Além disso,a igreja também possui uma nave dividida em três quadrados e as naves laterais separadas da nave central por arcadas com alternância de suporte (ritmo a-b-b-a sendo “a” um pilar quadrado e “b” uma coluna), pilares e colunas intermediárias . Arcos triunfais separam a nave do transepto, havia um coro quadrado entre o cruzeiro e a abside e capelas ramificavam-se a partir do transepto. Dessa forma, havia uma nova articulação nessas novas igrejas, que dava um tratamento melhor ao espaço.

Referências da época trazem a tona a hipótese de que enquanto  as operações de construção eram sempre confiadas a um artesão,  a concepção de igrejas e mosteiros, deve-se muitas vezes a vários sacerdotes pois naquele tempo, todos os literatos e cultos pertenciam ao clero.

Ainda no século XI, toda essa articulação elementar das igrejas permaneceu. O sistema de alternância de suporte servia para dividir as paredes em toda sua extensão e o próprio espaço por elas delimitado. Esse sistema se torna comum na arquitetura românica da Europa Central. No Ocidente,principalmente na Inglaterra, outro método igualmente eficaz e de mesma finalidade foi desenvolvido, criado na Normandia no começo do século XI. Ele consiste em separar os vãos por meio de altas colunas que se erguem até um teto plano (as abóbadas estavam quase esquecidas) dando uma impressão de certeza e estabilidade.  Aqui as formas são brutais, maciças e esmagadoramente fortes. A igreja normanda é tão compacta quanto a fortaleza normanda e demonstra o mesmo desprezo pela beleza, um grande exemplo disso é a Catedral de Winchester que, ainda que possua aberturas, sua parede maciça é o elemento principal, trazendo a tona sua brutalidade. Além disso seus capitéis são cúbicos, uma forma elementar da época que depois passará a ser substituída pelo capitel estriado em sua forma primitiva. Essa simplicidade de expressão é uma marca do século XI e consiste no uso de formas mais simples.

Ao final do século porém, começam a surgir mudanças que apontam para o uso de formas mais complexas e variadas. Um pouco antes do ano 1100, o trabalho pioneiro já estava realizado e o estilo românico primitivo havia se transformado no estilo românico clássico e a Catedral de Durham, na Inglaterra, é o monumento decisivo, coberta não por um teto plano como era costume na época mas por uma abóbada ogival. As técnicas de engenharia haviam se desenvolvido muito até esse ano, e construir abóbadas de pedra passa a ser um ato almejado pelos artesãos por uma questão de segurança contra incêndios no teto da igreja e por uma questão estética. Até então só se encontravam abobas nas absides ou abóbadas de berço ou aresta nas naves laterais, elas só apareciam nas naves principais quando essas fossem pequenas. Mas agora, as abóbadas eram construídas finalmente para naves grandes e essa era uma das invenções que expressavam o espírito da época. As abóbadas de Durham são particularmente notáveis pois as abóbadas nervuradas são consideradas símbolos do estilo gótico, entretanto, o estilo de Durham não é gótico. Seu arquiteto pode ter introduzido essa abóbada pelo fato de, por ela ser tão expressiva, representar a realização última da tendência a articulação. A abóbada de Durham, suas animadas arcadas e cornijas e suas decorações (como o zigue-zague) trazem vida a igreja em oposição ao peso e brutalidade das paredes comuns nos interiores de obras do século XI. Ainda assim, a arquitetura de Durham está longe de ser alegre ou dinâmica, seus pilares ainda possuem uma força dominadora e suas decorações são simples e abstratas (característica da arquitetura normanda). Ainda assim, Durham parece mais humana do que Winchester e os capitéis do século XII parecem mais humanos do que os capitéis de bloco do século XI. O exterior dessa catedral também chama atenção com suas torres terminadas em flechas, nos trazendo a tona que tanto o exterior como o interior das igrejas românicas se diferem dos da igreja paleocristã.

A Alemanha foi muito importante para o desenvolvimento das artes e da arquitetura no século XI, apresentando em suas obras (como Hildesheim e Speier) incríveis portas de bronze, abóbadas, fustes e arcos cegos que juntos formavam um modelo grandioso e austero derivado da arquitetura romana tardia de Trier. Santa Maria no Capitólio também é audaciosa ao ter sua abside leste repetida nas extremidades norte e sul do transepto, resultando num trifólio com o mínimo de decorações possíveis para não tirar a atenção do conjunto. A fachada com duas torres é outro elemento importante para o futuro da arquitetura europeia, aparecendo primeiro em Estrasburgo e depois nas províncias francesas.

 Nos séculos XI e XII a França ainda não era uma nação e sim um país dividido em territórios que guerreavam entre si. Assim, não havia lá uma única escola de arquitetura mas sim várias e a peregrinação era o principal meio de comunicação cultural e influenciava muito o planejamento de igrejas.  As principais igrejas de peregrinação possuíam alguns traços em comum:  são altas, sombrias, possuem galerias sobre as arcadas e abóbadas de berço sobre as galerias e assim, não possuem as janelas do clerestório. Além disso, suas extremidades lestes possuem um deambulatório e capelas radiais tendo como influência o sistema modelo de Tours. Já a abadia de Cluny, apresentava dois transeptos (algo que se tornaria regra nas catedrais inglesas) e cada intersecção de transeptos era encimada por uma torre octogonal. O ocidental apresentava, à esquerda e à direita do cruzamento, duas torres octogonais e duas absides sobre os braços, nas faces orientais. O transepto oriental tinha quatro absides e a abside do coro tinha um deambulatório com cinco capelas radiais. Dessa forma, vista de leste, a igreja se elevava gradualmente numa lenta progressão e essa estrutura é, sem dúvida, a expressão do mais alto momento da cristandade medieval, onde o papa é visto como superior ao imperador e os cavaleiros da Europa eram convocados para defender a Terra Santa, na primeira Cruzada, em 1905. Cluny também se distinguia das outras igrejas de peregrinação por outras características que possuía: a elevação interior com grandes arcadas em ponta, seu falso trifório bem detalhado, suas janelas de clerestório e os arcos ogivais e transversais da abóbada de berço.

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