Passarela Darcy Ribeira
Por: FELIPE LUAN TOMAZ DA SILVA • 20/8/2022 • Trabalho acadêmico • 846 Palavras (4 Páginas) • 113 Visualizações
A importância da Passarela Darcy Ribeira no âmbito histórico, social e cultural é compreendida ao conhecer ou relembrar um período da história vivido no Brasil. Após um pouco mais de vinte anos sobre uma ditadura militar violenta, corrupta e repressiva, a democracia brasileira enfim começava a respirar ares democráticos outras vez, mesmo que com ajuda de aparelhos. A abertura política iniciada no começo da década de 1980, possibilitou os ‘inimigos do regime’ o retorno para casa. Artistas como Gilberto Gil, Chico Buarque e Caetano Veloso, jornalistas como Glauber Rocha e Fernando Gabeira, o arquiteto Oscar Niemeyer e inúmeros políticos desembarcaram nos aeroportos após anos de exilio. Dois deles estão intrinsecamente ligados ao projeto da passarela: Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. O gaúcho e o carioca foram eleitos Governador e Vice-Governador no primeiro pleito eleitoral no Estado do Rio de Janeiro pós aplicação da Constituição Cidadã. Eleitos com bases no pensamento de esquerda, educação e assistência social foram os principais focos do mandato dos políticos. Dentre as principais realizações estão o CIEP (Centro Integrado de Educação Pública), projeto pioneiro na criação de escolas modelos e a Passarela do Samba, outro nome para os íntimos do bum bum paticumbum. Ambos projetos assinados por Oscar Niemeyer.
A ideia de criar a passarela nasceu pela necessidade de superar as dificuldades das Escolas de Samba em colocar os desfiles, cada vez maiores, nas avenidas do Rio. Antes do desenvolvimento do projeto, toda a execução do evento era extremamente complicada e consideravelmente onerosa para os cofres públicos. Eram necessárias a montagem de inúmeras arquibancadas metálicas ao logo de grandes avenidas para garantir aos espectadores alguma segurança e comodidade para apreciar toda pujança cultural da festa carioca, além do caos causado pelo fechamento e/ou desvio em vias de tráfego urbano, necessário para facilitar a locomoção dos cada vez maiores carros alegóricos e alas com os membros cada vez mais numerosos das Escolas de Samba. O projeto de Niemeyer precisava de um grande espaço para ganhar vida e o terreno que abrigava a primeira fábrica da Cervejaria Brahma na Rua Visconde de Sapucahy no bairro do Catumbi era mais que perfeito. A Marquês de Sapucaí é projetada para sanar o sufoco, dar segurança e democratizar a folia.
Os planos do Governo Estadual consentiam em três obras principais, para além de camarotes, pista de desfiles e arquibancadas; a possibilidade de adaptar as instalações dos prédios como escola nos meses posteriores ao carnaval, a Praça da Apoteose, ideia do vice-governador de um espaço amplo no final da passarela imaginado para externar a sensação de dever cumprido dos foliões após entregar um desfile perfeito e o Museu do Carnaval localizado abaixo do icônico arco de concreto construído no espaço final do complexo arquitetônico.
A partir da técnica de construção pré-moldada de peças de concreto armado, as obras podem ser tocadas a toque de caixa, ou de tamburi. Em pouco mais de quatro meses o projeto saiu do papel com seus mais de 700 metros de pista e 13 metros de largura, com uma capacidade projetada de aproximadamente mais de 50 mil pessoas. Nos relatos do arquiteto em seu site, é possível notar como a parte social do projeto era essencial para tomada das decisões. "O projeto devolve ao povo o Desfile das Escolas de Samba”, assim começa o depoimento de Niemeyer. Ele prossegue esclarecendo que os camarotes foram suspensos para a cota de +3 em relação ao terreno para “entregar ao povão”. As arquibancadas originalmente eram descobertas e foram divididas em seis blocos com 30 metros de separação entre elas esquerdo e do outro lado, entre a pista de desfiles e o prédio da Brahama, hoje derrubado pela mais recente obra no espaço, um grande bloco destinado aos camarotes.
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