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Resenha Jane Jacobs

Por:   •  20/10/2015  •  Resenha  •  2.319 Palavras (10 Páginas)  •  353 Visualizações

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Jane JACOBS – Morte e Vida de Grandes Cidades

A autora cita um trecho de Oliver Wendell Holmes, Jr. Que em síntese diz sobre os frutos que só a civilização trouxe para o mundo, não apenas artistas e cientistas, mas algo ainda melhor, que a vida sendo mais complexa nas civilizações se torna mais rica e plena.

Ela inicia por confrontar diretamente as formas de planejamento urbano existentes, tendo em mente gerar uma nova diretriz para o planejamento urbano.

Por conhecer a cidade na prática, ela entende a importância de um conhecimento físico, tátil e prático do local para que se planeje algo para o mesmo.

Começando por analisar a área de Morningside Heights em Nova York, um local com muita área verde e áreas livres, com diversas instituições de ensino, entre outros itens dos quais compõem uma região de boa infra-estrutura. Mas nada dessa grande oferta de infra-estrutura da região conseguiu impedir o rápido acúmulo de cortiços, onde as instituições uniram-se para demolir áreas degradadas e criar um local mais adequado para as famílias que viviam nos cortiços, o que continuou não resolvendo a questão. A região degradou-se ainda mais rápido.

As regiões que se degradam geralmente não são previstas, e as que se prevêem degradação, essa não acontece, segundo as teorias urbanísticas modernistas.

A cidade pode ser um grande campo de teste para tentativa e erro, mas os urbanistas ignoram esses fatos, sempre optando pelas mesmas teorias, mesmo que falhas, tornando a cidade cada vez mais monótona e menos humana, planejamentos que são como uma única fôrma que é inserida em todas as partes da cidade, que não se adaptam as diferentes necessidades de cada localização.

A autora segue criticando os planejadores, como pessoas com alto poder aquisitivo que fazem planejamentos de muito longe sem o conhecimento necessário, sem a sensibilidade para com os humanos, visando apenas o lucro imediato e fórmulas ultrapassadas que geram cada vez mais dinheiro e cada vez mais problemas nas cidades. Querem solucionar um problema do qual não têm conhecimento, sem saber como as coisas funcionam, sem um diagnóstico apurado que indica os reais geradores dos problemas.

Assim como muitos autores que falam sobre a força que a imagem tem sobre a realidade, Jacobs faz um comentário dizendo que talvez as pessoas se preocupem mais com a questão exterior, do que em soluções reais.

Mas acrescenta que os planejadores não desprezam a questão humana conscientemente, mas se empenham em seguir as diretrizes ortodoxas dos urbanistas do modernismo.

Nas escolas de arquitetura do MIT e Harvard, North End em Boston muitas vezes é alvo de estudo de planejamento, por ser uma região que engloba todos os problemas que o urbanismo condena.

Em 1959 Jacobs foi ao North End e viu uma cena diferente do que havia antes, casas bem acabadas, crianças brincando nas ruas, o fim de cortiços e um clima melhor do que havia visto no restante da cidade, assim entrou em contato com um planejador da região, que a disse que não houve nenhuma obra de melhoria por parte do governo, mas sim mutirões dos próprios moradores e que taxas de mortalidade e tuberculose, por exemplo, eram as menores da cidade, mas mesmo assim os planejadores pensavam que ali era uma terrível zona de cortiços e queriam reurbanizar a região.

Jacobs acrescenta que os planejadores vêem a cidade como os banqueiros, por teorias em locais fechados, sem terem a experiência, sem conhecerem a realidade, comparando-os todos com financistas e burocratas que seguem teorias idealistas atrasadas. Ideais que ganharam tanta força que possuem um poder maior que a própria realidade.

Conta um caso sobre um médico que praticava a sangria e que tinha muita fama e era aclamado pelo povo, e um médico William Turner que criticava essa técnica defendendo que os pacientes deveriam ganhar força ao invés de perder, era obrigado a se calar, assim também como em um caso de um filósofo da idade média que dizia que a mente e o corpo eram coisas separadas, tendo até hoje muitas pessoas que o seguem, mesmo a ciência provando que os pensamentos são processos eletroquímicos e que as emoções causam efeitos diretos no corpo. São apenas analogias que provam que a popularidade de uma ideia mesmo que falha tem maior poder sobre a realidade, comparando o urbanismo moderno a uma pseudociência.

Isso ocorre também na cidade, com projetos cada vez mais destrutivos de planejadores com ideais falhos tendo o aval do poder público e até privado para executar tais projetos, que acabam por causar mais problemas do que solução nas cidades. E diferente da medicina que se investigou a fundo a realidade, os planejamentos urbanos não tinham chegado nessa investigação até então.

A autora sugere uma investigação mais minuciosa do ponto de vista mais humano e real das situações da cidade, seus problemas e suas reais causas, suas possíveis soluções através de diagnósticos e também levar em conta experiências que deram certo, acrescentando que as cidades são muito complexas, sendo que o que funciona para um local pode ser desastroso para outro, e a diversidade ajuda a sustentar a cidade no geral.

Jacobs argumenta que as regiões de cidades que são malsucedidas, o são por falta de uma diversidade que se complete na complexidade necessária e que o planejamento urbano deve trabalhar para que essa diversidade aconteça que as relações sejam funcionais, de forma bem estudada, adequando-se as regiões de seus projetos.

No livro que é separado em 4 partes, onde é analisado o comportamento social da população urbana, o desempenho econômico das cidades, também os aspectos que geram decadência e algumas revitalizações e como isso tem efeito na vida real e para finalizar, sugestões para habitação, lazer,  planejamento etc., e finalizando por citar problemas das cidades.

A cidade é um conjunto de coisas que funcionam, bem ou não, e a aparência está ligada a isso, mas muitos dão mais ênfase para a aparência negligenciando a funcionalidade, coisa que Jacobs condena.

Um caso do East Harlem comprova isso, planejadores preocuparam-se com um gramado retangular bem feito, mas os moradores o condena, por que se planejou a aparência do local, porém todo o resto foi negligenciado, os moradores apontam, falta de locais para conversa, o distanciamento de seus amigos, sem dar a eles o que realmente necessitavam, que era bem mais do que algo simplesmente aparentemente bonito.

Jacobs utiliza de exemplos em Nova York, por ser residente da cidade, porém vislumbrou melhor a funcionalidade em Pittsburgh, segurança em Baltimore, e cortiços em Chicago. A ideia principal era compreender como a ordem social e econômica estava mascarada perante a desordem das cidades.

As periferias urbanas e áreas internas das cidades grandes foram seu alvo, por tratar-se de locais negligenciados na teoria urbanística. Os locais mais degradados próximos aos centros urbanos geralmente foram locais mais nobres e tranquilos outrora, e novos subúrbios também tendem para essa degradação caso não se adaptem, por serem engolidos pela conurbação.

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