Resenha – Livro Aleijadinho, Vida e Obra
Por: Laramlage27 • 24/2/2019 • Trabalho acadêmico • 1.561 Palavras (7 Páginas) • 375 Visualizações
Lara Magalhães Lage
Arquitetura e Urbanismo – 4º Período | Integral
Resenha – Livro Aleijadinho, Vida e Obra
O HOMEM - Antônio Francisco Lisboa nasceu em Vila Rica, filho de Manuel Francisco Lisboa, Português, carpinteiro de profissão. Sua mãe era Isabel, escrava de seu pai. Acredita-se que seu nascimento se data de 1738. Presume-se que seu pai, Manuel, se transferiu para Vila Rica já adulto, com boa reputação profissional e alguns recursos próprios. Teve 4 filhos após casar-se no ano de nascimento de Antônio Francisco. Um deles, Félix, se tornou sacerdote e também realizou trabalhos artísticos como esculturas e pinturas.
Carpinteiro por profissão, Manuel Francisco Lisboa, responsabilizou-se por inúmeras obras. De 1729 a 1757 foi seguidamente eleito Juiz de Ofício de sua especialidade, com atribuições de examinar, expedir licenças e fiscalizar as atividades dos demais profissionais de seu ramo. Entre tantas atribuições, também foi um importante arquiteto de Vila Rica, e passava adiante suas lições práticas de arquitetura a quem se interesse.
Antônio Francisco, desde cedo, inclinou-se muito mais para os trabalhos artísticos do que para os técnicos, preferidos pelo pai. Rapidamente adquiriu conhecimentos práticos e adestramento suficientes para interferir em peças decorativas da região, a princípio como simples aprendiz, mas, logo depois, como hábil profissional. Ele sabia ler e escrever, e o conhecimento que tinha de desenho, de arquitetura e de escultura fora obtida na escola prática de seu pai, nos ateliers privados e em canteiros de obras. Já o ensino teórico, foi obtido através do professor João Gomes Batista, o mais importante deles, sobre a anatomia humana.
Não se sabe sobre a liberdade ou criação de Antônio Francisco: se ele e sua mãe foram libertos ao seu nascimento ou se foi criado na casa de seu pai. O fato de o filho ter podido aprender as primeiras letras, ter alcançado alto nível de habitação profissional ainda jovem e de ter desfrutado a oportunidade de interferir em obras do pai, não como mero executante, mas como colaborador, confirma a extensão do apoio paterno. Na segunda metade do século XVIII, Vila Rica formava-se de extraordinário progresso: inúmeras obras públicas se instalaram na área urbana.
A infância e a adolescência relativamente agradáveis o teriam induzido a otimismos e ousadias, à jovialidade e ao lado ameno da vida e da religião. Esta personalidade, desinibida e alegre, revelou-se bem nas poucas obras identificadas como de sua mocidade, percebe-se nelas certa fidelidade aos padrões. As primeiras obras mostram, também, indecisões e até mesmo certa ingenuidade primitivista, próprias de quem ainda não dominou de todo seus meios de expressão e não o que deseja expressar. Em 1766 lhe teria sido dada a responsabilidade de orientar a construção das capelas relacionada com os segmentos mais altos e de maiores recursos da sociedade regional. Pouco se tem conhecimento das suas obras em sua mocidade. Já adulto, que a personalidade de Antônio Francisco se define por inteiro. Com os méritos reconhecidos, trabalho intenso e suficientes recursos para manter-se.
Em 1772 ingressa na Irmandade de São José. E em 1775 nasce seu único filho, ao qual deu o nome de seu pai; e em 1803 se torna avô, e seu neto tem o nome de Francisco de Paula. Ao que parece, a vida pessoal de Antônio Francisco caracterizou-se por complexidades que a falta de elementos elucidativos não permitiu fossem devidamente esclarecidas. Em todo caso é de concluir-se que, com o passar dos anos, tornou-se ele menos alegre, mais inquieto e preocupado com seu destino. E é nesse período que ele realiza grande parte de sua obra, com uma sequência nítida de aperfeiçoamentos.
Antônio Francisco já não se limita a detalhes ornamentais, mas, sim, a concepções grandiosas que abrangem fachadas inteiras em seu próprio contexto arquitetônico. Suas figuras antes expressando a fé, juventude, caridade e amor, passar a apresentar características maduras, envelhecimento, graves e sofridas. Principia a sobrepor o divino ao humano, o mítico ao real e o complexo à singeleza.
Foi um menino alegre, despreocupado e vivo a um só tempo, dedicado a superar com sua habilidade a cor e a bastardia; sua juventude e maioridade lhe trouxeram satisfações por sentir-se respeitado e com trabalho suficiente a suas necessidades; já adulto, a consciência de suas limitações lhe foram desvanecendo pouco a pouco as ilusões antes alimentadas. Dois específicos eventos devem ter contribuído bastante para alterar sua personalidade: a morte do pai em 1767 e a enfermidade contraída em 1777. O mal epidêmico que sofrera fez com que seus músculos atrofiarem, perder seus dedos, ficar limitado a alguns movimentos e até a torção da boca. Não se sabe ao certo sobre essa doença de Aleijadinho, devido à escassez de informações concretas, fidedignas e positivas. Só se sabe que teve o corpo mal conformado e padeceu de males não identificados.
Sobre sua personalidade, era pardo escuro, tinha a voz forte, a fala arrebata e o gênio agastado; a estatura era baixa, o corpo cheio e mal configurado, o rosto e a cabeça redondos, e esta volumosa; o cabelo preto e anelado, o da barba cerrado e basto; a testa larga, o nariz regular e algum tanto pontiagudo, os beiços grossos, as orelhas grandes e o pescoço curto. Vestia uma sobrecasaca de pano grosso que descia até abaixo dos joelhos, calça e colete de qualquer fazenda; calçava sapatos pretos de forma análoga aos pés e trazia, quando a cavalo, um capote também de pano preto, com mangas, gole em pé e cabeção, e um chapéu de lá parda braguês.
Nos últimos anos de sua vida Antônio Francisco ensimesmou-se, tornou-se de trato difícil, nervoso e exigente. As obras que executou então conservam o equilíbrio e a elegância que sempre as identificaram, enfeitaram-se da feminilidade rococó, cujas características de decadência, desgaste e frivolidade transformou em florescência, mas suas representações humanas, em baixos-relevos e estatuária, passaram a expressar claramente seu pessimismo e sua inconformidade com o estado de coisas do mundo em que vivia.
Buscando melhor clima para a sua saúde, muda-se para Congonhas do Campo, evitando Vila Rica. É então, quando já lhe pesava a idade e o afligiam decadência e sofrimentos de sua terra, que sua arte, surpreendentemente, se eleva a culminâncias nunca antes atingidas, para consagrar-lhe a extraordinária carreira. São trágicas suas últimas figuras: sua temática inclina-se para o sofrimento e a ira.
Antônio Francisco, que só a criar belezas se dedicara, passas seus últimos dias abandonado de todos, sem recursos e sem amigos. Aos 18 de novembro de 1814 faleceu Antônio Francisco, pardo, solteiro, de setenta e seis anos, com todos os sacramentos, encomendado e sepultado em cova da Boa Morte.
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