Resenha crítica referente ao artigo “A ebriedade barroca revelada na conformação do espaço urbano da Salvador Colonial” de Rodrigo Espinha Baeta.
Por: Carol Araújo • 30/5/2019 • Resenha • 755 Palavras (4 Páginas) • 544 Visualizações
Resenha crítica referente ao artigo “A ebriedade barroca revelada na
conformação do espaço urbano da Salvador Colonial” de Rodrigo Espinha
Baeta.
O artigo tem como premissa inicial analisar a configuração do barroco na
Salvador colonial e utiliza como instrumento de análise as imagens que retratam o
ambiente citadino, para posteriormente avaliar a estrutura cenográfica do sítio.
Entretanto, antes de adentrar na análise que busca compreender o valor artístico do
espaço urbano, o autor traz algumas abordagens teóricas, dividindo o ensaio em
três partes: sobre a história e a crítica da arte e como essa atua na compreensão
dos espaços urbanos; sobre a essência da arte barroca e sua relação com o
ambiente urbano; e por fim, a leitura através das imagens, buscando entender a
configuração barroca.
Tendo como base o autor Giulio Carlo Argan, Rodrigo Espinha discorre sobre
como a história da arte diverge das demais histórias, visto que esta é mais
importante como uma referência contemporânea do que como um elemento que
recorda o passado. Dessa forma é possível compreender que a relevância da obra
de arte despreza o contexto em que foi elaborada, de tal forma que o entendimento
e o valor atribuído desta depende da experiência própria do sujeito moderno, não
considerando os cânones formais, ou seja, a relação entre o homem e a arte é,
sobretudo, crítica e se baseia no juízo de valor que ele atribui a ela. E que para
manifestar juízo crítico sobre uma obra de arte é necessário compreender a
essência da obra, a sua estrutura como um todo. Assim, a condição artística da
Salvador colonial só pode ser entendida através da junção de todos os elementos
que compõem o cenário, das relações desses elementos que a constituem, e a
importância que cada parte adquire na cidade como um todo.
Já na segunda parte do texto, entende-se que o homem barroco demonstra
descaso diante das questões sobre a essência do universo, de forma que não
demonstrará preocupação com a natureza, sendo esse comportamento derivado do
rompimento da integração da arte e da ciência que anteriormente era pregada no
renascimento. Agora a arte barroca se preocupará em conceber um discurso
eloquente, com o objetivo de persuasão. Essa persuasão virá como um mecanismo
de divulgação e exposição das estruturas religiosas e políticas da época. Por
conseguinte, relacionando o barroco ao urbano, a cidade se tornará um meio de
propaganda barroca, com enfoque na fascinação do transeunte.
A análise do espaço urbano partirá dos monumentos que constituem as
cenas dramáticas da paisagem de Salvador, onde a trama cenográfica vai se
revelando por meio da interação dos elementos naturais com os edifícios, como a
comunicação da Baía de Todos os Santos e do Porto da Barra, do plano trazido por
Tomé de Souza e os monumentos que iriam povoar o tecido urbano. Com a subida
a acrópole, o transeunte ia se deparando com os conjuntos arquitetônicos
governamentais e religiosos, marca do esforço retórico de persuasão. Tendo como
conjunto mais monumental àquele em que estavam inseridas
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