Resenha do texto "A cidade Republicana Belo Horizonte 1897-1930"
Por: junior6244 • 8/5/2019 • Resenha • 1.512 Palavras (7 Páginas) • 351 Visualizações
A cidade republicana - Belo Horizonte, 1897-1930
Fruto das intensas transformações decorridas da era das Revoluções e a
emergência de diferentes necessidades e práticas sociais, o quadro urbanístico das
grandes metrópoles europeias do século XX se encontrava um caos, uma vez que
vinculavam a manutenção da tradição de organização urbana (ancient régime) com a
nova condição de cidade protagonista, em nome de um novo espaço-tempo e da
racionalização técnica.
Considerada como uma das consequências mais relevantes para o contexto
urbano segundo TAFURI(1985), tal caos convergiu para a emancipação e estímulos
desagregadores da cidade. A primeira parte do século XX foi marcada por uma
urbanística conservadora, aos moldes positivistas e práticas de “higienização social”
conduzidas por Haussmann. Alguns dos princípios de Haussmann empregados nas
grandes cidades europeias, chegaram ao Brasil de maneira segmentada e controversa.
Durante a metade do século XX, São Paulo se apresenta como a protagonista
dos planos de recuperação urbana, marcada pela intensa movimentação econômica;
enquanto no Rio de Janeiro não foi possível incrementar a economia tal como em São
Paulo, sendo as primeiras intervenções voltadas para reduzir a degradação e
salubridade existentes no cenário urbano.
Enquanto isso, cidades como Belo Horizonte, Vitória e Santos representavam
alvo de intervenção do poder público e engenheiros sanitaristas, como Francisco
Saturnino Brito (1864-1929). Brito propôs um Brasil urbano, em planos de expansão
urbana e visando o futuro. Amplamente influenciado por Camillo Sitte, o esboço de
Brito indicava a linha de pensamento vigente na época, no qual os princípios
urbanísticos de modernização só seriam viáveis se acompanhado da carga histórica de
cada região.
Segundo Baudelaire, o conceito de planejamento urbano das cidades na era
moderna simbolizava uma articulação daquilo que é efêmero e transitório com
elementos fixos e imutáveis. Além da valorização da racionalidade técnica, os
engenheiros envolvidos no planejamento urbano destinaram uma atenção especial à
preocupação com a cultura e a ordem perspéctiva, usualmente associada à natureza e
bem-estar.
O URBANISMO DE BELO HORIZONTE E O ENCONTRO DOS ESPAÇOS FINITOS
NO INFINITO
O projeto urbano de Belo Horizonte tornou-se um dos marcos referenciais da
ânsia de mudança do Brasil Republicano, tendo em vista que cabia à Nova Capital
unificar o Estado,de forma a estimular a modernização. Tal incubência foi delegada ao
engenheiro Aarão Reis, que recebeu a atribuição de construir a Capital em quatro
anos.
Por meio de uma integração da malha ortogonal (ruas) e da malha diagonal
(avenidas), Aarão reiterou os padrões de urbanismo moderno neoclássico. A criação de
eixos monumentais, por meio da busca por uma organização localizacional e uma
estética estrategicamente distribuída no espaço, o engenheiro remete o plano da Nova
Capital ao traçado do plano urbanístico de Washington e a remodelação de Paris.
Após um minucioso estudo da topografia, hidrografia e paisagem, Reis define a
triangulação de todo o arraial, demarcando os pontos do projeto e criando uma rede no
qual surge o novo traçado. Tal esboço continha definições relativas às principais
ligações, deslocamentos e modelos construtivos, padronizando a implantação da
arquitetura, a área dos lotes, o paisagismo urbano e a qualidade dos materiais a serem
usados nas construções.
A rigidez do traçado busca a integridade dos espaços de forma que sua principal
função é estabelecer ligações que facilitem os deslocamentos e a visibilidade da
paisagem. No estudo de caso da cidade de Belo Horizonte, torna-se evidente o desejo
de percursos retilíneos, distâncias mensuráveis e vistas livres; no qual o plano urbano
deixa de ser um local de abrigo e refúgio e passa a ser considerado um aparato de
comunicação.
A ARQUITETURA COMO LINGUAGEM DO ESPAÇO FINITO
A NATUREZA DA ILUSÃO
Segundo a análise de John Ruskin, a arquitetura deveria buscar, por meio da
atmosfera moral, sua funcionalidade como elemento de estabilidade social. No contexto
de elaboração e planejamento da Nova Capital, a imagem arquitetural surgiu da
necessidade de comunicar e complementar o traçado urbano. A arquitetura surge como
objeto constituinte da paisagem, evocando a atenção e curiosidade do espectador, de
forma a configurar memórias através de imagens figurativas do passado. Sendo assim,
Belo Horizonte, passa a configurar uma cidade artificial, repleta de imagens e
representações
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