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Resenha sobre: A acumulação primitiva em marx

Por:   •  21/8/2018  •  Resenha  •  1.164 Palavras (5 Páginas)  •  296 Visualizações

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Segundo Marx, a acumulação capitalista é um ciclo vicioso, um processo que “pressupõe o mais-valor, o mais-valor, a produção capitalista, e esta, por sua vez, a existência de massas relativamente grandes de capital e de força de trabalho nas mãos de produtores de mercadorias”[1]. No capítulo XXIV do Capital, Marx se põe a estudar um processo que antecede a produção capitalista, a acumulação primitiva de capital, entendendo que esta não se dá dentro da acumulação capitalista, nesse sentido o autor nos mostra que a acumulação primitiva antecede a do capital e é o ponto germinante do sistema capitalista.

A produção primitiva, para Marx, até então era explicada como uma anedota “Numa época muito remota, havia, por um lado, uma elite laboriosa, inteligente e sobretudo parcimoniosa, e, por outro, uma súcia de vadios a dissipar tudo o que tinham e ainda mais” (MARX, 2017), assim entende-se que os primeiros acumularam a riqueza e aos outros restou a opção de vender seu trabalho. Dessa relação data a origem da pobreza das grandes massas, que, apesar dos anos de trabalho, continua sem nada para vender, a não ser sua própria vida, na garantia de ao menos subsistir. É com base nesses “fatos” que a historiografia burguesa sustenta sua apologia à propriedade privada, com pinceladas idílicas da economia clássica, muito bem representada por Adam Smith, essa acumulação primitiva se torna o fruto  do trabalho daquela elite laboriosa já citada, portanto é também seu direito o enriquecimento. Entretanto ao tomarmos conhecimento da história real das relações de classe percebemos que esse enriquecimento de idílico nada possui. Na verdade o que se apresenta a nós, dentro de um estudo materialista, histórico e dialético, é uma relação bem mais violenta, com episódios de assassinatos, subjugação e expropriação de terras.

Neste primeiro momento, o do enriquecimento ilícito - mascarado de direito - e da ascensão da burguesia, dinheiro e mercadoria ainda não corresponde a capital, eles precisam ser transformados em capital e, segundo Marx, para isso:

É preciso que duas espécies bem diferentes de possuidores de mercadorias se defrontem e estabeleçam contato; de um lado, possuidores de dinheiro, meios de produção e meios de subsistência, que buscam valorizar a quantia de valor de que dispõem por meio da compra de força de trabalho alheia; de outro, trabalhadores livres, vendedores da própria força de trabalho e, por conseguinte, vendedores de trabalho. (MARX, 2017)

Em sequência Marx relata uma dualidade da liberdade de quem vende seu trabalho, primeiro por não compor os meios de produção, o que seria escravismo, e por não possuírem os meios de produção, como os camponeses que, apesar de trabalharem por conta própria estão presos a esse formato de produção. Ainda sobre essa liberdade dos meios de produção Sérgio Ferro diz:

Ao vender sua força de trabalho, o operário abdica de sua vontade. É obrigado: não possui nenhum meio de produção, não tem como efetivar sua própria vontade. Foi desarmado. Obedecerá à vontade de quem comprou sua força de trabalho. Tirania é isto: a “liberdade” de um só pólo, o que possui os meios de produção, contraposta à subordinação forçada de “seus” outros.[2]

Dessa forma deve-se entender que, para que a relação capitalista aconteça é necessário que exista uma separação entre trabalhador e a propriedade dos meios de trabalho. E mais, enquanto a produção capitalista existir ela não apenas irá conservar essa separação, como também irá reproduzi-la em escalas cada vez maiores. Esse processo de separação, portanto, além de criar e expandir as relações capitalistas, transforma em capital os meios de subsistência e converte os produtores diretos em trabalhadores assalariados. Sendo assim, é possível concluir que a acumulação primitiva nada mais é que “o processo histórico de separação entre produtor e meio de produção” (MARX, 2017) e é primitiva por marcar a pré-história do capital, para Marx “a estrutura econômica da sociedade capitalista surgiu da estrutura econômica da sociedade feudal. A dissolução desta última liberou os elementos daquela.”  (MARX 2017).

Tal mudança estrutural pode muito bem ser observada na inglaterra onde a servidão praticamente estava extinta desde o século XIV e a maioria de sua população era composta, principalmente no século XV, por camponeses livres e autônomos. Sobre tais camponeses Marx diz:

Os assalariados agrícolas consistiam, em parte, em camponeses que empregavam seu tempo livre trabalhando para os grandes proprietários, em parte, numa classe de trabalhadores assalariados propriamente ditos, classe essa independente e pouco numerosa, tanto em termos relativos como absolutos. (MARX, 2017)

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