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Rolnik, Raquel. O que é cidade. (Fichamento)

Por:   •  28/11/2019  •  Resenha  •  2.422 Palavras (10 Páginas)  •  230 Visualizações

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Wando Alves

        ROLNIK, Raquel. O que é cidade. São Paulo: Brasiliense, 2004. (Coleção Primeiros Passos, 203).

        →“A cidade é uma obra coletiva que desafia a natureza.” (p.8)

        →“Desde sua origem, como local cerimonial, é na cidade também que se localizam os templos, onde moram os deuses capazes de garantir o domínio sobre o território e a possibilidade de gestão de vida coletiva.” (p.8)

         →“Ao contrário da cidade antiga, fechada e vigiada para defender-se de inimigos internos e externos, a cidade contemporânea se caracteriza pela velocidade da circulação.” (p.9)

        → “Além de continente das experiências humanas, a cidade também é um registro, uma escrita, materialização de sua própria história.” (p.9)

        → “O espaço urbano deixou de se restringir a um conjunto denso e definido de edificações para significar, de maneira mais ampla, a predominância da cidade sobre o campo. Periferias, subúrbios, distrito industriais, estradas e vias expressas, recobrem e absorvem zonas agrícolas num movimento incessante de urbanização. No limite, este movimento tende a devorar todo o espaço, transformando em urbana a sociedade como um todo.” (p.12)

         →“A construção do local cerimonial corresponde a uma transformação na maneira de os homens ocuparem o espaço. Plantar o alimento, ao invés de coletá-lo ou caça-lo, implica definir o espaço vital da forma mais permanente. A garantia de domínio sobre esse espaço está na apropriação material e ritual do território. E assim, os templos se somam a canteiros e obras da irrigação para construir as primeiras marcas do desejo humano de modelar a natureza.” (p.13)

         →“O templo era o imã que reunia o grupo.” (p.13)

         →“A cidade, enquanto local permanente de moradia e trabalho, se implanta quando a produção gera um excedente, uma quantidade de produtos para além das necessidades de consumo imediato.” (p. 16)

        →“O excedente é, ao mesmo tempo, a possibilidade de existência da cidade — na medida em que seus moradores são consumidores e não produtores agrícolas — e seu resultado — na medida em que é a partir da cidade que a produção agrícola é impulsionada.” (p.16)

         →“Na cidade-escrita, habitar ganha uma dimensão completamente nova, uma vez que se fixa em uma memória que, ao contrário da lembrança, não se dissipa com a morte.” (p. 16)

        → “O desenho das ruas e das casas, das praças e dos templos, além de conter a experiência daqueles que os construíram, denota o seu mundo. É por isto que as formas e tipologias arquitetônicas, desde quando se definiram enquanto hábitat permanente, podem ser lidas e decifradas, como se lê e decifra um texto. (p. 17)

        → “É como se a cidade fosse um imenso alfabeto, com o qual se montam e desmontam palavras e frases. (p.18)

        →“Ao pensarmos a cidade como imã, ou como escrita, não paramos de relembrar que construir e morar em cidades implica necessariamente viver de forma coletiva. Na cidade nunca se está só, mesmo que o próximo ser humano esteja para além da parede do apartamento vizinho ou num veículo no trânsito. O homem só no apartamento ou o indivíduo dentro do automóvel é um fragmento de um conjunto, parte de um coletivo.” (p.19)

        → “Da necessidade de organização da vida pública na cidade, emerge um poder urbano, autoridade político-administrativa encarregada de sua gestão. (p. 20) → “ A origem da cidade se confunde portanto com a origem do binômio diferenciação social/ centralização do poder.” (p. 21)

        →“A relação morador da cidade/ poder urbano pode variar infinitamente em cada caso, mas o certo é que desde sua origem cidade significa, ao mesmo tempo, uma maneira de organizar o território e uma relação política. Assim, ser habitante de cidade significa participar de alguma forma da vida pública, mesmo que em muitos casos esta participação seja apenas submissão a regras e regulamentos." (p. 22)

         → “Se no caso da polis ou da civitas o conceito de cidade não se referia à dimensão espacial da cidade e sim à sua dimensão política, o conceito de cidadão não se refere ao morador da cidade, mas ao indivíduo que, por direito, pode participar da vida política. " (p.22)

        →“A expansão do caráter mercantil da cidade de dá quando se constrói uma divisão de trabalho entre cidades. Quando isto acontece, as atividades podem se especializar ainda mais na medida em que a produção deverá suprir uma demanda muito mais ampla do que a do mercado local." (p.27)

        →“Na antiguidade, foi a junção de uma série de cidades antes autônomas em impérios que criou as condições para o florescimento de uma economia propriamente urbana.” (p. 27)

        →“O Império Romano é um grande exemplo desse processo. No território sob o jugo de Roma o comércio circulava livremente, as cidades estavam ligadas por uma rede de estradas, os portos proliferavam. " (p.27)

        →“Se no interior da ágora ateniense era proibida a instalação de mercadores, marcando a separação entre cidade política e a comercial, em Roma o forum é ao mesmo tempo, ágora, acrópole e mercado, isto é, lugar da assembleia dos cidadãos, templo e troca. " (p.26)

         → “Hoje, a imagem da cidade como centro de produção e consumo domina totalmente a cena urbana. Nas cidades contemporâneas não há praticamente nenhum espaço que não seja investido pelo mercado (ou pela produção para o mercado)." (p. 26)

        →“É possível dizer que hoje o mercado domina a cidade. Esta configuração — cidade dominada pelo mercado —  é própria das cidades capitalistas, que começaram a se formar na Europa Ocidental ao final da Idade Média. " (p. 27)

          →“A cidade, neste contexto, assim como o feudo, é também uma unidade autônoma. Estruturada em torno da Igreja e suas instituições, ela vive para si mesma  e para sua vizinhança — muitas vezes construído apenas pela própria extensão territorial de um feudo. Em suas ruas tortuosas se produzia algum artesanato, em suas praças se instalavam pequenos mercados ou feiras periódicas, em seus conventos e catedrais se celebrava o cristianismo triunfante.” ( p. 32)

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