SENNETT, Richard (1997). Carne e pedra. Capitulo 3: Imagem Obsessiva
Por: alesant • 21/3/2017 • Resenha • 588 Palavras (3 Páginas) • 1.655 Visualizações
Disciplina: História da Cidade e Urbanismo Data: 16/02/2017
Resenha da obra:
SENNETT, Richard (1997). Carne e pedra. Capitulo 3: Imagem Obsessiva -
Lugar e tempo na Roma de Adriano
Em 118, Adriano, Imperador de Roma, iniciou à construção de um novo Pantheon, na mesma localização do antigo. As construções tinham seus agrupamentos de divindades.
O Pantheon, naquela época, possuía símbolos políticos. O pavimento foi desenhado como um tabuleiro, propriedade presente nas características urbanas das novas cidades. As estátuas dos deuses foram colocadas em nichos, na parede circular.
O prédio se tornou uma igreja cristã, depois de meio milênio. Ocorrência que está atrelada a continuidade da construção, tratando-se de uma igreja, já que outras edificações não sobreviveram.
O desejo era algo que assustava os cristãos e os pagãos. As razões relacionadas, para os cristãos, tem associação com apetite sexual que desvalorizava a alma; para o pagão, significava desrespeito às convenções sociais, desmantelamento da hierarquia, caos incontrolável. Em meio a esse mundo incontrolável, os pagãos procuravam segurança no que viam na cidade, nas termas, anfiteatros e nos fóruns. Além disso, começaram a dar crédito a ídolos de pedra.
O poder imperialista de Roma e a ordem visual estavam fortemente ligados. O imperador precisava que seu poder fosse evidenciado em monumentos e obras públicas. O povo acreditava que os deuses usavam camuflagem e caminhavam entre as pessoas. Pensavam que essas divindades deixavam sinais visíveis de sua presença em toda parte, sinais que os governantes usavam para justificar seu domínio imperialista.
Havia a obcecação romana por representações plásticas de pessoas e objetos, baseados no estudo feito por Vitrúvio, sobre as simetrias bilaterais dos ossos e dos músculos, dos olhos e ouvidos. Vitrúvio conferiu que isso poderia ser traduzido na arquitetura. Desde então, os romanos começaram a projetar sua cidade com base nas regras de correspondência bilateral e privilegiando a percepção visual linear.
Foi possível observar que se relacionando com característica tranquilizadora para os romanos quanto à imagem da cidade, tinham-se figuras geométricas abstratas atemporais.
A persistência da cidade corria em sentido contrário ao tempo durante o qual o corpo humano ultrapassava fases de crescimento e decadência, planos derrotados e esquecidos, lembranças de faces obscurecidas pelo envelhecimento ou desespero. Adriano reconheceu que a experiência que o homem tem de seu corpo conflitava com a ficção do lugar chamado Roma.
Os cristãos romanos tentavam vivenciar o tempo em seus corpos, na esperança de que através da conversão religiosa o caos dos desejos deixaria de causar aflição; o peso da carne se tornaria mais leve à medida que se aproximasse do Poder imaterial. Eles achavam que quanto maior fosse sua fé, teriam uma sensação menor de que estavam presos ao lugar onde viviam. E mesmo diante disso, os devotos oravam no templo de Adriano, ressurgindo o senso de lugar e consequente diminuição da necessidade de transformar seus corpos.
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