Análise de Caso Código de ética do contador

INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta uma análise de um caso ambientado na área contábil de uma fábrica de componentes metálicos, que enfrenta restrições orçamentárias e precisa reduzir seu quadro de colaboradores. Em contrapartida a redução de pessoal, há ainda a admissão de um novo funcionário pelo Diretor da empresa, em razão de favores devidos a um amigo.

Na avaliação que segue, abordaremos a questão da ética profissional e das regras de conduta funcional, pessoal e profissional. Apesar de quase instintivas, as regras básicas de ética por diversas vezes são ignoradas, o que é lastimável, pois estas deveriam ser aplicadas com o sentido prático de definir aquilo que é certo ou errado, em se manter uma conduta firme e determinada, permeada por padrões aceitáveis focados numa conduta ética.

APRESENTAÇÃO DO CASO

 O caso relatado aborda a decisão a ser tomada pelo Contador chefe da Contabilidade da empresa Metal Quinho Ltda, Carlos Tampinha, sobre a escolha de uma funcionária que deverá ser desligada da empresa para atingir a meta de redução do quadro de pessoal, em razão das dificuldades que a metalúrgica atravessa.

Cabe ao contador optar por uma das duas Assistentes Contábeis que compõe seu quadro de colaboradores. Sabe-se que a assistente contábil 1 é muito competente, porém é pessoa de gênio difícil e fisicamente não atraente, além de deixar a desejar em muitos cuidados pessoais. Já a assistente contábil 2 possui uma competência duvidável, porém é muito bonita, uma mulher de formas exuberantes e também é a preferida de Carlos Tampinha, que acoberta as falhas cometidas no trabalho trazendo para si responsabilidades adicionais para correção das tarefas mal executadas, além disso, mantem, sem o conhecimento da empresa, um relacionamento com essa funcionária.  

Essa decisão já deveria ser tomada anteriormente, quando foi estabelecida a meta de redução do quadro de pessoal em 30% da Folha de Pagamento e o mais racional seria demitir uma das assistentes contábeis e também o contas a pagar, atingindo assim a meta estipulada pelo diretor. Contudo, para não se indispor com a assistente contábil menos competente, com quem tem um relacionamento amoroso, ele tomou uma decisão faltando com ética ao escolher demitir os estagiários ao invés dessa funcionária, indo contra a meta estabelecida e não levando em consideração a competência dos funcionários.

Outro fator decisivo nesse caso, é a contratação de um novo funcionário, indicado pelo diretor da empresa, a quem o contador é subordinado e deve acatar as decisões impostas.

A admissão da pessoa sem experiência acarretará em uma sobrecarga no trabalho dos demais funcionários do setor da Contabilidade, e é mais um exemplo onde o fator pessoal é colocado acima das necessidades e objetivos da empresa.

Lopes Sá (2000, p.40) diz que “Falar sobre Ética é falar de uma parte essencial não só na vida pessoal, como também na vida de qualquer profissional”. Com isso, o profissional precisa ter um comportamento ético invejável e que seja íntegro nas suas relações para que contribua, de forma positiva, com a imagem da profissão que exerce. O mesmo se aplica as organizações, que precisam apresentar, com clareza, suas regras morais e seus princípios básicos de conduta que devem orientar as relações interpessoais.

 Passos (2000) ressalta que “os empresários tomem consciência que só a intuição não basta, que além dela e do bom senso, precisam de preparação adequada, atualizada e objetiva, isso porque nos momentos de crise torna-se tênue o limite entre as questões morais e as técnicas, entre o que é devido e indevido, o que deve ser feito ou não ser feito, porque se a ética é direito e vontade de justiça, ela é também, arte que deve ser aprendida dia após dia”.

POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES

É extremamente importante analisar como as obrigações da empresa serão afetadas pelas decisões dos envolvidos.

Carlos Tampinha sequer chegou a uma conclusão e seu setor já foi prejudicado com o ingresso de um funcionário novato e sem experiência na área, esse novo funcionário, que ingressou na empresa por méritos não profissionais, adicionou um relevante peso a decisão de Carlos Tampinha, uma vez que além da redução do quadro, terá que lidar com um funcionário principiante, sem experiência e indicado pelo diretor da empresa, ao qual Carlos Tampinha é subordinado.

A necessidade de correções no trabalho apresentado pela Assistente protegida aumentará significativamente com a demissão da Assistente Contábil eficiente, acarretando assim em um acumulo e atraso nas tarefas sob competência de contador chefe.

 Além das implicações profissionais, o contador sujeita-se a aplicação de sanções disciplinares e coloca sua reputação como profissional a mercê de possíveis avaliações negativas, quando decide manter um relacionamento interpessoal com uma funcionária.

Decidindo-se pela demissão de sua protegida Carlos Tampinha mantém no setor uma colaboradora competente, cuja experiência será decisiva na gestão das atividades do setor ao qual Carlos Tampinha gerencia. Ademais, esta funcionária poderá auxiliar no treinamento e desenvolvimento do novo funcionário.

Em contrapeso, ao demitir sua funcionária protegida com que mantem um relacionamento amoroso, Carlos Tampinha corre o risco de comprometer esse relacionamento íntimo, já que, possivelmente, essa decisão não será compreendida pela colaboradora/amante.

ANÁLISE FINAL DO CASO

Após análise e levantamento das informações mais relevantes, chegou-se à conclusão de que a decisão de demitir a Assistente Contábil 2 (funcionária menos habilidosa), é a única alternativa moralmente aceitável e também a menos questionável dentre as opções existentes, pois, em se tratando de ética profissional, o lado pessoal não pode se sobrepor ao lado profissional, sendo assim, a decisão tem que ser tomada em cima de critérios técnicos e nunca por características físicas ou por laços afetivos criados com os funcionários.