Centro De Pesquisas E Pós-Graduação Em Administração
Por: Wilson Enes • 24/7/2024 • Resenha • 2.256 Palavras (10 Páginas) • 68 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS- UFMG.FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS.
CENTRO DE PESQUISAS E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO.
Disciplina: SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO II - DSE
Professor: Dr. Antônio Dias Pereira Filho/Aluno: Wilson Machado Enes
Resenha
A discussão sobre o aumento do envolvimento de acionistas em questões ambientais e sociais, utilizando o paradigma de governação empresarial com o objetivo de maximizar o bem-estar dos acionistas, não havendo espaço para outras questões sociais. O SWM oferece uma estrutura mais adequada para explicar e orientar o comportamento dos acionistas que buscam alinhar os objetivos financeiros com as metas de responsabilidade social e ambiental. Esse paradigma reconhece que o valor para os acionistas pode incluir mais do que apenas retornos monetários, incorporando uma visão mais holística do bem-estar e do impacto corporativo.
Em alguns casos, os acionistas estão pressionando as empresas a tomar medidas que podem reduzir o valor de mercado. É difícil entender esse comportamento usando o paradigma dominante de governança corporativa baseado na maximização do valor do acionista. Este comportamento desafia a lógica do paradigma SVM, que não tem espaço para outras questões além da maximização do valor financeiro.
Todavia, muitas críticas surgiram sob o argumento de que os gestores devem agir no interesse de outras partes interessadas, com um propósito social além de ganhar dinheiro. No início da década de 1980, num mundo mais populoso e interdependente, a importância das externalidades, e as preferências dos investidores, especialmente os mais jovens, mudou, ficando os mesmos mais sensíveis às questões ambientais e sociais.
No ano de 2021, segundo Hart & Luigi Zingales (2022) traz como exemplo a DuPont, revelando que 81% dos acionistas da aprovaram uma proposta exigindo que a empresa divulgasse quanto plástico libera no meio ambiente anualmente e, avaliasse a eficácia das políticas de poluição da empresa. Outro exemplo refere-se aos 64% dos acionistas da ExxonMobil, que aprovaram uma proposta, exigindo que a empresa descrevesse, se e como suas atividades de lobby se alinham com o objetivo de limitar o aquecimento global.
Esses exemplos mostram acionistas pressionando as empresas a fazerem coisas que podem reduzir o valor, desafiando a visão tradicional de maximização do valor para os acionistas. Muitos estudiosos argumentam que os gestores devem agir no interesse de outras partes interessadas ou que as empresas devem ter um propósito social além de ganhar dinheiro.
Essas críticas são consideradas normativas porque elas prescrevem como as empresas e seus gestores deveriam agir, baseando-se em valores e princípios éticos sobre o que é considerado um comportamento corporativo responsável. Esses estudiosos estão essencialmente sugerindo uma mudança de paradigma, onde a maximização do valor para os acionistas não seria o único objetivo das empresas.
Um aumento no valor de uma empresa aumenta a riqueza dos acionistas dessa empresa sem afetar a riqueza ou os preços de ninguém. Dessa forma é proposta uma reavaliação do paradigma dominante de governança corporativa baseado na maximização do valor para o acionista para a maximização do bem-estar dos acionistas, diante da complexidade crescente das corporações e a mudança nas preferências dos investidores, é necessário um novo paradigma de governança corporativa.
Uma governança corporativa mais equilibrada e sustentável, reflete de maneira mais adequada as complexidades e responsabilidades das empresas modernas, contribuindo para a harmonização eficaz das decisões empresariais. Uma abordagem de governança corporativa equilibrada leva em consideração as necessidades e expectativas de várias partes interessadas, incluindo acionistas, funcionários, clientes, fornecedores e a comunidade em geral. Ao reconhecer e integrar essas diversas perspectivas, as empresas podem tomar decisões mais informadas e responsáveis, que promovem a sustentabilidade a longo prazo. Empresas que demonstram um compromisso com práticas sustentáveis e responsáveis são mais propensas a atrair investidores socialmente conscientes, clientes leais e empregados motivados. Essa confiança e lealdade podem, por sua vez, melhorar a resiliência da empresa e sua capacidade de enfrentar crises e mudanças no mercado.
Destaca-se a importância de reconsiderar o paradigma da governança corporativa à luz das mudanças nas expectativas dos acionistas e das demandas sociais, enfatizando a importância de adaptar as práticas de governança, para atender às novas demandas de um mundo em constante evolução.
Assim, em 1999, foi elaborado pelo IBGC, o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, considerado um importante instrumento de consulta e referência, para organizações de diversos portes, setores, naturezas jurídicas e níveis de maturidade. O código teve como proposta apresentar diretrizes essenciais, para o detalhamento dos fundamentos da governança corporativa, contribuindo assim para o desempenho sustentável das organizações no país.
O código fornece um conjunto abrangente de princípios e recomendações que visam melhorar a eficácia da gestão e a supervisão das organizações. Ele abrange várias áreas críticas, incluindo a composição e funcionamento do conselho de administração, a gestão de riscos, a transparência e a divulgação de informações, e as relações com as partes interessadas. Através desse código é possível verificar a importância da governança corporativa para a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo das organizações, assegurando transparência, responsabilidade e equidade na gestão das empresas no cenário empresarial brasileiro.
Ao seguir estas diretrizes, as empresas podem melhorar sua governança, construir confiança entre suas partes interessadas e fortalecer sua competitividade e resiliência no mercado global. Adotar e adaptar as melhores práticas de governança é um passo essencial para qualquer organização que busca prosperar em um ambiente de negócios dinâmico e em constante evolução.
O código é organizado de forma sistemática em capítulos que abordam diferentes aspectos da governança. Estes capítulos incluem: fundamentos, sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle, e conduta. Cada capítulo desempenha um papel crucial na construção de uma governança sólida e eficaz. Nos fundamentos destaca-se a estrutura da governança corporativa, destacando a ética como um princípio essencial, derivada da interdependência que impulsiona os indivíduos a cooperarem com o desenvolvimento para o bem comum.
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