A Política e Corrupção

Política e corrupção

Na permanente discussão e inumeráveis clamores sobre corrupção na política, abundam mantras e falta análise, pesquisa das raízes, causas e significados.

Isso acontece tanto à esquerda como à direita, eufemismos fúteis como bem ilustrado na frase “o poder endireita a esquerda” do interessante filósofo brasileiro, o saudoso Carlito Maia.

Porque culpamos os políticos? Eles são apenas pessoas ambiciosas como muitos de nós, que se aproveitam de um sistema iníquo, que se tem apurado e revelado como a mais sofisticada das ditaduras, a “DEMOCRACIA”.

A carreira política e de todas as outras fatias de poder, como judiciário e forças armadas, oferece altos salários, benesses e privilégios. Foram “direitos” adquiridos ao longo do tempo e tão difíceis de modificar para baixo como fáceis de modificar para cima, pelo poder dos beneficiados. Eles existem numa bolha que não é o mundo cá fora. Mesmo sua linguagem é outra.

O auto-favorecimento está dentro de cada ser humano (“quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é burro ou não entende da arte”), ele é uma enfermidade do instinto de sobrevivência.

 

É preciso muito estudo das profundezas do ser e do significado de ser humano, para começar a perceber que nosso bem só depende do bem de todos e que a forma mais egoísta de viver, aquela em que mais lucraremos, é servir os outros.

Servir os outros é exatamente a tarefa dos políticos, mas eles entram num sistema que os conduz a servir-se dos outros. Muitos começam idealistas e bem intencionados, com uma fórmula na cabeça para melhorar o mundo, mas logo o “glamour” e as garras do poder tomam conta e aquilo que foi pensado na origem como um sacerdócio, se torna um esquema de vantagens, alianças e compromissos.

Para os políticos de que precisamos, não bastaria servir os outros, mas contribuir para manter o planeta habitável, num crescendo de felicidade e equilibrio, para nossos descendentes e a vida em geral, lutando para reverter sua progressiva aniquilação pela raça humana.

A selva nos inspirou para o mal, no “cada um por si”, mas também pode nos inspirar para o bem na sua sábia naturalidade sustentável..

É bom pensar que em qualquer negócio ou interação ambas as partes devem usufruir vantagem. O lucro de um não deve significar o prejuízo do outro. Essa situação de desequilíbrio leva a conflitos e sofrimento. Esse é o desequilíbrio no sistema de poder estatal. Seus detentores levam demasiada vantagem em relação à enorme privação dos despossuídos.

Eduardo Calvo

Escritor