A arte de argumentar

Os argumentos discutidos durante o filme são baseados nas provas e testemunhas apresentadas durante o julgamento, a principio, tudo que foi apresentado se encaixava perfeitamente e se mostrava suficiente para encerrar o caso e decretar o garoto culpado pela morte do pai. A duvida é gerada em um dos jurados que discorda dos outros jurados justificando sua posição dizendo que não julga a historia do garoto falsa ou verdadeira, e não acha justo decidir pela morte do garoto sem antes debater. A partir desse ponto o único jurado que não julga o garoto culpado, usa varios tipos de discurso argumentativo para tentar convencer seus colegas de júri do contrario, discorre sobre a vida do menino, que era pobre e viveu durante um ano em um orfanato, perdeu a mãe muito cedo e era maltratado, julgando assim que não teve um começo de vida feliz. Argumentava também que as provas não foram discutidas pelo advogado do garoto, comprometendo a legitimidade das mesmas. O desespero de alguns jurados mostra a falta de argumentos e posicionamento perante o questionamento dos colegas. O raciocínio lógico do jurado que defende desde o início a inocência do garoto foi essencial para discutir sobre a legitimidade das provas, e quanto mais lógico ele era, mais conquistava os outros jurados e através dos argumentos contrários  conseguia mostrar a incoerência do que se defendia, e assim desmontar a linha de pensamento dos contrários a inocência do garoto.

Em analise do livro ‘A arte de argumentar’ parte ‘As técnicas argumentativas’ podemos observar juntamente com o filme a presença dos argumentos quase lógicos de compatibilidade ( quando a adesão inicial é compatível com a tese principal ) e incompatibilidade ( quando a adesão inicial não é compatível com a tese principal ), a presença do sentido de justiça mostrado quando um dos jurados discorre sobre a necessidade de debate entre eles para decidir sobre a vida ou morte do réu, o uso da retorsão em vários casos como na contestação dos argumentos a favor da culpa do réu, o ridículo quando se deixam acreditar que uma senhora sem óculos consegue enxergar, através dos vagões do trem, o garoto matando o pai, isso a aproximadamente 18 metros de distancia; também é observável o uso de argumentos fundamentados na estrutura do real, usando argumentos baseados no ponto de vista, a opiniões diversas ao fato, isso ocorre o tempo todo durante o filme, pois quando se propõem debater o crime os jurados expõem seus pontos de vista

AS TÉCNICAS ARGUMENTATIVAS

São fundamentos que estabelecem a ligação entre as teses de adesão inicial e a tese principal. Essas técnicas de dividem em argumentos quase lógicos e os argumentos fundamentados na estrutura do real.

• Argumentos quase lógicos

- regra de justiça: é um argumento de justiça, fundamentado na importância de um precedente, no filme esse tipo de argumento fica claro quando um dos jurados propõe aos outros debaterem sobre a sentença que deve ser aplicada ao menino, levando em consideração a vida infeliz que ele teve desde novo ( com a morte da mãe, o orfanato, a pobreza) o garoto merecia que os jurados perdessem um tempo com aquela  causa.

- retorsão: é a replica feita utilizando os argumentos do interlocutor, exemplo disso quando um dos jurados fala da dificuldade do senhor de caminhar, e então levanta-se a questão de como ele teria conseguido caminhar a porta a tempo de confirmar que o menino descia as escadas correndo após matar o pai.

- ridículo: é a criação de uma situação irônica ao se adotar um argumento do outro, exemplificado quando um dos jurados ironicamente diz que a faca que o menino portava caíra do bolso enquanto ele caminhava, e o outro jurado supõe que era possível.

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