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A educação especial e a educação inclusiva: compreensões necessárias

Por:   •  22/10/2019  •  Resenha  •  17.036 Palavras (69 Páginas)  •  292 Visualizações

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FICHAMENTO

ROZEK, Marlene. A educação especial e a educação inclusiva: compreensões necessárias. Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v. 17, n. 1, jul. 2009.

O mundo moderno, ao separar a natureza da cultura, ou da sociedade, estabeleceu, acima de tudo, uma forma de raciocinar e de compreender o mundo, ou melhor, os mundos, natural de um lado, e social, do outro. (ROZEK, 2009, pág. 1)

                Por entender se tratar de um fator de perturbação da racionalidade da ciência, anula do conhecimento todo elemento não cognitivo. Elementos como paixão é incompatível com o conhecimento cientifico, uma vez que, sua presença na natureza humana incapacita o homem pensar racionalmente. De modo que essa relação homem/natureza proporciona ao indivíduo a sensação de dominação sobre a natureza e o mundo.

A Modernidade, descrita por Foucault (1989) e Bauman (1998) como sociedade disciplinar ou normalizadora pode ser compreendida como um ambiente de sucessivos confinamentos, cada qual com suas próprias leis e sanções disciplinadoras. A instituição da norma absolutiza atitudes e pensamentos e o controle passa a ser uma questão de estar “dentro” ou “fora” dos padrões estabelecidos como normas. Assim, no cenário do mundo moderno, “a exclusão social se manifesta como formação ideológica dominante, onde o sujeito com deficiência é o principal personagem, já que os seres humanos são calcados na dicotomia de certo e errado, bom ou ruim, normal ou anormal. (MARQUES; MARQUES, 2003, p. 227).        

Sendo essa socialização realizada de forma eficiente, o indivíduo torna-se vigia de seus próprios comportamentos e rende-se ao olhar sancionador do outro, gerando sua eficiência pratica, simultaneamente o homem é vigilante e vigiando. Criado critérios de pertencimento e não pertencimento à normalidade a sociedade avalia e posiciona membros conforme padrões por ela definidos, isolando quem desvia do que é entendido como normal. Assim pessoas com deficiência é entendido como não ajustamento aos padrões definidos como normais. Esses entendimentos são necessários para compreender os movimentos de Inclusão/Exclusão a que estamos submetidos dia a dia.

A educação inclusiva, enquanto conceito e proposta institucional, teve avanços significativos ao longo dos anos 90 do século XX, provocados por dois movimentos importantes, a saber: a Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em Jomtiem, Tailândia, em 1990 e a Conferência Mundial de Educação Especial, realizada em 1994, em Salamanca, Espanha, de onde se originou o documento” (ROZEK, 2009, pág.7)

O direto de todos à educação, assim como reconhecer as desigualdades estabelecidas na sociedade capitalista tema proposto na Declaração de Salamanca, e evidencia o dever da escola resolver as desigualdades, e a medida em não dispõe a produção de aprendizagem, consequentemente a criança terá dificuldade e deficiência no estudo. Ao propor educação inclusiva, reconhece o fracasso da educação escolar na modernidade, sendo que não inclui socialmente todos os indivíduos. A estratégia e programas pedagógicos, no discurso da educação inclusiva, para eliminar a exclusão tende igualar a diferença sem reconhecê-la o que esvazia e enfraquece o próprio ato educativo.

A mensuração da inteligência permitiu estabelecer o que é normal ou anormal em termos de desenvolvimento mental. Ao se comparar respostas a tarefas e problemas apresentados, situa-se a criança numa classificação que acaba funcionando como etiqueta, que aponta não só o lugar da criança no contexto educacional, como também, define seus limites e suas possibilidades. Esses alunos são diferenciados, a partir de um traço isolado e, por isso, excluídos do contexto da infância normal. (ROZEK, 2009, pág. 11)

        A criação de testes e instrumentos para avaliar a idade mental e classifica-la conduziu à exclusão de inúmeras crianças, afim de separá-las das demais adjetivados como deficientes mentais, excluindo definitivamente a criança da inserção social.

 

No início dos anos 60, inicia-se na Europa, um movimento baseado na ideia de que o sujeito deficiente mental deve desenvolver uma vida da forma mais “normal” possível. Este conceito de normalização se populariza e chega às escolas sob o título de Integração, cujos preceitos principais eram a aceitação da diferença em todas as suas manifestações e um conjunto de preceitos legais que situavam o direito de todo cidadão à vida normal” (ROZEK, 2009, pág. 11)

        Assim, introduz no âmbito escolar que toda pessoa é capaz de aprender, integrando o aluno com deficiência no ensino regular, recebendo da própria escola apoio e recursos especiais para seu total desenvolvimento. Entretanto devido a resistência do ponto de vista da escola e por parte dos grupos familiares implicou a revisão deste modelo, de forma a sistematizar um novo modelo padrão na educação – o da inclusão, todavia agora a escola deve se adaptar a todos os alunos.

        O fato de que a educação não pode receber o a função de inclusiva, uma vez que, o homem em sua essência e humanidade, ela já é inclusiva, sendo a exclusão um processo cultural, que impede o lugar do indivíduo na obtenção ao direito de ser cidadão.

        Acredita-se que a inclusão e exclusão não são contraditórias, mas geradoras uma da outra, produzindo episódios ameaçadores para os sujeitos e para os excluídos. Elementos como tolerância, benevolência, humildade são essenciais para a inclusão, sendo que os limites que dividem quem exclui e quem é excluído estão cada vez mais tênues.

A educação tem sido terreno fértil para muitos modismos que, a todo momento,propagam novas técnicas, novas pedagogias, novas estratégias e autores para dar conta dos problemas cotidianos que atravessam o universo escolar. Estes modismos, assim como geram excluídos em virtude da “aplicação” de práticas salvadoras na escola, trazem também a exaltação da diferença como algo exótico, que se manifesta em alguns tipos tidos como esquisitos, coloca-os na vitrine, garantindo para a escola o status de instituição “inclusiva. (ROZEK, 2009, pág. 15)

        O momento exige participação da escola, entretanto e necessário avaliar o modo de pensar e fazer educação, tarefa profunda por natureza, uma vez que, em sala de aula não se escolhe por afinidade, convicções ideológicas, religiosas ou relações familiares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ROZEK, Marlene. A EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: COMPREENSÕES NECESSÁRIAS. Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v. 17, n. 1, p. 164-183, jul. 2009.

SANTOS, B.S. Introdução a uma ciência pós-moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1989.

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